segunda-feira, 7 de outubro de 2019

IGREJAS DE GARANHUNS: CENÁRIOS DE “GUERRA SANTA” DOS CONSELHEIROS TUTELARES



 Por Altamir Pinheiro

Cerca de meia dúzia de igrejas pentecostais em Garanhuns participaram da desenfreada corrida da criatura demoníaca “besta-fera”, ou quem sabe: corrida “abençoada” para eleger os seus candidatos ao Conselho Tutelar somente no interesse em ocupar um espaço estratégico na arena política sobre crianças e adolescentes, em razão disto, aconteceu essa desembestada correria. 

Entre os temas que mobilizaram as entidades pentecostais  insinua-se  essa conversa mole ou papo furado  por parte dos religiosos sobre  o controle da abordagem de questões de gênero e sexualidade nas escolas. Fazendo-se uma busca no “Feicibuque” constata-se candidatos que se apresentam como pastores pentecostais — a maioria de igrejas localizadas nos longínquos bairros, favelas  ou ponta de rua. Alguns citam passagens bíblicas no material de campanha e o compromisso que o eleitor tem com Deus. Durma-se com uma ladainha dessa!!!   

Uma das engrenagens pentecostais envolvidas nas eleições para os conselhos é a Igreja Universal do Reino de Deus daquele Bispo pobretão, amigo de Bolsonaro, um tal de Macedo. No último dia  15, a igreja publicou em seu site um artigo que tinha a seguinte manchete "CONSELHO TUTELAR: É NOSSO DEVER PARTICIPAR". "Talvez nunca na história da humanidade crianças e adolescentes tenham precisado tanto de quem defenda seus direitos, que dia a dia são desrespeitados pela mídia que expõe material inapropriado, pelos maiores de idade que os agridem de alguma forma e até pelas próprias famílias que não suprem suas necessidades básicas", diz a Universal. O texto exorta os fiéis a votar em candidatos "que, acima de tudo, tenham compromisso com Deus".  
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Recentemente,  numa reportagem  apresentada pelo  jornalista da BBC NEWS, João Fellet, ele entrevistou um especialista em direitos de crianças e adolescentes quando o profissional afirmou que,   “Conselheiros movidos pela fé ou por interesses políticos podem causar mais danos por OMISSÕES do que por AÇÕES de sua autoria. Isso porque várias de suas decisões precisam do aval do Ministério Público e da Justiça para serem concretizadas, o que limita o poder dos conselheiros. Por outro lado, caso deixem de agir em casos que avaliem contrariar suas crenças religiosas — como o de crianças vítimas de homofobia nas escolas —, eles podem perpetuar cenários de violação de direitos. 

Nessas situações, caso se comprove que descumpriram as funções, os conselheiros podem sofrer sanções e até perder o cargo”. Aliás, já houve um caso semelhante, aqui em Garanhuns, e o tal Conselheiro respondeu processo, mas não sei afirmar se foi punido ou absolvido.

E pra acabar de lascar a tampa do tabaqueiro, além da “praga” da religiosidade há também o “flagelo” da política entranhada nos porões dos Conselhos e andando de braços dados ou lado a lado para se elegerem eternos protetores das crianças e adolescentes. O conluio e a semelhança são fatos tão gritantes que,  em vários aspectos, a campanha para conselheiro tutelar se assemelha a uma disputa por cargos legislativos. Candidatos criam páginas em redes sociais para pedir votos, divulgar atividades de campanha e exibir vídeos com apoiadores ilustres. 

Muitos que se elegem como conselheiros posteriormente concorrem a vereadores, e é comum que esses parlamentares municipais recompensem cabos eleitorais apoiando-os na disputa para conselheiros. As práticas não são ilegais, mas são imorais e descompromissadas com ou  no seio da  sociedade.

Em todo este cenário ora visto, Garanhuns não se faz de rogada nem muito menos  é diferente de outras plagas, pois a  disputa está permeada por batalhas ideológicas entre pentecostais e também católicos, além de algumas entidades progressistas e a poluição dos cerca de 20   partidos políticos em atividades no município. 

Aqui em Garanhuns, embora organizações religiosas tenham sempre participado dos pleitos, o fenômeno vem se intensificando nas últimas duas eleições do Conselho Tutelar,  à medida que igrejas expandem assustadoramente sua atuação política e ocupam espaços em órgãos públicos. São diversos ou inúmeros os candidatos que se apresentam como pastores, padres, beatas e fiéis que  citam passagens bíblicas nas redes sociais.  

Em termos de Brasil e por  razão de sua esposa ser evangélica praticante e fanática declarada, o atual presidente tem um amancebo com esse povo. Aliás, o Bolsonaro não tem a mínima ideia, mas  é primordial a separação ESTADO e IGREJA. A propósito, o  que essa gente de templos religiosos, seja qual for, tem que meter o bedelho nos Conselhos Tutelares?!?!?! Sinceramente, a poluição de candidatos piedosos e tementes a Deus são tantos que não está no gibi!!! Isso é um perigo, e precisa ser acompanhado com olhos de lupa esses MORALISTAS RETRÓGRADOS nos conselhos tutelares. 

Há quem diga que  a mobilização começada na  internet nas últimas semanas, foi chamada por alguns votantes de “efeito Bolsonaro”: a polarização do país chegou até os Conselhos Tutelares, com campanhas para eleger conselheiros conservadores e fanáticos religiosos. 

O blogueiro Ronaldo César foi de uma felicidade extrema ao afirmar que Conselheiro Tutelar deveria ser cargo conquistado  através de  concurso público e não em eleição e ainda por cima  foi mais além: “Acredito que deveria ser um cargo para o qual as pessoas deveriam se preparar devidamente, com formação superior em áreas como psicologia, serviço social, direito, pedagogia e outras mais”. 

Lucidamente, o  blogueiro foi bastante taxativo quando afirmou o seguinte: “O processo eleitoral acaba politizando a escolha, podendo até se sobrepor ao real objetivo que é a escolha de um grupo de cinco conselheiros capacitados para proteção das crianças e adolescentes”.  Concordo plenamente  em número, gênero e grau com o blogueiro  Ronaldo César. Sua ideia coaduna com a minha em cheio. Acertou no alvo!!! 

Prendendo-se ao caso específico de Garanhuns, o Conselho Tutelar precisa de AGENTES TÉCNICOS CONCURSADOS e não de IGREJEIROS, a prova é tanta que nos foi apresentada uma chapa composta por 20 candidatos, donde  três  são pastores, uma outra, mulher de pastor e cinco frequentam assiduamente  igrejas pentecostais.  Não é à toa que no pleito de ontem, domingo(6), elegemos cinco pessoas (resultado extra-oficial ou não oficial), dentre elas apenas duas não pertencem as igrejas pentecostais. Quer dizer,  60% dos eleitos saíram dos preciosos votos de cabrestos dos pentecostais.




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