AFP
O
diretor executivo da HRW, Kenneth Roth, participa de entrevista coletiva em São
Paulo.
O presidente Jair
Bolsonaro está "atacando frontalmente" os direitos humanos no Brasil,
denunciou nesta quarta-feira (16) o diretor da ONG Human Rights Watch (HRW),
Kenneth Roth, denunciando as políticas de segurança e ambiental do governo
empossado em janeiro.
Para Roth, o
presidente estimularia a polícia a usar a força letal sem justificativa
adequada; tem tentado enfraquecer o poder da sociedade civil e da mídia; atacou
os defensores da floresta, deu aval à [exploração de] madeira ilegal na
Amazônia e tem minado os esforços para combater a tortura.
Essa é a primeira
vez que a HRW, uma organização internacional de defesa dos direitos humanos,
traz sua junta de diretores ao Brasil para se reunir com autoridades locais a
fim de "manifestar presencialmente nossa preocupação", disse Roth.
Embora avalie que
o Brasil "tem uma democracia forte", o advogado americano adverte que
ela está em jogo.
"Um
presidente, somente porque foi eleito, não está acima da lei. Muitos autocratas
no mundo tentam se colocar acima da lei. Dizem: 'fui eleito, não preciso seguir
a lei, não preciso respeitar os direitos humanos'", alertou durante uma
coletiva de imprensa em São Paulo.
"É assim que
emerge um governo autoritário, assim que são gerados esses tipos de ditaduras
eleitas", alertou.
Durante sua visita
ao Brasil, entre os dias 14 e 17 de outubro, os membros da HRW têm uma agenda
intensa, com reuniões com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia e
com o chanceler, Ernesto Araújo.
De acordo com
Roth, a equipe de Bolsonaro não respondeu à sua solicitação de reunião e o
governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, recusou um encontro.
Witzel tem
promovido uma dura política de segurança, multiplicando os confrontos armados
entre a polícia e os criminosos, o que muitas vezes resulta em vítimas civis.
Nos
primeiros oito meses de 2019, 1.249 pessoas morreram assassinadas pela polícia
no estado do Rio de Janeiro, um aumento de 16% em relação ao mesmo período de
2018, ano em que, no total, foram registradas 1.534 mortes.
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