domingo, 30 de junho de 2019

Avançar a luta popular para derrotar Bolsonaro e sua política de terra arrasada




Editorial do jornal "O PODER POPULAR"

As recentes reportagens do site The Intercept Brasil apresentam elementos irrefutáveis do caráter parcial e politicamente seletivo da chamada Operação Lava Jato. Ficou claramente demonstrada a articulação ilegal e ilegítima entre o então juiz Sérgio Moro e setores do Ministério Público coordenados por Deltan Dallagnol. As combinações entre juízes e procuradores são ilegais e antiéticas porque oferecem evidentes privilégios à acusação em detrimento do direito de defesa dos réus. 

Como o PCB vem denunciando desde o início das investigações, sob o disfarce do combate à corrupção, a Lava Jato é apenas a parte visível de um projeto de poder arquitetado por segmentos reacionários e inescrupulosos do Judiciário para justificar a estigmatização do Partido dos Trabalhadores (PT), o golpe parlamentar contra Dilma Rousseff e a prisão do ex-presidente Lula, o que inviabilizou sua participação nas eleições de 2018 e contribuiu para a eleição de Bolsonaro. O PCB desenvolveu, durante os governos petistas, uma política independente e de oposição à conciliação de classes e ao atendimento às demandas e aos interesses do grande empresariado e dos monopólios capitalistas. 

Criticamos ainda o atrelamento do movimento sindical às políticas oficiais, tirando das lutas contra a exploração capitalista grande parte da militância antes mais combativa. Mas jamais deixamos de denunciar com veemência a perseguição mesquinha e inescrupulosa do Judiciário, da grande imprensa e dos partidos de direita contra o PT desde o segundo governo Dilma Rousseff, quando se fizeram sentir efetivamente, no Brasil, os efeitos da crise mundial do capitalismo. As classes dominantes optaram então por um governo puro sangue da burguesia, no entendimento de que o PT não tinha condições políticas para acelerar o processo de retirada de direitos dos trabalhadores, questão central para garantir a desvalorização da força de trabalho e a manutenção dos lucros do empresariado. 

Toda a movimentação da Operação Lava Jato fez parte de um plano da burguesia brasileira, em conluio com os centros do capitalismo internacional, com o propósito maior de desbancar do governo aqueles que não eram mais funcionais ao capital. Sabemos que a solução deste caso evidente de desrespeito às regras criadas pela própria burguesia não se dará apenas no âmbito da justiça burguesa, comprometida com a defesa dos interesses dos grandes grupos econômicos e dos governantes de plantão. É preciso avançar nas lutas contra os ataques aos direitos da classe trabalhadora e em defesa das liberdades democráticas, para barrar a política de terra arrasada do governo Bolsonaro, com destaque, neste momento, para a luta contra a reforma da previdência. 

Mas também é necessário exigir uma investigação rigorosa sobre as tramas da Operação Lava Jato, suas ilegalidades e imoralidades, sua relação com a eleição de Bolsonaro, bem como a punição de todos os envolvidos, além da libertação do ex-presidente Lula. As experiências dos dias nacionais de luta em defesa da Educação Pública (15 e 30 de maio) e da Greve Geral convocada pelas centrais sindicais, organizações de esquerda e movimento sociais, indicam que ainda é necessário investir mais na organização da luta nos locais de trabalho, moradia e estudo e nas ruas para derrotar o projeto antipopular e antinacional de Bolsonaro. 

Estima-se que 45 milhões de trabalhadores tenham participado de atos ou paralisações nas primeiras horas do dia 14 de junho, primeira grande jornada popular contra o governo Bolsonaro. Mais uma vez o recado foi dado em protesto aos ataques sistemáticos do capital e dos governos aos direitos políticos, sociais e trabalhistas historicamente conquistados em décadas de lutas. Desta vez, além da sempre decisiva presença da juventude, a classe trabalhadora se fez presente em maior número nas manifestações e, principalmente, realizando a paralisação da produção em inúmeras fábricas, nos transportes e no comércio em diversas cidades. É preciso manter firme a mobilização, pois a guerra contra a Reforma da Previdência e em defesa do emprego, da soberania nacional e dos nossos direitos está apenas começando.

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