Matheus Pichonelli, Yahoo
Notícias
Bolsonaro
publica vídeo inusitado em redes sociais - Foto: Reprodução/Twitter
O presidente Jair
Bolsonaro compartilhou em seu Twitter, na última segunda-feira, dia 28, um
vídeo em que aparece como um leão cercado de hienas e outras espécies inimigas.
O vídeo nomeava um
a um os que adversários que tentam devorar o rei da selva, salvo
por um pedido animalesco de apoio irrestrito à sua majestade. Estão lá o STF, a
CNBB, os jornais, os partidos políticos, inclusive o PSL, pelo qual foi eleito.
A montagem, que
logo saiu do ar, foi veiculada após nova leva de áudios atribuídos a Fabrício
Queiroz, o incômodo ex-PM e ex-faz-tudo do gabinete de Flávio Bolsonaro acusado
de movimentar dinheiro suspeito e comandar um esquema de “rachadinha” no
gabinete do então deputado estadual do Rio.
A rachadinha é
como é conhecida a prática de nomear funcionários-fantasmas e morder parte do
salário para enriquecimento próprio. Entre esses funcionários suspeitos estão
parentes de milicianos, da ex-mulher do presidente e até a filha de Queiroz,
que batia cartão em Brasília enquanto trabalhava como personal trainer na
capital fluminense.
No domingo foi a
vez da Folha de S.Paulo divulgar uma conversa na qual Queiroz se queixava de
abandono por parte do clã e atribuía ao Ministério Público a posse de uma “p...
do tamanho de um cometa pra enterrar na gente”.
O vídeo-resposta
veio menos de 24 horas, provavelmente pela veia criativa do vereador Carlos
Bolsonaro, responsável pelas redes do pai, e levou o decano do STF, Celso de
Mello, a afirmar que “o atrevimento presidencial parece não encontrar limites”.
Parece também não
encontrar gratidão, já que é por causa do presidente da Corte, Dias Toffoli, que
estão suspensas cerca de 700 investigações, entre elas as relacionadas ao
primogênito da família, baseadas em dados sigilosos da Receita Federal e do
antigo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), hoje chamado de
Unidade de Inteligência Financeira (UIF) e sob as barbas do Banco Central.
Isolado em uma
guerra intestina contra seu próprio partido e às vésperas de uma CPI em que
ex-aliados prometem revelar o que sabem sobre uso de máquina pública para
supostamente alimentar uma milícia digital em seu favor, Jair Bolsonaro aposta
no conflito para sobreviver ao cerco - no caso, os sistemas de freios e
contrapesos que impedem o presidente eleito de governar como autocrata.
As hienas são
todos aqueles indispostos a dar um cheque em branco ao governo, inclusive os
eleitores esperançosos que agora se interessam em saber que história é essa de
rachadinha, cometa, fábrica de fake news.
Em vez de
respostas, Bolsonaro prefere tratar e retratar como inimigo todos os que se
negam a dobrar a espinha diante de sua majestade, o “rei”.
A
visão distorcida pode ser um delírio provocado pelo jet lag de sua viagem para
o Oriente Médio, onde alimentou a “afinidade” confessada em voz alta com o
“príncipe” da Arábia Saudita Bin Salman, um ditador acusado, entre outras passagens
biográficas nebulosas, de mandar esquartejar jornalista, apoiar jihadistas e
cercear as liberdades de mulheres, homossexuais e igrejas em seu país.
EM
TEMPO: Acorda meu
povo. A começar pelo seu município.
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