Darío Brooks - BBC News Mundo
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Contra o coronavírus, a primeira-ministra Jacinda Ardern colocou em
marcha o que classificou como 'a restrição mais dura à movimentação na história
moderna da Nova Zelândia'
O volume de casos de infecção pelo novo coronavírus não tem sido muito
diferente na Nova Zelândia do que em outros países do mundo.
Mas surpreende uma desaceleração recente no aparecimento de novos casos
da covid-19 e,
principalmente, o número de mortes desde o início da pandemia: apenas uma.
Uma explicação pode ser que o governo, liderado pela primeira-ministra
Jacinda Ardern, tomou decisões consideradas mais agressivas do que outros
países desenvolvidos, como o confinamento de toda a sua população por um mês e
o fechamento total de fronteiras.
Também foi um diferencial o fato destas medidas terem sido tomadas desde
o início dos casos e a noção de que se buscava não a "mitigação" da
doença, mas sim sua "eliminação" na medida do possível.
O que significa o objetivo não de achatar a curva, mas de destruí-la.
"Se for bem-sucedido, o plano aponta para uma rota de saída clara,
com um retorno cuidadoso às atividades normais", diz um artigo científico
sobre a estratégia da Nova Zelândia publicado por um grupo liderado pelo
epidemiologista Michael Baker.
No entanto, especialistas da Universidade de Otago são cautelosos em
comemorar vitória, já que ainda não há tempo nem dados para consolidar os
resultados.
Uma única morte
Os primeiros dias de abril indicam que o país está no caminho certo.
Na quinta-feira (9), havia 992 casos confirmados de covid-19 na Nova
Zelândia. Era 28 de fevereiro quando o primeiro foi detectado.
A única morte no país, a de uma mulher idosa que contraiu o vírus no
exterior, aconteceu em 29 de março.
Mas o total de casos, por outro lado, registrou um aumento notável nas
últimas duas semanas, passando de 189 casos em 25 de março para quase 1.000 em
9 de abril, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).Ver as imagens
Além da recuperação de quase 300 pacientes e do registro de apenas uma
morte, o que gera esperanças de que a estratégia de "eliminação" da
doença esteja funcionando é a diminuição do aparecimento de novos casos.
Na comparação com as 76 novas infecções registradas em 2 de abril, por
exemplo, houve queda constante até se chegar aos 23 nesta quinta-feira.Ver as imagens
A queda em novos casos. De 2 a 9 de abril, foi observado um descréscimo
notável em novos casos de coronavírus na Nova Zelândia. . .
Qual é a estratégia
pela 'eliminação'?Ver as imagens
Restrição de circulação foi reforçada por linha direta com a polícia
para denúncia contra quem burlou regras. Na estratégia de mitigação, aplicada em países como os Estados Unidos,
as medidas e restrições aumentam conforme a epidemia progride, buscando
"achatar a curva". Por outro lado, a estratégia de "eliminar" a curva
"inverte esta ordem, em parte introduzindo medidas mais agressivas no
início", diz o artigo publicado pela equipe de Baker.
"Essa abordagem mira no controle de fronteiras (...) e enfatiza o
isolamento de casos e a quarentena de contatos para 'eliminar' cadeias de
transmissão", destacam.
Embora algumas destas medidas tenham sido seguidas por outros países, os
especialistas apontam cinco chaves indispensáveis para se obter bons
resultados:
1. Controles de
fronteira com isolamento efetivo dos passageiros;
2. Detecção rápida
através de testes generalizados;
3. Isolamento e
rastreamento de contatos;
4. Intensa promoção da
higiene e rígido cumprimento do distanciamento social;
5. Estratégia de
comunicação eficaz para a população.
Mas o que
exatamente fez a Nova Zelândia?as imagens
Ainda que o país dependa fortemente do turismo, a Nova Zelândia fechou
suas fronteiras em meados de março. O país começou a aplicar a quarentena de todos os viajantes vindos do
exterior em 15 de março. Apenas quatro dias depois, a política cresceu para o
fechamento de fronteiras. Em 23 de março, a primeira-ministra anunciou "a restrição mais dura
à movimentação na história moderna da Nova Zelândia", avançando para o
nível 4 do seu plano de contingência com duração de quatro semanas.
Ninguém pode sair de casa, exceto para comprar comida ou remédios, ou
para se exercitar nos arredores da casa. O contato é permitido apenas no
círculo doméstico e as autoridades informam constantemente como sair com
segurança. Os profissionais de serviços considerados essenciais são os únicos que
podem estar nas ruas.
"Ter uma postura forte e dentro do prazo deu ao governo e ao setor
de saúde tempo para se preparar para o pior, incluindo a instalação de estações
de teste e ampliação da capacidade hospitalar", disse à BBC News Mundo
(serviço em espanhol da BBC) a professora Ella Henry, da Universidade de
Tecnologia de Auckland.
"Em geral, os neozelandeses cumpriram as regras e os casos isolados
de mau comportamento, como reuniões ilegais e a quebra de confinamento foram
expostos e colocados sobre um constrangimento público", explica Henry, em
isolamento há três semanas.
Uma linha direta da polícia recebeu centenas de queixas de vizinhos
apontando para quem estava violando as regras.
O próprio ministro da Saúde, David Clark, foi rebaixado de cargo após
ser descoberto que ele foi à praia com a família dias após o confinamento já
ter sido ordenado.
"Em condições normais, eu teria demitido o ministro. O que ele fez
está errado e ele não tem desculpas. Mas agora minha prioridade é nossa luta
coletiva contra a covid-19", disse a primeiro-ministra em comunicado. er as imagens
Titular da saúde na Nova Zelândia, David Clark foi rebaixado de cargo
após ser visto em praia com a família durante período de confinamento
Um modelo a ser
seguido?
A geografia da Nova Zelândia também é parte do aparente sucesso do país
em conter a doença. Sendo uma nação composta por duas grandes ilhas, já havia um bom
controle das fronteiras estabelecidas.
Além disso, ter uma população de 4,8 milhões de habitantes significa que
as autoridades têm maior controle e que as pessoas também exercem uma vigilância
uma sobre as outras.
Um país com características semelhantes poderia buscar também a
estratégia de "eliminação", mas as medidas teriam que ser tomadas
antes do aparecimento de transmissões comunitárias (aquelas não relacionadas à
importação da doença por viajantes).
"O bloqueio tem grandes custos sociais e econômicos e provavelmente
será particularmente difícil para aqueles com menos recursos", diz Baker e
sua equipe.
O governo lançou programas de apoio financeiro a empresas e
trabalhadores autônomos, os pagamentos de hipotecas foram suspensos e até as
famílias de baixa renda receberam dispositivos para acessar a Internet.
Em outros países com outras condições, este tipo de auxílio pode ser
difícil de ser sustentado, mas "ilhas" de estabilidade podem ser criadas,
diz Henry.
E enquanto alguns neozelandeses já comemoram a resposta rápida de seu
país, a equipe de Baker alerta que o país não está a salvo de uma piora.
"O êxito da
estratégia de eliminação está longe de ser certeiro na Nova Zelândia."
EM TEMPO; No Brasil é diferente, uma vez que o próprio Presidente, não faz a sua parte. Pelo contrário, atrapalha e confunde a população. Além dos desacertos com o Ministro da Saúde, ameaçando-o, a toda hora, de demiti-lo.
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