Poder360
Cena de comercial
lançado pelo governo federal nos últimos dias com o slogan
#OBrasilNãoPodeParar. Secretaria de Comunicação Social da Presidência nega que
tenha difundido a campanha em redes sociais
A Justiça Federal
no Rio de Janeiro mandou o governo suspender a campanha “O Brasil não pode parar”,
que incentiva a população a deixar o isolamento social durante a pandemia da
covid-19, causada pelo coronavírus. A decisão foi
assinada pela juíza Laura Bastos Carvalho, em regime de plantão, no começo da
manhã deste sábado (28.mar.2020). Ela aceitou parte dos pedidos do Ministério
Público Federal em ação civil pública. Leia
a íntegra (264 Kb) da
decisão. Eis a íntegra da ação do MPF.
O governo contratou
por R$ 4,8 milhões a agência iComunicação para
produzir a campanha e cuidar de outros serviços digitais. A contratação foi
classificada como “emergencial” e realizada sem licitação. A campanha “O
Brasil não pode parar” está em consonância com o que o presidente da República,
Jair Bolsonaro, tem dito sobre o
coronavírus. Ele tem minimizado os riscos da pandemia.
Bolsonaro defende
que as pessoas fora dos grupos de risco devem continuar suas vidas,
trabalhando. As medidas restritivas ficariam apenas para idosos e portadores de
comorbidades. Técnicos em saúde
dizem a melhor maneira de conter o avanço da doença e evitar o colapso do
sistema de saúde é manter as pessoas em casa sem contato umas com as outras.
Na decisão, a juíza
escreveu:
“Verifica-se que o
incentivo para que a população saia às ruas e retome sua rotina, sem que haja
um plano de combate à pandemia definido e amplamente divulgado, pode violar os
princípios da precaução e da prevenção, podendo, ainda, resultar em proteção
deficiente do direito constitucional à saúde, tanto em seu viés individual,
como coletivo. E essa proteção deficiente impactaria desproporcionalmente os
grupos vulneráveis, notadamente os idosos e pobres.”
Ela afirma que
ficou demonstrado o risco na veiculação da campanha.
SECOM NEGA HAVER CAMPANHA
A Secretaria de
Comunicação da Presidência da República afirmou que o vídeo foi feito “em
caráter experimental” e teve “custo zero”. Também negou
que haja uma campanha. Leia a íntegra de nota divulgada pelo órgão:
“A Secretaria
Especial de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) informa que,
com base em vídeo que circula desde ontem nas redes sociais, alguns veículos de
imprensa publicaram, de forma equivocada e sem antes consultar a Secom sobre a
veracidade da informação, que se tratava de nova campanha institucional do
Governo Federal.
Trata-se de vídeo
produzido em caráter experimental, portanto, a custo zero e sem avaliação e
aprovação da Secom. A peça seria proposta inicial para possível uso nas redes
sociais, que teria que passar pelo crivo do Governo. Não chegou a ser aprovada
e tampouco veiculada em qualquer canal oficial do Governo Federal.
Cabe destacar, para
não restar dúvidas, que não há qualquer campanha do Governo Federal com a
mensagem do vídeo sendo veiculada por enquanto, e, portanto, não houve qualquer
gasto ou custo neste sentido.
Também se deve
registrar que a divulgação de valores de contratos firmados pela Secom e sua
vinculação para a alegada campanha não encontra respaldo nos fatos. Mesmo
assim, foram alardeados pelos mesmos órgãos de imprensa, que não os checaram e
nem confirmaram as informações, agindo, portanto, de maneira irresponsável.”
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