domingo, 24 de fevereiro de 2019

Venezuela obtém vitória, mas não se pode baixar a guarda


Por Carlos Aznárez (da Venezuela)
Resumen latino-americano 23 de fevereiro de 2019
Chegou o que muitos definiram como o “Dia D”, e outros repercutiram, em Cúcuta ou Miami, pensando que o “grande momento” em que a “ajuda humanitária e o “ditador” e sua Revolução Bolivariana seriam derrubados como um castelo de cartas. Parece um roteiro ruim para um filme de muito baixa categoria, mas o pior é que muitas pessoas no mundo, aquela parte da população que religiosamente acredita no que diz a mídia hegemônica, tinham entrado no ringue e imaginaram que, na Venezuela, em questão de horas, aquele infame boneco chamado Juan Guaidó chegaria com todas as honras ao Palácio de Miraflores.
Finalmente o que ocorreu é o que vem sofrendo o Império e seus aliados frente ao chavismo em todas as últimas contendas, sejam as diplomáticas ou amparadas em um belicismo verbal mais que irritante: voltaram a fracassar. Não puderam com o povo nem o governo legítimo encabeçado por Nicolás Maduro. Nem na zona fronteiriça com a Colômbia nem na que limita com o Brasil, tampouco na rota marítima. Não lograram mobilizar os 600 mil (sic) que havia anunciado Guaidó e que se converteram neste sábado 23F num pequeno grupo agressivo de malandros pagos que montaram algumas poucas mas violentas guarimbas (arruaças) e vários falsos positivos.
Continue lendo
Assim ocorreu com o incidente matinal do roubo dos caminhões na ponte que leva a Cúcuta, e que terminou com a deserção de um grupo ínfimo de guardas que não apenas se passaram para o lado inimigo como também mostraram um perfil criminoso. Os covardes destruíram dezenas de cercas que fechavam o lugar, ferindo pelo impacto uma camerógrafa chilena e uma leal policial bolivariana. Do outro lado, foi possível observar a cumplicidade dos policiais de Iván Duque, que os ajudavam ostensivamente. Enquanto isso, dois dos líderes das guarimbas deste sábado, o deputado direitista José Antonio Olivares e um de seus asseclas chamado Vilca Fernández festejavam a façanha.
Mais tarde, se repetiu a farsa ao tentar fazer entrar alguns poucos caminhões com a famosa “ajuda”. De pronto, ao passar pela ponte foram incendiados por um grupo de guarimberos que incendiaram os veículos com gasolina enquanto eram filmados e fotografiados por muitos repórteres. Mas, como os meios de comunicação hegemônicos são a tropa avançada e violenta do envenenamento massivo, inventaram outra notícia mentirosa, acusando o chavismo de gerar esse ataque. Mais ainda: contaram que eram os integrantes da Guarda Nacional Bolivariana, que estavam situados a grande distância dos acontecimentos, os culpados dessa torpe ação.
O que não disseram é que os malandros “contratados” pela oposição ligada a Guaidó e protegidos pela polícia colombiana (aí estão os vídeos nas redes como prova) se perderam enormemente porque as coisas não saíram bem e não lhes pagaram os “honorários” pactuados. Daí que uma turba de encapuzados e outros com a cara descoberta pregaram uma boa surra nos “contratadores”. É o caso do deputado Olivares, a quem um grupo distribuiu uns bons tapas na cara e na cabeça ao grito de “ladrões, paguem o que prometeram”.
Tampouco contam os meios de comunicação a verdade sobre o ocorrido no extremo contrário ao lado colombiano da ponte Simón Bolívar, onde se concentraram milhares de patriotas bolivarianos para defender com seus corpos a soberania de seu país frente a qualquer intenção de invasão estrangeira. Sobre eles caíram bombas molotov, pedras de grande tamanho e disparos de armas de fogo. Alguns dos atacados são parte da lista de 42 feridos, dois deles a balaços e três queimados em grande parte de seus corpos pelo efeito das bombas incendiárias. Também há policiais venezuelanos na lista, que tal qual naqueles meses duros em que se votava a Constituiente, se jogaram por inteiro para impedir que a turba de Ivan Duque e da oposição fascistoide que preside Guaidó pusessem seus pés no território venezuelano.
