quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Trump quer assaltar a Venezuela


Por Narciso Isa Conde




A conquista da maioria eleitoral na Assembleia Nacional da Venezuela foi usada pela extrema direita venezuelana, sob a tutela antes de Obama e, em seguida (com mais raiva e grande estupidez) de Donald Trump, tentando derrubar internamente o Governo Central, eleito por maioria, a favor das forças chavistas.
No centro dessa determinação estava – e está – o poder imperialista dos EUA e seus aliados em escala continental e global.
A resposta bolivariana a esta determinação imperialista, depois de muitas provocações, foi o cancelamento desse corpo legislativo sedicioso e a convocação da Assembleia Constituinte para reestruturar as bases constitucionais e instituições daquele país.
Então, o chavismo passou para a ofensiva e a extrema direita começou a decair, registrando-se uma vitória esmagadora do PSUV e das forças aliadas; o plano dos EUA, pois, retornou àquele de dar prioridade à sedição e especificamente optou mais categoricamente por uma saída do tipo da Líbia, ajustada às condições latino-caribenhas.
Às portas de uma derrota em novas eleições presidenciais, semelhante às prévias nas legislativas estaduais, Washington ordenou seus fantoches locais a se abster de concorrer às eleições para, mais tarde, declarar “ilegítima” a certa reeleição de Maduro.
Rumo a outra variante da “guerra de quarta geração”
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Isso é o que está sendo executado desde 10 de janeiro, dentro de uma estratégia de amplo espectro tende a desencadear uma variante continental da “guerra de quarta geração” a cargo do Pentágono, com contribuição intensa e pérfida do Estado terrorista colombiano e a fatídica Aliança do Pacífico, assim como a vergonhosa adesão do governo traidor de Lenin Moreno (Equador) e a honrosa exceção do México, liderado agora por Lopez Obrador.
A esses tipos de governos bandidos (incluindo Argentina, Brasil, Paraguai e Honduras, sob mandatos neofascistas), absolutamente desprezíveis, se juntou, com a sinuosidade própria do peledismo, o governo da ditadura constitucional mafiosa presidida por Danilo Medina (República Dominicana).
Tremenda lição, não a única, para o presidente Maduro e a direção do PSUV, que privilegiaram as relações políticas privilegiadas em favor do PLD e incorreram em graves faltas de solidariedade com as lutas travadas nos últimos anos pelo povo dominicano, pelas esquerdas e movimentos sociais mais consequentes.
O burro e quem o montou
TRUMP está por trás de seu Macri, seu Bolsonaro, seu Juan Orlando Hernández … para nomear seu governador de colônia em uma presumida Venezuela pós-Bolivariana e pós-Chávez.
Agora, em seu Juan Guaidó, ele tem seu Temer como “transição” ou “situação provisória”, candidato a “presidente interino” de sua programada invasão pós-moderna.
Trump está em busca de seu próprio modelo. Mas, acima de tudo, o império decadente que ele agora preside está atrás do petróleo, do gás, do ouro, da água, da biodiversidade, de minerais estratégicos, solo, subsolo e sobressolo desse país imensamente rico. Está em busca da anulação de sua soberania. Em busca da recolonização de todo o Continente.
Apenas “uma coisa pensa o burro” … porque a verdade verdadeira é que a Venezuela e o povo-povo que Chávez deixou, para além das limitações, erros, inconsistências, hesitações, inconsequências e falta de jeito do presidente Maduro e sua equipe de governo (ainda que é preciso reconhecer seu anti-imperialismo e firmeza, o que não é pouca coisa) – têm uma alta autoestima e um grande senso de soberania e sentimento de Pátria Grande.
Nossa América, além disso, não deve mais ser considerada “quintal” e cenário de escárnio e pilhagem.
Lá e além vai ter luta e muita luta. A guerra que Trump propõe terá sua contraparte, se ele definitivamente ousar implantá-la.
Acontece que na Venezuela a insurgência pode ser radical e massiva, não é apenas um confronto entre exércitos e pode estender-se para além de suas próprias fronteiras.
A Venezuela não está sozinha. A contraofensiva bestial dos EUA no continente provoca mudanças temporárias, mas não estabilidade.
A infâmia desaparece quando a bestialidade exibe sua verdadeira face.
O processo bolivariano tentou ser pacífico, mas nunca se desarmou, nem no nível das forças armadas chavistas regulares, que têm uma vocação revolucionária, nem no nível do povo.
Vamos nos preparar então. A hora dos fornos se aproxima e exige internacionalismo de verdade e solidariedade sem limites.
Tradução do Partido Comunista Brasileiro (PCB)
Publicado em 24 de janeiro de 2019

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