domingo, 5 de maio de 2019

Produção industrial: um corpo que cai

CRÍTICA DA ECONOMIA
por Jorge Arnaldo e José Martins
A tendência de queda da economia brasileira continua mais firme do que nunca. Um corpo que cai. Os donos da propriedade privada capitalista e seus eunucos economistas não são capazes de reverter esse processo.
Ao contrário. Tudo que eles estão fazendo na política econômica e nas decisões econômicas em geral só reforça o cenário mais provável de uma economia marcada para morrer.
Irreversivelmente. A realidade econômica dá uma surra política nas parasitárias classes dominantes e imperialistas do país. Aqui começa o verdadeiro e decisivo jogo da luta de classes. Por pura necessidade.
Vamos aos fatos do mundo real. Com a queda de 1,3% em março, a indústria nacional levou um tombo de 2,2% no primeiro trimestre/2019, com perdas em três das quatro grandes categorias econômicas e em 16 de 26 atividades investigadas.
A metástase se propaga velozmente. É o que informa a Pesquisa Industrial Mensal, divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE. 
Na comparação com março de 2018, o setor industrial recuou 6,1%! É muita coisa. Resultados negativos nas quatro grandes categorias econômicas, 22 dos 26 ramos, 60 dos 79 grupos e 63,7% dos 805 produtos pesquisados.
Entre as atividades, indústrias extrativas (-14,0%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-13,3%) foram os que mais caíram.
Outras contribuições negativas relevantes foram: produtos alimentícios (-5,0%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-23,7%), máquinas e equipamentos (-7,8%), outros equipamentos de transporte (-22,1%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-11,8%), produtos de borracha e de material plástico (-6,7%), impressão e reprodução de gravações (-30,9%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-7,7%), perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-11,8%), de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-9,5%) e de móveis (-11,6%).
O mais importante destes dados referem-se à média móvel trimestral da indústria, que recuou 0,5% no trimestre encerrado em março de 2019. 

Esta média móvel trimestral, que melhor antecipa a evolução da indústria e, portanto, da economia como um todo, para os próximos trimestres, mantém a trajetória predominantemente descendente iniciada em agosto de 2018.
“É como se a gente estivesse em janeiro de 2009”, resumiu o gerente da pesquisa do IBGE.
Lembrando que em janeiro de 2009 a última crise periódica global de superprodução do capital atingia seu ponto mais baixo em todas as grandes economias do mundo.
O Brasil já retornou àquela pior situação da crise global, mesmo que o restante da economia mundial ainda continue na fase de recuperação e crescimento do ciclo.
Ou seja, a economia brasileira vai sofrer proximamente o maior choque global do pós-guerra no seu ponto mais baixo do último período de crise. Vai sobrar alguém para contar a história?
Confirma-se nos fatos reais a precisão teórica da economia crítica da classe trabalhadora. Os parasitas do sistema e seus economistas estão falando cada vez mais fino. Perderam seu discurso. Ficar falando só de reforma da Previdência não cola mais. O papo da herança maldita do PT tampouco. Tem cada vez mais gente desempregada.
Eles podem esconder e manipular tudo, menos isso: a produção industrial caiu bonito no primeiro trimestre de 2019. E o desemprego aumentou e piorou de qualidade. E é aqui que eles caem do cavalo.
A opinião pública – incluindo os evangélicos seguidores da pastora Damares “Goiabeira” Alves – já começa a exigir que a equipe econômica faça alguma coisa. O desemprego fala mais alto que Jesus!
Os estelionatários da “reforma da previdência” prometem um pacote econômico para as próximas semanas. Já conhecemos essa história.
Consequência política imediata. Se essa tendência de queda não for estancada imediatamente, o desemprego da força de trabalho continuará aumentando e as turbulências políticas ficarão insuportáveis para a continuidade do simpático governo burguês de plantão em Brasília.

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