O presidente Jair Bolsonaro |
Veja.com - Denise Chrispim Marin
© Adriano Machado/Reuters
A
entidade de direitos humanos Justiça Global apresentou nesta terça-feira, 11.06.2019, queixa à Organização das Nações
Unidas contra a decisão do residente Jair Bolsonaro de extinguir os 11
cargos do Mecanismo Nacional de
Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT) e pediu a investigação dessa
atitude. A exoneração dos integrantes do MNPCT, que está subordinado ao
Ministério da Mulher Família e Direitos Humanos, constou do decreto
9.831.
O governo não justificou a medida. Mas
indicou que as posições eliminadas poderi-am vir a ser ocupadas por voluntários.
Segundo a Justiça Global, a continuidade do trabalho do MNPCT de prevenir e
combater a tortura no Brasil se tornará impossível com membros voluntários e
não remunerados.
“Este é um aspecto-chave para garantir a
autonomia e a independência (do grupo) para receber e investigar queixas de
violações de direitos humanos”, informou a organização não-governamental em
carta endereçada a Nils Melzer, relator especial da ONU sobre tortura e outros
tratamentos ou punições cruéis, desumanas ou degradantes.
“O decreto mantém o Mecanismo apenas no
papel, enquanto elimina suas capacida-des operacionais”, completa a carta. A entidade acusa o governo brasileiro de
descumprir seus compromissos internacionais na área ao publicar o decreto. Na
sua carta a Melzer, a Justiça Global lembra ser o MNPCT, criado em 2013, a
expressão de reconhecimento brasileiro à Convenção das Nações Unidas Contra a
Tortura e ao Protocolo Opcional firmado pelo governo.
O texto também ressalta que o decreto foi
publicado durante mais uma crise no sistema prisional brasileiro, ao referir-se
à rebelião no
Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj, em Manaus (AM) no final de maio.
"O trabalho do Mecanismo tem sido
essencial para reportar violações de direitos humanos durante esses eventos
críticos e também para descrever amplamente o estado estrutural de degradação
que continua a caracterizar as prisões brasileiras como um todo”, menciona o
texto.
“As organizações de direitos humanos
brasileiras receberam o decreto presidencial recém-publicado como uma ameaça
direto aos valiosos trabalhos que o Mecanismo tem feito nestes anos”, completa.
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