Desmatamento na Amazônia aumenta 60% em junho deste ano em relação a 2018 |
Sistema do governo que faz
alertas de desmatamento registra derrubada de 769 km² de florestas.
Especialista lembra que desmatamento aumenta no período de seca a partir de
maio e junho.
Um sistema mantido pelo governo federal para
fiscalizar alertas de focos de desmatamento no Brasil mostra que o índice de
desmatamento relativo a junho de 2019 é o segundo maior já registrado pelo
sistema, e só perde para junho de 2016.
O território da Amazônia Legal
desmatado chegou a 769 km² entre 1º e 28 de junho, segundo dados atualizados
do sistema Terra Brasilis, do Inpe. Os números disponíveis no começo da tarde
desta terça-feira (2) ainda não consideravam os dados de sábado (29) e
domingo (30). No mês anterior, o desmatamento foi de 735 km². Em junho de
2016, o desmatamento foi de 951 km². Os dados acima excluem a perda de
vegetação causada por fatores como incêndios florestais e exploração
comercial de florestas plantadas. Se consideradas todas as categorias, o
desmatamento em junho de 2019 chegaria a 1,7 mil km², sendo que em 2016 ele
foi de 6,8 mil km².
Período de desmatamento
Segundo Carlos Rittl,
diretor-executivo do Observatório do Clima, todos os anos o desmatamento se
intensifica a partir de maio, quando o nível de chuva diminui na maior parte
do país. Os dados indicam, segundo ele, que a abertura desta “temporada de
seca” foi pior do que o ano anterior.
O Terra Brasilis foi criado em
2015 pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Ele é alimentado
com dados do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), um
“sistema de alerta para dar suporte à fiscalização e controle de desmatamento
e da degradação florestal” ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama).
Porém, o dado não é a única
fonte para medir o território desmatado: precisa ser analisado junto a outras
fontes de informação sobre o desmatamento. De acordo com Cláudio
Almeida, coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do INPE, mais
de 10 mil alertas são enviados todo aos órgãos de fiscalização federais e
estaduais. "Não faltam alertas. Os órgãos de fiscalização têm alertas
suficientes para fazer seu trabalho", disse ao Jornal Hoje.
Metodologias
Os dados compilados no sistema
Terra Brasilis não têm o foco de consolidar o desmatamento no bioma da mesma
forma que é feito, por exemplo, pelo sistema do MapBiomas - mantido por
entidades - ou do Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira
por Satélite (Prodes).
O MapBiomas reúne informações
coletadas ao longo de todo o ano e faz a limpeza e verificação dos dados,
eliminando por exemplo nuvens e outras possíveis interferências para
apresentar o dado consolidado do ano anterior. Tomando como base o Deter, que
também é usado pelo Terra Brasilis, o MapBiomas também lançou recentemente um
sistema de alertas de desmatamento que promete ajudar na aplicação de multas.
Pressão internacional
Os dados do desmatamento ganham
destaque após o compromisso do Brasil com a preservação ambiental ser
questionado por líderes europeus. Primeiro, dias antes da reunião do G20, a
chanceler alemã, Angela Merkel, disse que
queria "discussão clara" com Bolsonaro sobre
desmatamento.
E nesta terça-feira, o ministro francês do Meio
Ambiente, François de Rugy, afirmou que o tratado UE-Mercosul "só será ratificado se o
Brasil respeitar os seus compromissos", especialmente em
relação à luta contra o desmatamento da Amazônia.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário