Por Carlos Aznárez (da Venezuela)
Resumen
latino-americano 23 de fevereiro de 2019
Chegou o que muitos
definiram como o “Dia D”, e outros repercutiram, em Cúcuta ou Miami, pensando
que o “grande momento” em que a “ajuda humanitária e o “ditador” e sua
Revolução Bolivariana seriam derrubados como um castelo de cartas. Parece um
roteiro ruim para um filme de muito baixa categoria, mas o pior é que muitas
pessoas no mundo, aquela parte da população que religiosamente acredita no que
diz a mídia hegemônica, tinham entrado no ringue e imaginaram que, na
Venezuela, em questão de horas, aquele infame boneco chamado Juan Guaidó
chegaria com todas as honras ao Palácio de Miraflores.
Finalmente o que
ocorreu é o que vem sofrendo o Império e seus aliados frente ao chavismo em
todas as últimas contendas, sejam as diplomáticas ou amparadas em um belicismo
verbal mais que irritante: voltaram a fracassar. Não puderam com o povo nem o
governo legítimo encabeçado por Nicolás Maduro. Nem na zona fronteiriça com a
Colômbia nem na que limita com o Brasil, tampouco na rota marítima. Não
lograram mobilizar os 600 mil (sic) que havia anunciado Guaidó e que se
converteram neste sábado 23F num pequeno grupo agressivo de malandros pagos que
montaram algumas poucas mas violentas guarimbas (arruaças) e vários falsos
positivos.
Assim ocorreu com o
incidente matinal do roubo dos caminhões na ponte que leva a Cúcuta, e que
terminou com a deserção de um grupo ínfimo de guardas que não apenas se
passaram para o lado inimigo como também mostraram um perfil criminoso. Os
covardes destruíram dezenas de cercas que fechavam o lugar, ferindo pelo
impacto uma camerógrafa chilena e uma leal policial bolivariana. Do outro lado,
foi possível observar a cumplicidade dos policiais de Iván Duque, que os
ajudavam ostensivamente. Enquanto isso, dois dos líderes das guarimbas deste
sábado, o deputado direitista José Antonio Olivares e um de seus asseclas
chamado Vilca Fernández festejavam a façanha.
Mais tarde, se
repetiu a farsa ao tentar fazer entrar alguns poucos caminhões com a famosa
“ajuda”. De pronto, ao passar pela ponte foram incendiados por um grupo de
guarimberos que incendiaram os veículos com gasolina enquanto eram filmados e
fotografiados por muitos repórteres. Mas, como os meios de comunicação
hegemônicos são a tropa avançada e violenta do envenenamento massivo,
inventaram outra notícia mentirosa, acusando o chavismo de gerar esse ataque.
Mais ainda: contaram que eram os integrantes da Guarda Nacional Bolivariana,
que estavam situados a grande distância dos acontecimentos, os culpados dessa
torpe ação.
O que não disseram é
que os malandros “contratados” pela oposição ligada a Guaidó e protegidos pela
polícia colombiana (aí estão os vídeos nas redes como prova) se perderam
enormemente porque as coisas não saíram bem e não lhes pagaram os “honorários”
pactuados. Daí que uma turba de encapuzados e outros com a cara descoberta
pregaram uma boa surra nos “contratadores”. É o caso do deputado Olivares, a
quem um grupo distribuiu uns bons tapas na cara e na cabeça ao grito de
“ladrões, paguem o que prometeram”.
Tampouco contam os
meios de comunicação a verdade sobre o ocorrido no extremo contrário ao lado
colombiano da ponte Simón Bolívar, onde se concentraram milhares de patriotas
bolivarianos para defender com seus corpos a soberania de seu país frente a
qualquer intenção de invasão estrangeira. Sobre eles caíram bombas molotov,
pedras de grande tamanho e disparos de armas de fogo. Alguns dos atacados são
parte da lista de 42 feridos, dois deles a balaços e três queimados em grande
parte de seus corpos pelo efeito das bombas incendiárias. Também há policiais
venezuelanos na lista, que tal qual naqueles meses duros em que se votava a
Constituiente, se jogaram por inteiro para impedir que a turba de Ivan Duque e
da oposição fascistoide que preside Guaidó pusessem seus pés no território venezuelano.
