Por: Reinaldo
Azevedo
Publicada: 16/02/2019
- 7:47
“Se quiser fechar o governo Bolsonaro,
você sabe o que faz? Você não manda nem um jipe. Manda um capitão reformado e
seu filho malcriado”. Quem tem de ser isolado e tutelado não é Carlos, o filho,
mas Jair, o pai. A tal “velha política”, expressão frequentemente empregada por
vigaristas e cretinos, e os militares terão de se juntar para neutralizar o
presidente da República (foto), num esforço de salvar o seu mandato.
Para quem não se lembra, parafraseio,
no primeiro parágrafo, o filho Zero Três, Eduardo, que afirmou, em palestra
concedida em julho do ano passado, que um soldado e um cabo constituiriam força
suficiente para fechar o Supremo.
A família não tem muito apreço pelas
instituições, como restou provado, mais uma vez, nesse episódio envolvendo
Gustavo Bebianno, que está sendo chutado com todas as desonras.
É claro que não há como Bebianno
continuar. Se fica, corre o risco de não lhe servirem nem mesmo um café no
Palácio do Planalto. Não há dúvida de que o PSL, sob o seu comando, fez
lambança com a verba do Fundo Eleitoral, que é dinheiro público. Mas é preciso
que um presidente da República seja estupidamente irresponsável para dar ao problema
a dimensão de uma crise política.
Digam-me cá: alguém está surpreso? Eis
o Bolsonaro de sempre. O político que endossou e ajudou a propagar a mensagem
em que o filho Carlos, o Zero Dois, chamava Bebianno de mentiroso é aquele que
disse a uma deputada que não a estupraria porque, feia a seu juízo, ela não
seria merecedora de tal distinção. Ou que estimou em arrobas o peso de um
quilombola, que não serviria nem mais para a reprodução. Ou que exaltou um
grupo de matadores na Bahia, convidando-o a atuar no Rio, sua base eleitoral.
Ou que elogiou o trabalho das milícias — em parceria, em tão nobre propósito,
com Flávio, o Zero Um. Ou que afirmou que o erro da ditadura “foi torturar e
não matar”. Ou que recomendou aos pais que dessem “um coro” no filho ainda
criança se notassem alguma evidência de homossexualidade.
Vamos ser claros? Quando deputado,
sempre foi um arruaceiro do baixo clero, dando voz aos propósitos mais
asquerosos. E sua pauta foi herdada pela descendência. Ah, sim: ele não parece
ter sido do tipo que deu coro em suas crias. Ele as adula até hoje, em especial
quando fazem besteira. Não é preciso muito esforço para perceber que os
Bolsonaros consideram a Presidência da República uma empreitada familiar. Sabem
como é… Não é todo dia que um clã tão preparado se apresenta com vocação para a
causa pública. Os EUA tiveram os Kennedys. As nossas elites se apaixonaram
pelos Bolsonaros…
Pergunto de novo: alguém está surpreso?
Em maio do ano passado, o então pré-candidato à Presidência gravou um vídeo em
apoio à greve dos caminhoneiros, como se vê no blog do Reinaldo Azevedo, com
aquela gramática muito peculiar.
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