25
de março de 2020
Um Partido forjado e temperado nas lutas do nosso povo e da classe
trabalhadora
“Heroica e já
gloriosa história! A história deste Partido está escrita nas costas lanhadas
dos seus militantes, nos muros das cidades, nos cárceres imundos, no sangue dos
sacrificados, nas rugas, nos cabelos brancos de todos os que o construíram
através da ilegalidade, as perseguições, a luta mais áspera, a reação mais
violenta.
Eis que o Partido surge das catacumbas para a luz do dia! Novas e
maiores responsabilidades. A criança cresceu, oh! operários, o vosso filho
criado à custa do vosso sangue e do vosso sacrifício fez-se homem e vai partir
por entre o povo. Nunca jamais foi tão grande a vossa responsabilidade, a nossa
responsabilidade, de cada um dos militantes”.
(Jorge Amado – Homens
e Coisas do Partido Comunista – 1946)
Na ocasião do seu 98º
aniversário, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) se depara com uma triste e
adversa realidade para o conjunto da classe trabalhadora brasileira e mundial.
Estamos vivendo uma
forte crise epidemiológica causada pelo coronavírus. O Covid-19, que somente no
Brasil já é responsável por mais de 2 mil casos e cerca de 40 mortes, tem um
cúmplice também devastador: o sistema capitalista.
Os ataques contra a
saúde pública em todo o mundo debilitaram a capacidade de resposta rápida e de
tratamento a todos, vulnerabilizando de forma mais incisiva os trabalhadores em
todo o mundo. Mas, se de um lado vemos os impactos devastadores do liberalismo
na saúde, por outro, testemunhamos a superioridade tecnológica, científica e
social dos países de economia planejada no combate à doença, a exemplo da
China, que superou a crise através do trabalho coletivo e planificado, e Cuba
Socialista, que exporta solidariedade ao centro da crise italiana com seus
médicos.
A crise econômica,
política e epidemiológica escancara a que ponto o capitalismo fragiliza a saúde
e a vida de trabalhadoras e trabalhadores, mas a solidariedade, a amizade entre
os povos, o internacionalismo, a planificação e o planejamento em prol do bem
comum provam que a alternativa à barbárie se encontra no socialismo.
Reivindicando essa
tradição e essa perspectiva, o PCB celebra seus 98 anos de fundação.
O PCB é fruto da luta
dos trabalhadores em todo o mundo, inclusive no Brasil. Sua fundação se deu no
clarão da Revolução Russa de 1917, que iluminou a luta do proletariado mundial,
e se deu também como fruto da formação e evolução da classe trabalhadora
brasileira, que começava a experimentar seu amadurecimento social e político.
Fundado em 25 de
março de 1922, o PCB nasceu como resultado da articulação e mobilização de
diversas organizações comunistas inspiradas na Revolução Soviética e também
filhas do rico processo de desenvolvimento social brasileiro que havia gestado,
desde o final do século XIX, com a formação dos primeiros estabelecimentos
industriais, sua classe operária. No início do século XX os trabalhadores
organizavam suas primeiras associações, federações e confederações, mobilizavam
greves e lutas. Parcela destacada do operariado vivenciou a experiência das
ideias e práticas anarquistas e se encontrou no comunismo.
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Ao pleitear
participar da Internacional Comunista, criada sob a liderança de Lênin em 1919,
os comunistas brasileiros, tendo sua organização aceita em 1924, adotaram e
registraram o nome de Partido Comunista – Seção Brasileira da Internacional
Comunista. Em seguida, foi adotado o nome Partido Comunista do Brasil (PCB) e,
posteriormente, em setembro de 1960, durante seu V Congresso, a legenda passou
a se denominar Partido Comunista Brasileiro, mantendo a histórica sigla PCB. Em
18 de fevereiro de 1962, uma dissidência do PCB de inspiração maoísta fundou o
Partido Comunista do Brasil (PC do B).
Ainda nos anos sessenta, em função de
divergências em torno das formas de enfrentamento à ditadura empresarial
militar imposta pelo golpe de 1964, foram formados grupamentos guerrilheiros
compostos por dirigentes e militantes oriundos do PCB, tais como a Ação
Libertadora Nacional (ALN), a Corrente Revolucionária, o Movimento
Revolucionário Oito de Outubro (MR-8) e o Partido Comunista Brasileiro
Revolucionário (PCBR). Em 19 de março de 1992, uma dissidência oportunista, que
tentou liquidar o PCB, fundou o Partido Popular Socialista (PPS), que se tornou
legenda de aluguel da direita mudando o nome para Cidadania.
