ESTADÃO - Rafael Moraes Moura
© Gabriela Biló/Estadão O decano do STF, Celso de Mello
BRASÍLIA – O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Celso de Mello, disse em nota nesta segunda-feira, 28, que “o
atrevimento presidencial parece não encontrar limites”, ao comentar um vídeo publicado nas redes sociais do
presidente Jair Bolsonaro que
mostra o ex-deputado federal do PSL como
um leão encurralado por hienas.
Na lista das hienas que atacam o leão
Bolsonaro, estão o STF, a Organização das Nações Unidas (ONU), o seu partido PSL e siglas de oposição – entre as quais o PT e o PC do
B –, além da imprensa.
“É imperioso que o senhor Presidente da
República – que não é um ‘monarca presidencial’, como se o nosso País
absurdamente fosse uma selva na qual o Leão imperasse com poderes absolutos e
ilimitados – saiba que, em uma sociedade civilizada e de perfil democrático,
jamais haverá cidadãos livres sem um Poder Judiciário independente, como o é a
magistratura do Brasil”, disse o decano, em nota.
O vídeo foi postado
nas redes sociais de Bolsonaro e apagado depois. No filme, o rei da selva se
alia a outro leão, chamado “conservador patriota”, parte para o contra-ataque e
vence seus inimigos. “Vamos apoiar o nosso presidente até o fim. E não atacá-lo.
Já tem a oposição para fazer isso!”, dizem os letreiros sobrepostos às imagens
da fuga.
“O atrevimento
presidencial parece não encontrar limites na compostura que um chefe de Estado
deve demonstrar no exercício de suas altas funções, pois o vídeo que equipara,
ofensivamente, o Supremo Tribunal Federal a uma ‘hiena’ culmina, de modo
absurdo e grosseiro, por falsamente identificar a Suprema Corte como um de seus
opositores”, afirmou Celso de Mello.
Nos bastidores, a
autoria do vídeo foi atribuída ao vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho zero dois do presidente,
que gerencia as publicações do perfil do chefe do Executivo, nas redes
sociais. Desde que Bolsonaro
assumiu o Palácio do Planalto, Celso de Mello tem se tornado o principal
defensor do Supremo de ataques do governo e em defesa da liberdade de
expressão.
“Esse comportamento
revelado no vídeo em questão, além de caracterizar absoluta falta de ‘gravitas’
e de apropriada estatura presidencial, também constitui a expressão odiosa (e
profundamente lamentável) de quem desconhece o dogma da separação de poderes e,
o que é mais grave, de quem teme um Poder Judiciário independente e consciente
de que ninguém, nem mesmo o Presidente da República, está acima da autoridade
da Constituição e das leis da República”, frisou o decano.
EM TEMPO: Enquanto
a população não se politizar fica difícil alguma mudança neste país. Começa
pelos municípios.
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