Por Antonio Lima Júnior, jornalista e militante do PCB e da Unidade
Classista
Na última terça-feira
(09), o diretor-presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) publicou uma
portaria por meio da qual estabelece que a programação da TV Brasil e da TV
Nacional Brasil (NBR) serão apresentadas em um só canal. Significa, em linhas
gerais, que a EBC passa a virar um canal de propaganda do governo federal,
extinguindo seu caráter de comunicação pública e independente.
Além de beneficiar os
interesses do monopólio das grandes mídias privadas, a imposição do presidente
Jair Bolsonaro (PSL) fere a constituição ao mudar o caráter da EBC e favorece o
setor militar do governo, na figura do general Santos Cruz, responsável pela
Secretaria de Comunicação Social (Secom). Na nova programação, estão previstos
programas que atenderão ao agronegócio, à defesa da reforma da Previdência e
aos setores militares (Exército, Marinha e Força Aérea), com programas de
entrevistas e reportagens.
A portaria também
fala sobre a “otimização das equipes de trabalho”, através do que os
funcionários da EBC serão “aproveitados nas diversas atividades demandadas”, o
que mostra o grau de precarização do funcionalismo público, aplicando uma
lógica da iniciativa privada dos veículos de comunicação, onde muitos
jornalistas cumprem várias funções, desde a produção e a edição até a cobertura
das matérias.
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O processo de
desmonte da EBC não vem de agora, mas, desde que assumiu a presidência,
Bolsonaro o vem aprofundando com vistas à extinção da comunicação pública no
país. Em janeiro houve reestruturação na empresa, com demissão de 45
funcionários e retirada de cargos comissionados. No mês seguinte, Bolsonaro
demitiu o presidente da EBC, Luiz Antonio Ferreira, substituindo-o pelo atual,
Alexandre Henrique Graziani Júnior. Funcionários denunciam em anonimato que a
empresa passou por censura de termos, como “ditadura militar” e “golpe” durante
as coberturas sobre o 31 de março.
Bolsonaro faz suas “aparições oficiais” no Twitter e negocia acordos com empresas de comunicação como Record, Band e SBT para interferir na disputa de mercado entre estas e a Globo, tudo numa lógica de avançar contra os meios de comunicação e o exercício do jornalismo, perseguindo os profissionais que investigam de forma séria o seu governo e reproduzindo veementemente o termo “fake news” como uma cruzada contra a mídia.
Bolsonaro faz suas “aparições oficiais” no Twitter e negocia acordos com empresas de comunicação como Record, Band e SBT para interferir na disputa de mercado entre estas e a Globo, tudo numa lógica de avançar contra os meios de comunicação e o exercício do jornalismo, perseguindo os profissionais que investigam de forma séria o seu governo e reproduzindo veementemente o termo “fake news” como uma cruzada contra a mídia.
O ataque à EBC faz
parte desse jogo político e vai mais além, pois entra no arco de retrocessos
que esse governo tem promovido contra os trabalhadores e em favor dos
interesses dos poderosos. A comunicação pública é um direito que tem sido
sucateado há anos e agora tende a ser extinta a única expressão desse direito
no país, por meio da fusão da EBC com a NBR. Assim, Bolsonaro enfraquece as
críticas ao seu governo e passa a controlar os veículos estatais, mudando sua
interface para mero porta-voz do seu mandato.
É preciso que a luta
por uma comunicação pública e de qualidade entre na pauta das jornadas de lutas
contra os ataques do governo Bolsonaro. Que as centrais sindicais, movimentos
populares e estudantis se solidarizem com os profissionais de comunicação e
digam não ao ataque à Empresa Brasil de Comunicação!
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