O PCB foi a primeira
organização partidária de caráter nacional, pois até então no país os partidos
eram regionais e municipalistas. Foi a primeira agremiação política que ousou
pensar o Brasil como uma nação e não como um amontoado de interesses
particulares e regionais e particulares. O PCB buscou entender a formação
social brasileira e, com base em análises fundamentadas nas referências
teóricas do marxismo-leninismo e das contribuições originais de intelectuais e
militantes como Astrojildo Pereira, Octávio Brandão, Caio Prado Jr., Alberto
Passos Guimarães, Nelson Werneck Sodré, Heleieth Saffioti, Jacob Gorender,
Frank Svensson, José Paulo Netto, Zuleide Faria de Mello e tantos outros,
buscou construir seu caminho revolucionário.
Ao longo de sua história o PCB
viveu longos períodos de ilegalidade, sobreviveu à clandestinidade e a
perseguições. Entre 1973 e 1975, um terço do Comitê Central foi assassinado
pela repressão, e centenas de militantes foram submetidos à tortura, alguns até
a morte, dentre os quais o jornalista Vladimir Herzog e o operário Manuel Fiel
Filho.
Nem a mais brutal
repressão, tampouco o colapso do socialismo nos países do Leste Europeu foi
capaz de impedir a continuidade da nossa organização, que se reconstruiu
revolucionariamente. Hoje o PCB vive a consolidação do processo de sua
reconstrução. Estamos presentes em todo o país, atuamos nos movimentos
sindicais, populares e de juventude e, mesmo sendo o mais antigo partido do
país, somos a mais jovem e atual organização política brasileira, pois nosso
programa apresenta o que há de mais avançado no Brasil e no mundo.
Somos um
partido de trabalhadores do campo e da cidade, somos homens, mulheres, negros e
negras, indígenas, lgbts e jovens, construindo o futuro a partir das lutas
presentes e inspirados nas ações de milhares de militantes ao longo da história.
Somos um Partido que
tem como princípio o internacionalismo proletário e pratica a solidariedade
internacionalista atuando nas principais entidades de solidariedade
internacional. O PCB, a União da Juventude Comunista, a Unidade Classista e o
Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro participam do Movimento Continental
Bolivariano, das atividades da Federação Mundial das Juventudes Democráticas
(FMJD), da Federação Democrática Internacional das Mulheres (FDIM), da
Federação Sindical Mundial (FSM) e, juntamente com os principais partidos
comunistas dos cinco continentes, constrói anualmente o Encontro Internacional
de Partidos Comunistas e Operários (EIPCO).
No cenário atual de
avanço dos ataques da ultradireita, é hora de fortalecer o PCB, vanguarda
histórica do proletariado brasileiro. Devemos combater firmemente o
anticomunismo e assumir cada vez mais nosso protagonismo nas lutas políticas,
socioeconômicas e culturais da classe trabalhadora, dos movimentos populares e
da juventude.
Neste novo período de lutas o PCB, sua corrente sindical (Unidade
Classista), sua juventude (União da Juventude Comunista) e seus coletivos
partidários (Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro, Coletivo Minervino de
Oliveira e Coletivo LGBT Comunista) devem estar preparados, nos domínios
teórico, político, organizativo e estrutural, para combater a ofensiva do
capital contra a classe trabalhadora, barrar o crescimento do fascismo e buscar
promover a mais ampla unidade de ação com as diversas forças políticas e sociais
democráticas, anti-imperialistas e anticapitalistas para derrotar o governo
ultraliberal de Bolsonaro/Mourão e seus aliados. Desta forma pavimentaremos o
caminho necessário para a construção do Bloco Revolucionário do Proletariado na
perspectiva do Poder Popular e da Revolução Socialista Brasileira.
Exaltando a memória
de bravas e bravos lutadores como Minervino de Oliveira, Luiz Carlos Prestes,
Olga Benário, Leôncio Basbaum, Elisa Branco, Gregório Bezerra, Carlos
Marighella, Ana Montenegro, Dinarco Reis, Giocondo Dias, Claudino José da
Silva, Graciliano Ramos, Aparício Torelli, Mario Schemberg, Nise da Silveira,
Antonieta Campos da Paz, Laura Brandão, Oscar Niemeyer, Vianinha, Osvaldo
Pacheco, Roberto Morena, Adalgisa Cavalcanti, Zuleika Alambert, Davi Capistrano,
Elson Costa, Nestor Veras, Itaci Veloso, José Montenegro de Lima, Raymundo
Alves, Lucio Bellentani, Raphael Martinelli, dentre muitos que dedicaram suas
vidas à emancipação do proletariado, à cultura revolucionária e à luta pelo
Socialismo, gritamos em alto e bom som: Fomos, Somos e Seremos Comunistas!
VIVA O PARTIDO
COMUNISTA BRASILEIRO (PCB)!
VIVA O
INTERNACIONALISMO PROLETÁRIO!
PELO PODER POPULAR E
PELO SOCIALISMO!
Comissão Política
Nacional do PCB – 25 de março de 2020
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