sábado, 16 de novembro de 2019

Caso Marielle: Élcio de Queiroz visitou condomínio de Bolsonaro 12 vezes


Poder360


© Reprodução/Instagram @marielle_franco A vereadora Marielle Franco (Psol-RJ) foi assassinada em 14 de março de 2018

O ex-policial militar Élcio de Queiroz, suspeito de participar do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ) e do motorista Anderson Gomes, foi ao condomínio Vivendas da Barra, onde o presidente da República, Jair Bolsonaro, tem uma casa, ao menos 12 vezes de janeiro a outubro de 2018. Marielle foi assassinada em março do ano passado.

As planilhas de entrada e saída do condomínio, de posse da Polícia Civil, foram acessadas pela Folha de S.Paulo. Segundo o jornal, de 11 das 12 idas, Élcio foi em direção à casa do ex-policial Ronnie Lessa –acusado de ser autor dos disparos que mataram Marielle e Anderson. A única vez em que Élcio não foi à casa de Lessa foi, justamente, no dia do assassinato da vereadora: 14 de março. Segundo a planilha, na data, Élcio foi autorizado a ir até a casa 58 –onde mora Bolsonaro e que, na época, era deputado federal.

Segundo o jornal, Élcio foi à casa 65, de Lessa, pelo menos 3 dias antes do crime: em 11, 15 e 18 de fevereiro. Outras 8 entradas foram registradas depois da data do assassinato (19 de março, 14 de abril, 16, 26 e 29 de maio, 9 e 11 de junho e 6 de outubro). A única diferença na planilha no dia em que Élcio foi à casa 58, de Bolsonaro, é que o espaço em que o porteiro escreve quem autorizou a entrada estava em branco. Os documentos apreendidos também mostram que há ao menos 4 porteiros no condomínio, que se dividem em horários de plantão. O porteiro que mencionou Bolsonaro no caso estava trabalhando em 14 de março –dia do crime– e em 6 de outubro.

ENTENDA

O nome de Jair Bolsonaro foi mencionado em depoimento de 1 dos porteiros do condomínio onde o capitão da reserva do Exército e 1 dos investigados pelo assassinato de Marielle têm casa, no Rio de Janeiro. Segundo o depoente, o suspeito Élcio de Queiroz teria interfonado a Bolsonaro no dia do crime, mas na verdade visitou a casa do ex-policial Ronnie Lessa, acusado de ser autor dos disparos que mataram Marielle e Anderson. De acordo com o porteiro, a entrada de Élcio foi autorizada por alguém cuja voz ele julgou ser de Bolsonaro. O depoimento foi revelado em reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou em 2 de novembro que pegou a gravação das ligações da portaria para evitar adulteração no conteúdo. Partidos da oposição e a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) entraram com ação no STF contra o presidente, o acusando de obstrução de Justiça.

aparição do então deputado federal Jair Bolsonaro num vídeo da TV Câmara, às 20h05, em sessão de 14 de março de 2018, dia em que a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e o motorista Anderson Gomes foram assassinados, praticamente enterra a possibilidade do atual presidente ter atendido o interfone de seu condomínio naquela data. A única chance é se tiver usado serviço de atendimento remoto.
A Polícia Federal no Rio de Janeiro abriu inquérito em 6 de novembro para apurar se houve falso testemunho no depoimento do porteiro que citou o nome do presidente Jair Bolsonaro aos investigadores do caso.


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