terça-feira, 30 de julho de 2019

Com declarações polêmicas, Bolsonaro dá 'show de horrores' em dez dias

Está rindo de quem? (grifo do blog)


Em dez dias, presidente protagonizou inúmeras polêmicas com suas fortes declarações - Foto: AP Photo/Eraldo Peres

O presidente Jair Bolsonaro parece estar numa escalada de declarações, no mínimo, polêmicas. Nos últimos dez dias, ele atacou diretamente os jornalistas Glenn Greenwald e Miriam Leitão, além de irritar todos os governadores do Nordeste e o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Nesta segunda-feira (29), o presidente chamou atenção por duas falas agressivas. Pela manhã, provocou Felipe Santa Cruz, presidente da OAB, ao dizer que poderia contar a ele como seu pai desapareceu na ditadura militar. Hora depois, em transmissão ao vivo no facebook, lamentou não ter havido alguém para balear um morador de rua que deixou dois mortos no último domingo, no Rio de Janeiro.
Relembre "show de horrores" de Bolsonaro nos últimos 10 dias:
19/07
1. "Daqueles governadores de paraíba, o pior é o do Maranhão [Flávio Dino, do PC do B]. Tem que ter nada com esse cara".
A frase foi dita durante café da manhã com jornalistas e causou revolta em grande parte do país. O termo "paraíba" é usado de forma pejorativa principalmente no Rio de Janeiro e é considerado ofensivo e preconceituoso ao se referir a um grupo de pessoas.
2. "Falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira. Passa-se mal, não come bem. Aí eu concordo. Agora, passar fome, não".
Ainda em evento com jornalistas, presidente negou que houvesse fome no país, apesar da existência de dados que dizem o contrário. De acordo com o Ministério da Saúde, 15 pessoas morreram de desnutrição por dia em 2017.
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3. “Se destruíssemos tanta floresta como dizem nos últimos dez anos, não teríamos mais a Amazônia e isso não é verdade”
O presidente rebateu a notícia de que o Inpe verificou 57% de aumento no desmatamento na Amazônia entre maio e junho. Apesar da declaração forte, Bolsonaro ainda não apontou dados que respaldem sua afirmação.
4. "Ela estava indo para a guerrilha do Araguaia quando foi presa em Vitória. E depois [Miriam Leitão] conta um drama todo, mentiroso, que teria sido torturada, sofreu abuso, etc. Mentira".
A jornalista Miriam Leitão foi presa e torturada pela Ditadura Militar no ano 1973. Na ocasião, ela tinha apenas 19 anos e estava grávida. A jornalista nunca participou da luta armada e de nenhuma guerrilha. Na época de sua prisão, ela trabalhava como jornalista da rádio Espírito Santo.
Dia 27/07
5. "Só aos veganos que comem só vegetais [é importante a questão ambiental]. Outros países com baía não tão exuberante como a de Angra conservam o meio ambiente. Se quiséssemos fazer uma maldade, cometer um crime, nós iríamos à noite ou em um fim de semana qualquer na baía de Angra e cometeríamos um crime ambiental, que não tem como fiscalizar".
Desde a campanha eleitoral, Bolsonaro defende transformar a baía de Angra dos Reis na "Cancún Brasileira". Para isso, o presidente quer alterar o status de Estação Ecológica do local.
6. "Ele [Glenn Greenwald] não se encaixa na portaria. Até porque ele é casado com outro homem e tem meninos adotados no Brasil. Malandro, malandro, para evitar um problema desse, casa com outro malandro e adota criança no Brasil. Esse é o problema que nós temos. Ele não vai embora, pode ficar tranquilo. Talvez pegue uma cana aqui no Brasil, não vai pegar lá fora, não."
Glenn Greenwald, jornalista do The Intercept Brasil, vem publicando desde junho conteúdo de supostas mensagens privadas trocadas entre Sérgio Moro, Ministro da Justiça, e a força-tarefa da Lava-Jato. Bolsonaro se referia à portaria do Ministério do Trabalho que possibilita a deportação sumária de estrangeiros considerados "perigosos".
Dia 29/07
7. "Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Conto pra ele. Não é minha versão. É que a minha vivência me fez chegar nas conclusões naquele momento".
Bolsonaro provocou Felipe Santa Cruz, presidente da OAB [após criticar a atuação do órgão na investigação de Adélio Bispo], ao dizer que poderia contar a ele como seu pai desapareceu na ditadura militar. Horas depois, após ampla repercussão negativa, o presidente culpou um "grupo terrorista" pela morte de Fernando Santa Cruz Oliveira, afirmação que contraria relatório da Comissão Nacional da Verdade, responsável por investigar casos de mortos e desaparecidos durante o regime militar.
8. "Um morador de rua esfaqueou duas pessoas no Rio de Janeiro. Agora, não tinha ninguém armado para dar um tiro nele? Mas tudo bem. Estava drogado? Viciado em drogas. Tem de buscar solução para as coisas, né?".
O presidente Jair Bolsonaro questionou, durante transmissão ao vivo nas redes sociais, se não havia ninguém armado para dar um tiro em um morador de rua acusado de ter esfaqueado dois homens no Rio de Janeiro.
Além da forte declaração, o presidente foi criticado por ignorar, na mesma transmissão, a rebelião em um presídio no Pará que deixou 57 mortos, sendo a maior rebelião ocorrida no país no ano de 2019.


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