Folhapress, 15 de
agosto de 2019
Governo Jair
Bolsonaro (PSL) tem criticado a divulgação dos dados de desmate e afirmado que
eles podem prejudicar acordos comerciais - Foto: Pedro Ladeira/Folhapress
RESUMO DA NOTÍCIA
- Noruega
suspenderá mais de R$ 130 milhões destinados ao Fundo Amazônia
- Decisão é
motivada pelas medidas tomadas pelo presidente Jair Bolsonaro em relação ao
meio ambiente
O ministro do Clima e Meio Ambiente
da Noruega, Ola Elvestuen, anunciou nesta quinta (15) que a Noruega suspenderá
cerca de R$ 133 milhões que seria destinado para o Fundo Amazônia. Segundo
Elvestuen, o Brasil está quebrando o acordo para redução do desmatamento. A
Alemanha também anunciou, no último sábado (10), que suspenderia parte do financiamento
de proteção ambiental para o Brasil.
De acordo com declarações do ministro
norueguês ao jornal "Dagens Næringsliv", o Brasil quebrou o acordo
relacionado ao Fundo Amazônia, paralisado desde a extinção, por decreto do
presidente Jair Bolsonaro (PSL), dos conselhos que ordenam o fundo o Comitê
Orientador do Fundo Amazônia (Cofa) e o Comitê Técnico do Fundo Amazônia
(CTFA).
Elvestuen também afirma que os
números do desmatamento estão crescendo significativamente e que o Brasil
aparenta não querer parar com o desmatamento.
Recentemente, o desmatamento na
Amazônia tem crescido de modo acentuado. A destruição em junho aumentou 88% e
em julho 278% em comparação a junho e julho de 2018, segundo dados do Deter
do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Pelo aumento no desmatamento, a
Alemanha também já anunciou que vai suspender mais de R$ 150 milhões.
O governo Jair Bolsonaro (PSL) tem
criticado a divulgação dos dados de desmate e afirmado que eles podem
prejudicar acordos comerciais. Contudo, as críticas do governo, em geral, não
são amparadas por informações científicas.
Continue lendo
Continue lendo
Ao questionar os dados do
desmatamento, Bolsonaro chegou a afirmar que Ricardo Galvão, então diretor do
Inpe, poderia estar a "serviço de alguma ONG". Galvão se defendeu e
fez a defesa da acurácia das informações de desmate. O governo vem falando
ainda em sensacionalismo na divulgação dos dados e prejuízo da imagem
internacional do Brasil.
O questionamento constante dos dados
do desmatamento levou à exoneração, em 2 de agosto, de Galvão. Assumiu, então,
como diretor interino do Inpe, um militar.
A relação ambiental entre o Brasil e
países europeus que dão recursos para proteção do ambiente tem se deteriorado
desde o início da gestão Bolsonaro.
Na última semana, em audiência no
Senado, Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente do Brasil, criticou a
Noruega. "A Noruega, que é o principal doador do Fundo Amazônia, é o país
que explora petróleo no Ártico, e vem criticar ou colocar o argumento da
exploração de petróleo na foz do [rio] Amazonas. Eles exploram no Ártico. Eles
caçam baleia. E colocam no Brasil essa carga toda, distorcendo a discussão
ambiental", disse Salles.
A chanceler alemã, Angela Merkel, já
afirmou ver com grande preocupação as ações do atual governo em relação ao
desmatamento.
Após o anúncio do corte de verba
alemãs para a Amazônia, Bolsonaro agiu com ironia, falou que o Brasil não
precisava do dinheiro e que Merkel deveria usar o dinheiro para reflorestar a
Alemanha.
Também há preocupação por parte do presidente
francês, Emmanuel Macron, que colocou a permanência do Brasil no Acordo de
Paris como condição para concretização de acordos comerciais. O governo da
França também espera ações concretas do Brasil quanto a questões ambientais, o
que, caso contrário, poderia dificultar a relações comerciais entre União
Europeia e o Mercosul.
EM TEMPO: Na hora de votar procure escolher o melhor e, não,
o pior
Nenhum comentário:
Postar um comentário