Imagem: Greve dos professores estaduais em São Paulo – Créditos: Romerito Pontes |
“Povo na rua vai reverter esse quadro”, diz presidente da CNTE sobre
cortes no ensino.
Paralisação nacional
acontece nesta quarta (15) em todo o país contra o desmonte das universidades
no governo Bolsonaro
Por Luciana Console - Brasil de Fato | São
Paulo (SP)
A Greve Nacional da
Educação, marcada para a próxima quarta-feira (15), pode reverter o quadro de
desmonte das universidades federais no governo Bolsonaro (PSL). É o que afirma
o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE),
Heleno Manoel Gomes de Araújo Filho.
A CNTE, que engloba
diversas entidades sindicais em todo o Brasil, participa da organização da
greve, que tem como bandeira principal o repúdio ao recente corte orçamentário
de 30% nas universidades. Segundo Heleno, a paralisação será em toda a rede
pública de ensino, e os atos ocorrerão no dia 15 em todas as capitais
brasileiras.
Em entrevista ao
Brasil de Fato, Heleno Araújo explica como vai ser a mobilização nacional dos
professores, estudantes e trabalhadores da educação e o que ela pode
representar na atual conjuntura.
Confira os melhores
momentos:
Brasil de Fato: Em
linhas gerais, como será a Greve Nacional da Educação no dia 15 de maio?
Heleno Araújo: A
mobilização está intensa. Nós temos a participação de todas as entidades
filiadas à CNTE em todo o Brasil. São 50 entidades, sindicatos, associações e
federações ligadas à CNTE.
Temos paralisação
marcada em toda rede pública, de modo que vamos ter atos públicos em todas as
capitais brasileiras. Pela manhã, pela tarde, em todas as capitais têm atos. Já
temos confirmados em 21 capitais atos conjuntos entre trabalhadores da educação
básica, do ensino superior, dos institutos federais, do setor privado, com
apoio de petroleiros, da Frente Brasil Popular, Frente Povo Sem Medo, das
centrais sindicais…
Então, existem outras
categorias que estão apoiando a greve e chamando também esse dia de mobilização
em defesa dos serviços públicos e em defesa da educação pública. Vai ser um dia
intenso de muita mobilização em todo o Brasil.
A greve é dos
professores, mas envolve outras questões e demandas da classe trabalhadora.
Qual a mensagem que se pretende passar?
Ela inicialmente foi
convocada para chamar a atenção de toda a sociedade com relação à destruição da
aposentadoria do conjunto dos trabalhadores e das trabalhadoras em educação do
povo brasileiro. A intenção inicial era mostrar que a nossa categoria é que vai
ser a mais penalizada. Porque ela é formada 80% por mulheres, e as mulheres vão
trabalhar mais tempo se essas medidas forem aprovadas. Quando conseguirem o
critério de aposentadoria terão seu salários reduzidos.
Durante a preparação,
nós tivemos as medidas do governo Bolsonaro, de fazer cortes na educação
pública em nosso país – cortes de investimento na universidade pública, nos
institutos federais, nas escolas de educação básica que são ligadas à União. Esses
cortes têm também repercussão na educação básica como um todo. Ataca os
municípios, ataca os estados, ao atingir a questão da merenda escolar e o
transporte escolar dos nossos estudantes. Então, é uma medida que agravou o
cenário educacional.
A greve tem sua
incidência sobre a destruição da aposentadoria e contra os cortes de
investimentos em educação em todas as esferas e em todos os níveis em nosso
país, anunciados pelo governo Bolsonaro.
Está marcada para o
dia 14 de junho uma greve geral dos trabalhadores. A Greve Nacional da Educação
faz parte do chamamento para a paralisação de junho?
Ela foi chamada desde
o princípio como Greve Nacional da Educação rumo à greve geral da classe
trabalhadora, que vai acontecer no dia 14 de junho. Não temos só o compromisso
de toda a educação básica e superior de participar da greve geral, mas de parar
o país contra as medidas de destruição do governo Bolsonaro.
Quais as expectativas
para a Greve Nacional da Educação?
No mundo todo e aqui
no Brasil nós conseguimos avançar sobre direitos, sobre aquilo que alcança a
maioria da população, só com muitos protestos, muita mobilização e muita gente
nas ruas. A nossa expectativa é que tenhamos muita gente nas ruas agora no dia
15 de maio, e que isso toque os parlamentares que estão na Comissão Especial
que vai discutir as mudanças na Seguridade Social, na Previdência do conjunto
da população. Se tivermos muita gente nas ruas, com o povo dizendo que não
aceita essa medidas, é tarefa do parlamentar, é papel do parlamentar votar contra
essas medidas. Por isso, essa expectativa de que tenha muitas gente nas ruas
para pressionar os parlamentares sobre a Previdência que está no Congresso
Nacional.
Essa multidão na rua
com certeza vai pressionar o governo federal a repensar essa sua medida de
fazer o bloqueio de recursos já destinados no orçamento da Educação para 2019.
Esse orçamento foi aprovado em 2018 no Congresso Nacional, já estava em pleno
andamento, e o governo anuncia agora fazer o bloqueio desses recursos.
Então, a expectativa
é de que com muita gente nas ruas a gente faça com que o governo retome a
posição e cancele a medida de fazer o bloqueio desses recursos. Se não
conseguirmos isso no dia 15 de maio com mobilização nas ruas, vamos continuar
fortalecendo a mobilização para que na greve geral do dia 14 de junho possamos
alcançar esses objetivos.
Gostaria de
acrescentar algum comentário?
É importante que cada
trabalhadora e trabalhador em educação busque informações. Muitos acreditam na
mobilização do sindicato, muitos participam da chamada pelo sindicato, mas para
aqueles ainda que não acreditam na chamada do sindicato, nós indicamos que façam
a leitura do que está acontecendo.
É importante pensar
na situação dos trabalhadores da educação, mas é importante também ser
solidário com os demais membros da sociedade que serão altamente prejudicados
com as medidas de Bolsonaro.
Para a educação, os
cortes são prejudiciais de imediato e trazem um prejuízo enorme àquilo que nós
conquistamos no Plano Nacional de Educação, que tinha recursos da educação até
2024. Com essas medidas, nós temos os poucos recursos destinados à educação
ainda mais sendo reduzidos. Nós não podemos aceitar que isso aconteça, que
essas medidas entrem em ação. Só o protesto, a manifestação e o povo na rua é
que vão reverter esse quadro.
Edição: Rodrigo
Chagas
https://www.brasildefato.com.br/especiais/levante-da-educacao/
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