quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Venezuela: uma nova fase do ataque imperialista


Secretaria de Relações Internacionais do PCB

“O aprofundamento do bloqueio: uma nova fase do ataque imperialista”. Este é o título do texto sobre a situação venezuelana que segue abaixo, escrito por Carlos Casanueva, professor de história e militante do Parido Comunista do Chile, publicado em 14/08/2019, no site El Siglo.
Devemos nos preparar para lutar nos cenários que surgem: é hora dos patriotas. Há, sem dúvida, a necessidade de levar-se em conta a situação eleitoral interna dos Estados Unidos ao analisarmos a atual situação venezuelana, já que a decisão de Trump de se reeleger em novembro de 2020 poderia estar influenciando perigosamente a estabilidade da Venezuela, provocando um aumento na pressão da ultradireita de Miami contra Cuba e Venezuela, peça-chave nas aspirações de Trump para sua reeleição.
O desespero de Trump em agradar aos setores mais recalcitrantes da direita é tão evidente, que ele não apenas não condenou o caráter eminentemente racista do massacre em El Paso, Texas, por um supremacista branco, mas também ordenou ataques em massa para a deportação de imigrantes, alguns dias após o assassinato.
Tudo isso mantendo a guerra comercial com a China, numa angustiante tentativa de cumprir suas promessas eleitorais, endossando a responsabilidade de seu fracasso para com o gigante asiático: “Presidente Xi, que é alguém de quem gosto muito, acho que ele quer fazer um acordo, mas francamente, não é rápido o suficiente. Ele disse que ia comprar dos nossos agricultores, ele não fez isso”, disse Trump há alguns dias, em uma tentativa absurda de se aproximar do setor produtivo agrícola, sob a premissa segundo a qual o setor agrícola dos EUA não conseguiu a recuperação prometida por Trump em sua campanha porque a China não cumpriu (a promessa).
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Neste contexto, o decreto de cerco comercial contra a Venezuela e a ameaça de sanções a qualquer Estado ou indivíduo que comercialize com o país chega a ser uma espécie de sinal para aqueles que pedem sanções ainda mais duras ou intervenção direta, sem levar em conta os interesses da direita política e econômica venezuelana, já que as sanções afetam não só todo o povo venezuelano, mas também empresários e operações financeiras privadas.
Diante disso, as reações na Venezuela não se fizeram esperar e não foi só o povo chavista que rejeitou essas sanções com unidade e dignidade, já que a defesa da soberania é algo muito mais transversal e definidor do ser venezuelano e venezuelana, por isso a crítica deste aprofundamento do bloqueio veio de vários setores.
Por sua parte, o presidente Nicolás Maduro decidiu suspender a terceira rodada de diálogo, em Barbados, com a oposição, revendo o mecanismo de diálogo e passando para a ofensiva revolucionária com o povo e a Assembleia Nacional Constituinte. Ordenou ao primeiro vice-presidente do PSUV, Diosdado Cabello, a revisão das medidas em resposta a este novo ataque e a preparação das estruturas do PSUV e do poder popular organizado, juntamente com todas as forças populares do Grande Polo Patriótico – GPP, para enfrentar este ataque imperialista.
É necessário salientar que, no plano internacional, a revolução bolivariana vem recebendo mais apoio tanto dos governos como dos movimentos populares e dos partidos revolucionários em todo o mundo, com importantes eventos em Caracas em julho, com a reunião dos países não alinhados, que emitiu uma declaração de apoio ao governo e de rejeição das sanções unilaterais do império, e com a XXV Assembleia do Fórum de São Paulo, que reuniu mais de 750 delegados de mais de 100 países da nossa América e do mundo.
Diante deste cenário, o povo não deve e não pode aceitar a opressão. Devemos nos preparar para lutar nos cenários que surgem: é hora dos patriotas.
Casanueva termina seu texto fazendo uma referência a um episódio da luta pela libertação do país, em que Bolivar, diante de uma ofensiva das forças espanholas, em grande vantagem numérica, contra um agrupamento pouco numeroso de libertadores liderados pelo coronel Rondón, recebeu deste a notícia de que seus comandados iriam entrar na luta, o que gerou uma força subjetiva tão poderosa entre os patriotas que transformou uma derrota iminente em uma vitória: “Rondón ainda não entrou na luta, mas se alista e se prepara no Poder Popular”. Ou seja, por mais adverso que seja o cenário, o povo tem a última palavra.


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