Treinador
disse que só queria falar "de bola" e evitou o assunto, mas não
discordou da visão de que teria ficado desconfortável
A cerimônia de
premiação nem tinha terminado e a cena já corria as redes sociais. Tite,
aparentando desconforto, estende a mão a Jair Bolsonaro e não reage
efusivamente à tentativa de abraço do presidente. Segundos depois, a postura
muda completamente quando o treinador encontra Rogério Caboclo, presidente da
CBF, em quem ele deu um abraço apertado e um beijo no rosto.
A
leitura das redes sociais foi a de que Tite ficou desconfortável no encontro
com o político, um dos responsáveis pela entrega de medalhas na cerimônia de
premiação da Copa América – ele mesmo levou a sua, dada pelo presidente da
Conmebol. Questionado sobre a interpretação, o treinador se recusou a
comentar.
“Só bola. Eu não quero entrar nisso”, disse
Tite, depois da coletiva, em uma conversa mais informal com repórteres, quando
foi questionado especificamente sobre o vídeo que viralizou.
Mais cedo, na
entrevista coletiva, um repórter estrangeiro perguntou se Tite se sentia
incomodado com a presença de Bolsonaro, um político que já se manifestou de
forma homofóbica. “Fico tão envolvido no futebol, nas situações... Sei que elas
acontecem, mas meu foco, educação, é no que tenho de essência. Dentro de campo,
minha conduta, minha ética. As outras situações são outras”, disse Tite, de
maneira meio cifrada.
Bolsonaro entrou no gramado do Maracanã e a sensação no estádio é de
que foram muito mais vaias do que aplausos!
Desde que assumiu a seleção, Tite
sempre tentou se manter à parte do turbulento cenário político brasileiro. Nos
tempos de Michel Temer, adiantou que não se encontraria com o presidente caso o
Brasil ganhasse a Copa do Mundo e se incomodou quando sua onda de popularidade
criou o meme de que ele poderia ser presidente. Mais recentemente, chegou
a criticar a presença de Bolsonaro no gramado na festa de premiação do
Campeonato Brasileiro do ano passado.
Bolsonaro, figura frequente na Copa América da
seleção com idas aos gramados e afagos com jogadores e a própria CBF nos
bastidores, foi vaiado neste domingo, ainda que também tenha ouvido apoio. Na
seleção, porém, a reação de Tite foi uma exceção. Depois que Daniel Alves
ergueu a taça, o presidente se aproximou dos atletas, foi chamado de
"mito" e também posou para fotos com a conquista.
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