Outro incidente ocorreu quando opositores que cruzaram a fronteira desde o Brasil atacaram e queimaram uma caminhoneta militar bolivariana no posto fronteiriço de Pacaraima. Cada um destes atos de violência, assim como o ocorrido na sexta quando um grupo de paramilitares atacou indígenas pemones, se reduz ao que para Donald Trump, Marco Rubio, Elliot Adams, John Bolton e Luis Almagro ia ser a “solução final” para o que eles denominam “ditadura” socialista. Este processo libertador e outros que surgirão, sobre os quais o criminoso organizador do fracassado concerto de Cúcuta, o “Puma” Rodríguez, advertiu que “de pronto cairiam todas as que há na América Latina”. Vão ficar com o desejo, no caso venezuelano.
Não puderam, não poderão. isso é o que se viu com clareza nesta jornada. Foram derrotados novamente por um povo que tem ideias e convicção da luta por seu presente, que além de tudo possui memória do que foi seu passado e se prepara dia a dia para forjar um futuro socialista.
Este espírito nobre e guerreiro de Bolívar, que passou a nutrir o de Fabricio Ojeda, que depois herdou o Comandante Chávez e hoje levanta com dignidade Nicolás Maduro, é o que se viu, na mesma hora em que não se produzia a anunciada invasão “humanitária”,desfilar pelas ruas de Caracas. Outra vez a maré “vermelha” cobriu de ponta a ponta a avenida Urdaneta e mostrou ao mundo que, na Venezuela, além de se viver em total paz e normalidade, são milhões os que constroem o escudo que protege este enorme processo libertador.
Marcharam com fervor e muita alegria, não havia raiva em seus gestos, pelo contrário. Bailaram, cantaram e entoaram as consignas anti-imperialistas de toda a vida, desde o “ianques go home” até o “não passarão” das lutas antifascistas dos povos. Eram operários, estudantes, gentes dos bairros humildes, mulheres empoderadas e milhares de jovens que cresceram com o direito de ingressar nas Universidades populares e ter acesso aos planos de saúde das Missões. Saíram às a ruas, com a decisão de mostrar aos que ainda duvidam deste processo libertador de que eles sim estão dispostos a defendê-lo. Ali também estava uma aguerrida delegação dos movimentos sociais do mundo, que neste domingo inauguraram o Encontro da Assembleia Internacional dos Povos, instância organizativa que começará a se construir passo a passo em prol da Revolução internacional. Entre eles e elas, pôde ver-se sul-africanos do sindicato metalúrgico Numsa, que dançaram seus bailes típicos dando vivas a Venezuela, junto a brasileiros que gritavam “Lula Livre”, argentinos que protestavam contra Macri e até jovens bascas e catalãs abraçadas com suas bandeiras nacionais. Por todas as suas vozes, “a espada de Bolívar” segue caminhando, como fará o socialismo, pela América Latina, e em seu grito militante recebiam como devolução das massas chavistas “saudações solidárias e revolucionárias”. Uma festa do povo, que comemorava a vitória obtida frente a uma nova tentativa do Império mais terrorista que já atacou a humanidade.
Em seguida falou seu presidente, eleito em maio por milhões e não como esse covarde que se autoproclamou e agora terá que ficar vivendo em Cúcuta ou Bogotá ou terminar em um presídio junto com outros terroristas de seu calibre. Escutá-lo nesta ocasião dirigindo-se aos construtores cotidianos da Revolução lembrou outros atos similares protagonizadas por seu mestre Hugo Chávez, a quem Maduro não somente homenageia como também na prática cumpre com seu legado.
Neste 23F a Revolução Bolivariana obteve outro tento, o da paz com justiça social frente à guerra imperialista. Porém, não se pode ser triunfalista com o inimigo que se enfrenta hoje. Insistirão, são ferozes, impiedosos. Já o demonstraram e usam o que têm às mãos para hostilizar os povos. Por isso não há que baixar a guarda. Guaidó já pediu a seus cúmplices praticamente que ponham em marcha o recurso da intervenção armada. Trump, que seguramente se dá conta dos inúteis que são seus “muchachos”, estará imaginando novas investidas. É preciso valorizar a conquista por ora, sem se descuidar.
Não podem com a coragem deste povo. Não poderão.
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)
http://www.resumenlatinoamericano.org/2019/02/24/venezuela-bolivariana-se-anoto-otra-victoria-estrategica-este-23f/


Nenhum comentário:

Postar um comentário