Está rindo de quem? (grifo do blog) |
Em
dez dias, presidente protagonizou inúmeras polêmicas com suas fortes declarações
- Foto: AP Photo/Eraldo Peres
O presidente Jair
Bolsonaro parece estar numa escalada de declarações, no mínimo, polêmicas. Nos
últimos dez dias, ele atacou diretamente os jornalistas Glenn Greenwald e
Miriam Leitão, além de irritar todos os governadores do Nordeste e o diretor do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Nesta
segunda-feira (29), o presidente chamou atenção por duas falas agressivas. Pela
manhã, provocou Felipe Santa Cruz, presidente da OAB, ao dizer que poderia
contar a ele como seu pai desapareceu na ditadura militar. Hora depois, em
transmissão ao vivo no facebook, lamentou não ter havido alguém para balear um
morador de rua que deixou dois mortos no último domingo, no Rio de Janeiro.
Relembre "show de horrores" de Bolsonaro
nos últimos 10 dias:
19/07
1. "Daqueles
governadores de paraíba, o pior é o do Maranhão [Flávio Dino, do PC do B]. Tem
que ter nada com esse cara".
A frase foi dita durante café da manhã com jornalistas e causou revolta
em grande parte do país. O termo "paraíba" é usado de
forma pejorativa principalmente no Rio de Janeiro e é considerado ofensivo e
preconceituoso ao se referir a um grupo de pessoas.
2. "Falar que
se passa fome no Brasil é uma grande mentira. Passa-se mal, não come bem. Aí eu
concordo. Agora, passar fome, não".
Ainda em evento com jornalistas, presidente negou que houvesse fome no
país, apesar da existência de dados que dizem o contrário. De
acordo com o Ministério da Saúde, 15 pessoas morreram de desnutrição por dia em
2017.
3. “Se
destruíssemos tanta floresta como dizem nos últimos dez anos, não teríamos mais
a Amazônia e isso não é verdade”
O presidente rebateu a notícia de que o Inpe verificou 57% de aumento no
desmatamento na Amazônia entre maio e junho. Apesar da
declaração forte, Bolsonaro ainda não apontou dados que respaldem sua
afirmação.
4. "Ela
estava indo para a guerrilha do Araguaia quando foi presa em Vitória. E depois
[Miriam Leitão] conta um drama todo, mentiroso, que teria sido torturada,
sofreu abuso, etc. Mentira".
A jornalista Miriam Leitão foi presa e torturada pela Ditadura Militar no
ano 1973. Na ocasião, ela tinha apenas 19 anos e estava grávida.
A jornalista nunca participou da luta armada e de nenhuma guerrilha. Na época
de sua prisão, ela trabalhava como jornalista da rádio Espírito Santo.
Dia 27/07
5. "Só aos
veganos que comem só vegetais [é importante a questão ambiental]. Outros países
com baía não tão exuberante como a de Angra conservam o meio ambiente. Se
quiséssemos fazer uma maldade, cometer um crime, nós iríamos à noite ou em um
fim de semana qualquer na baía de Angra e cometeríamos um crime ambiental, que
não tem como fiscalizar".
Desde a campanha eleitoral, Bolsonaro defende transformar a baía de Angra
dos Reis na "Cancún Brasileira". Para isso, o
presidente quer alterar o status de Estação Ecológica do local.
6. "Ele
[Glenn Greenwald] não se encaixa na portaria. Até porque ele é casado com outro
homem e tem meninos adotados no Brasil. Malandro, malandro, para evitar um
problema desse, casa com outro malandro e adota criança no Brasil. Esse é o
problema que nós temos. Ele não vai embora, pode ficar tranquilo. Talvez pegue
uma cana aqui no Brasil, não vai pegar lá fora, não."
Glenn Greenwald,
jornalista do The Intercept Brasil, vem publicando desde junho conteúdo de
supostas mensagens privadas trocadas entre Sérgio Moro, Ministro da Justiça, e
a força-tarefa da Lava-Jato. Bolsonaro se referia à portaria do Ministério do Trabalho que possibilita
a deportação sumária de estrangeiros considerados "perigosos".
Dia 29/07
7. "Um dia,
se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no
período militar, conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Conto pra
ele. Não é minha versão. É que a minha vivência me fez chegar nas conclusões
naquele momento".
Bolsonaro provocou
Felipe Santa Cruz, presidente da OAB [após criticar a atuação do órgão na
investigação de Adélio Bispo], ao dizer que poderia contar a ele como seu pai desapareceu na ditadura
militar. Horas depois, após ampla repercussão negativa, o
presidente culpou um "grupo terrorista" pela morte de Fernando Santa
Cruz Oliveira, afirmação que contraria relatório da Comissão Nacional da
Verdade, responsável por investigar casos de mortos e desaparecidos durante o
regime militar.
8. "Um
morador de rua esfaqueou duas pessoas no Rio de Janeiro. Agora, não tinha
ninguém armado para dar um tiro nele? Mas tudo bem. Estava drogado? Viciado em
drogas. Tem de buscar solução para as coisas, né?".
O presidente Jair
Bolsonaro questionou, durante transmissão ao vivo nas redes sociais, se não havia ninguém armado para dar um tiro em um morador de rua acusado
de ter esfaqueado dois homens no Rio de Janeiro.
Além da forte declaração, o
presidente foi criticado por ignorar, na mesma transmissão, a rebelião em um
presídio no Pará que deixou 57 mortos, sendo a maior rebelião ocorrida no país
no ano de 2019.
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