Outro incidente
ocorreu quando opositores que cruzaram a fronteira desde o Brasil atacaram e
queimaram uma caminhoneta militar bolivariana no posto fronteiriço de
Pacaraima. Cada um destes atos de violência, assim como o ocorrido na sexta
quando um grupo de paramilitares atacou indígenas pemones, se reduz ao que para
Donald Trump, Marco Rubio, Elliot Adams, John Bolton e Luis Almagro ia ser a
“solução final” para o que eles denominam “ditadura” socialista. Este processo
libertador e outros que surgirão, sobre os quais o criminoso organizador do
fracassado concerto de Cúcuta, o “Puma” Rodríguez, advertiu que “de pronto
cairiam todas as que há na América Latina”. Vão ficar com o desejo, no caso
venezuelano.
Não puderam, não
poderão. isso é o que se viu com clareza nesta jornada. Foram derrotados
novamente por um povo que tem ideias e convicção da luta por seu presente, que
além de tudo possui memória do que foi seu passado e se prepara dia a dia para
forjar um futuro socialista.
Este espírito nobre e
guerreiro de Bolívar, que passou a nutrir o de Fabricio Ojeda, que depois
herdou o Comandante Chávez e hoje levanta com dignidade Nicolás Maduro, é o que
se viu, na mesma hora em que não se produzia a anunciada invasão
“humanitária”,desfilar pelas ruas de Caracas. Outra vez a maré “vermelha”
cobriu de ponta a ponta a avenida Urdaneta e mostrou ao mundo que, na
Venezuela, além de se viver em total paz e normalidade, são milhões os que
constroem o escudo que protege este enorme processo libertador.
Marcharam com fervor
e muita alegria, não havia raiva em seus gestos, pelo contrário. Bailaram,
cantaram e entoaram as consignas anti-imperialistas de toda a vida, desde o
“ianques go home” até o “não passarão” das lutas antifascistas dos povos. Eram
operários, estudantes, gentes dos bairros humildes, mulheres empoderadas e
milhares de jovens que cresceram com o direito de ingressar nas Universidades
populares e ter acesso aos planos de saúde das Missões. Saíram às a ruas, com a
decisão de mostrar aos que ainda duvidam deste processo libertador de que eles
sim estão dispostos a defendê-lo. Ali também estava uma aguerrida delegação dos
movimentos sociais do mundo, que neste domingo inauguraram o Encontro da
Assembleia Internacional dos Povos, instância organizativa que começará a se
construir passo a passo em prol da Revolução internacional. Entre eles e elas,
pôde ver-se sul-africanos do sindicato metalúrgico Numsa, que dançaram seus
bailes típicos dando vivas a Venezuela, junto a brasileiros que gritavam “Lula
Livre”, argentinos que protestavam contra Macri e até jovens bascas e catalãs
abraçadas com suas bandeiras nacionais. Por todas as suas vozes, “a espada de
Bolívar” segue caminhando, como fará o socialismo, pela América Latina, e em
seu grito militante recebiam como devolução das massas chavistas “saudações
solidárias e revolucionárias”. Uma festa do povo, que comemorava a vitória
obtida frente a uma nova tentativa do Império mais terrorista que já atacou a
humanidade.
Em seguida falou seu
presidente, eleito em maio por milhões e não como esse covarde que se
autoproclamou e agora terá que ficar vivendo em Cúcuta ou Bogotá ou terminar em
um presídio junto com outros terroristas de seu calibre. Escutá-lo nesta
ocasião dirigindo-se aos construtores cotidianos da Revolução lembrou outros
atos similares protagonizadas por seu mestre Hugo Chávez, a quem Maduro não
somente homenageia como também na prática cumpre com seu legado.
Neste 23F a Revolução
Bolivariana obteve outro tento, o da paz com justiça social frente à guerra
imperialista. Porém, não se pode ser triunfalista com o inimigo que se enfrenta
hoje. Insistirão, são ferozes, impiedosos. Já o demonstraram e usam o que têm
às mãos para hostilizar os povos. Por isso não há que baixar a guarda. Guaidó
já pediu a seus cúmplices praticamente que ponham em marcha o recurso da
intervenção armada. Trump, que seguramente se dá conta dos inúteis que são seus
“muchachos”, estará imaginando novas investidas. É preciso valorizar a
conquista por ora, sem se descuidar.
Não podem com a
coragem deste povo. Não poderão.
Tradução: Partido
Comunista Brasileiro (PCB)
http://www.resumenlatinoamericano.org/2019/02/24/venezuela-bolivariana-se-anoto-otra-victoria-estrategica-este-23f/
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