Juan Guaidó tenta pular a grade do Parlamento venezuelano, no domingo
passado. Os outros deputados da oposição (alguns do seu partido) entraram pela
porta da frente, mas o pau mandado de Washington preferiu o «show» para se vitimizar.
Créditos / Pinterest.
Apesar do circo,
Guaidó deixou de ser presidente da Assembleia Nacional
AbrilAbril
O fantoche de
Washington, que há um ano se autoproclamou «presidente interino», perdeu no
domingo passado o assento na presidência do Parlamento, num processo que
evidencia grandes divisões no seio da oposição.
A Assembleia Nacional
(AN) da Venezuela elegeu, no dia 05 de janeiro, para o período 2020-2021, uma
nova direção, ainda dominada pela oposição ao chavismo, mas sem Juan Guaidó e
na qual prevalece a vontade de levar a cabo um trabalho «a serviço dos
venezuelanos», de «reconciliar o povo» e «evitar ações violentas ou
confrontos», segundo afirmou o segundo vice-presidente, José Gregorio Noriega.
Para a presidência da
AN foi eleito Luis Parra, que denunciou os entraves colocados ao processo de
eleição pelo ex-presidente, Juan Guaidó, uma vez que a oposição se encontrava
dividida e o autoproclamado não ia alcançar os votos necessários à reeleição.
Em declarações à
imprensa, Francisco Torrealba, membro do Partido Socialista Unido da Venezuela
e líder do Bloco da Pátria (que inclui forças políticas que apoiam a Revolução
Bolivariana), sublinhou que, com esta nova direção, a AN poderá reentrar na
ordem constitucional do país – uma vez que ainda se encontra em situação de
«desobediência jurídica» perante o Supremo Tribunal de Justiça.
Sobre a ausência de
Juan Guaidó na AN, Torrealba – um dos deputados chavistas que voltaram a ocupar
os seus assentos em setembro último, após um acordo entre o governo e setores
da oposição – afirmou que se tratou de um fato «inédito mas previsível, já que
Guaidó não tinha os votos para ser reeleito», e destacou a «divisão existente
no seio da oposição».
Torrealba disse ainda
que a nova mesa, apesar se ser constituída por elementos da oposição, «responde
aos interesses do país e não acata ordens da administração dos EUA», tendo por
isso considerado que se inicia uma nova etapa, conforme divulga a Prensa
Latina.
Também presente na
sessão, esteve o secretário-geral do Partido Comunista da Venezuela, Oscar
Figuera, tendo expressado no final à imprensa que este processo abre as portas
«à recuperação da legitimidade do Parlamento».
Acrescentou ter
testemunhado uma importante «fratura» na oposição e disse ter apoiado este
setor – com o qual mantém «importantes divergências» – porque se opõe aos
«entreguistas» e defende «a soberania do país» face ao intervencionismo
imperialista norte-americano.
O «show» de Guaidó
Entretanto, no lado de fora, o mandado de Washington, a quem os correligionários
da oposição fazem graves acusações de corrupção, tentou fazer parecer que os
guardas da «ditadura de Maduro» o estavam a impedir de entrar na AN, de tal
modo que até chegou a subir por uma vedação acima.
Contudo, registros
videográficos mostram que, ao falar com efetivos da Guarda Nacional
Bolivariana, é Guaidó quem se recusa a entrar nas instalações parlamentares a
não ser que Gilberto Sojo, deputado que o acompanha, sobre o qual pendem
diversos processos e que se encontra inabilitado, pudesse entrar também. Mas
esse, como Guaidó bem sabia, estava impedido de entrar.
Depois deste
episódio, o autoproclamado há cerca de um ano realizou uma ação em que é
especialista: uma assembleia «paralela», nas instalações do jornal pró-oposição
El Nacional, onde foi «reeleito» pelos seus apoiantes, segundo indica a RT.
Apesar de tudo isto,
figuras como a autoproclamada na Bolívia – Jeanine Áñez – e o secretário de
Estado dos EUA, Mike Pompeo, já deram os parabéns a Guaidó pela sua
«reeleição», com críticas a Maduro.
Na sua conta de
Twitter, o ministro venezuelano dos Negócios Estrangeiros, Jorge Arreaza,
denunciou a tentativa de os EUA «prolongarem a ficção de um governo falso e
inexistente», bem como o «fracasso completo» da «estratégia do golpe» em 2019.
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