domingo, 27 de janeiro de 2019

NOVO CRIME AMBIENTAL EM MG: O CAPITALISMO MATA



Em  25 de janeiro de 2019
















Após três anos do crime de Mariana, nova barragem da Vale se rompe em Minas Gerais Redação – Brasil de Fato
A barragem Mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale, se rompeu nesta sexta-feira (25) em Brumadinho, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais.
As primeiras informações indicam que os rejeitos atingiram a área administrativa da companhia e parte da comunidade da Vila Ferteco. A Vale confirmou que havia empregados na área administrativa, que foi atingida pelos rejeitos, indicando a possibilidade de vítimas. O Corpo de Bombeiros resgatou, até o final da tarde, quatro pessoas feridas, que foram encaminhadas ao hospital João XXIII, em Belo Horizonte.
O Instituto Inhotim, o museu a céu aberto de arte contemporânea localizado no município, foi evacuado por precaução.
O rompimento da barragem em Brumadinho ocorre pouco mais de três anos do crime ambiental em Mariana, também em Minas Gerais – acidente que, em novembro de 2015, liberou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração na região e deixou 19 mortos após rompimento de barragem de Fundão, da mineradora Samarco.
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Maria Júlia Gomes de Andrade, coordenadora do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), afirma que o licenciamento foi concedido a toque de caixa pelo governo estadual, em dezembro.
“Eles tramitaram, nesta expansão, as três licenças juntas (prévia, de instalação e de operação), que é uma forma de acelerar o processo. Toda a população do entorno do projeto estava com terror do que significaria essa expansão. Temos agora a confirmação que o medo das pessoas se materializou” , pontua.
Já o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) prestou solidariedade com os atingidos pelo rompimento da barragem. “Denunciamos o atual modelo de mineração, com empresas privatizadas e multinacionais que visam o lucro a qualquer custo que afeta a vida de milhares de pessoas”, diz nota do movimento.
“A Barragem tem capacidade de 1 milhão de m³ de rejeitos, que agora serão derramados sobre o Rio Paraopeba, deixando um rastro de destruição e morte e colocando em risco o abastecimento de milhares de famílias em mais de 48 municípios da Bacia do Paraopeba.”
O deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG), autor do PL 3650/2015, que proíbe barragens molhadas e incentiva a adoção de barragens secas também se posicionou sobre o desastre ambiental.
“É uma irresponsabilidade criminosa, porque estamos tratando do mesmo grupo, em menos de três anos novamente e na mesma região. É inaceitável que uma irresponsabilidade com a vida das pessoas e com o meio ambiente possa continuar dessa forma”, disse o parlamentar.
Alerta No fim de 2018, o Brasil de Fato publicou uma matéria que alertava sobre a ampliação da mina na cidade.
No dia 11 de dezembro, o Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) aprovou a ampliação da mina em Brumadinho e de outra em Sarzedo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. As minas estão localizadas na zona de amortecimento do Parque Estadual da Serra do Rola Moça e enfrentavam forte resistência dos moradores.
A continuidade das operações nas duas minas foi aprovada com apenas um voto contrário e duas abstenções, segundo Maria Teresa Viana, integrante do Copam. “Se eles estão fazendo isso em uma área que é tão perto da população, em locais mais afastados é uma tratoragem, uma atrás da outra”, declarou, na época, a ambientalista Maria Teresa Viana.
Em nota, o governo do estado de Minas Gerais informou que uma força-tarefa está no local do rompimento para acompanhar e tomar as primeiras medidas. Já a Vale informou que “a prioridade total da empresa, neste momento, “é preservar e proteger a vida de empregados e de integrantes da comunidade”.
O presidente de extrema direita Jair Bolsonaro, no Twitter, lamentou o acidente e disse que a maior preocupação no momento é “atender eventuais vítimas desta grave tragédia”. No início da semana, no Fórum Econômico Mundial de Davos, Bolsonaro afirmou que “somos o país que mais preserva o meio ambiente. Nenhum outro país do mundo tem tantas florestas como nós”.
Edição: Tayguara Ribeiro
Rompimento das barragens já era esperado por moradores de Brumadinho (MG) Há anos, Movimento das Águas de Casa Branca realiza ações contra o avanço da atividade na região Wallace Oliveira – Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) Duas barragens da Vale romperam nesta sexta (25) em Brumadinho (MG) – Créditos: Reprodução de WhatsApp Duas barragens da Vale romperam nesta sexta (25) em Brumadinho (MG) / Reprodução de WhatsApp O rompimento de duas barragens da Vale em Brumadinho (MG), na tarde desta sexta-feira (25), possivelmente é um dos maiores crimes ambientais da história da mineração no Brasil, ao lado do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015. Segundo Clara Paiva Izidoro, consultora de empresas e moradora de Casa Branca, distrito de Brumadinho, já havia entre os moradores um temor de que um desastre dessa natureza ocorresse.
“Nós vamos ter um impacto imenso. Nós já vínhamos reconhecendo que várias barragens andavam com risco e isso tem relação com abalos sísmicos pequenos que estão acontecendo na região. Isso significa que, se houve um sismo nessa região, que tem muitas barragens, ainda podemos ter outros eventos. Então, esta é uma área de muito risco”, explica.
Denúncia publicada no Brasil de Fato no mês passado mostrou que os moradores se opuseram fortemente à autorização do governo de Minas para que as empresas Minerações Brasileiras Reunidas S.A. e Vale operassem nos municípios de Brumadinho e Sarzedo.
Há cerca de uma década, o Movimento das Águas de Casa Branca realiza inúmeras ações contra o avanço da mineração. O grupo tem alertado para o fato de que a as mineradoras operam nas proximidades do Parque Estadual da Serra do Rola Moça e de seis mananciais que abastecem 40% da Região Metropolitana de Belo Horizonte, fornecendo água para mais de 2 milhões de pessoas. Um abaixo-assinado chegou a ser feito, com 82 mil assinaturas.
“Meu sentimento de moradora e cidadã é de não estar sendo ouvida nem respeitada. Quando a gente se levanta contra a mineração, ouvimos que somos doidos, como se a gente fosse criminoso. Não temos mais portas para bater”, relatou Clara Paiva.
Edição: Larissa Costa
Onda de lama da Vale deve atingir 19 municípios de MG, afirmam especialistas Especialistas alertam sobre medidas para evitar um dano ainda maior, após o rompimento da barragem em Brumadinho (MG) Leonardo Fernandes – Brasil de Fato | São Paulo Embora a quantidade de rejeito de mineração vazada da barragem localizada no município de Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte (MG), seja menor do que a despejada sobre o Rio Doce em dezembro de 2015, os danos socioambientais serão grandes. O alerta é feito pelo biólogo Renato Ramos.
“As informações são muito desencontradas no momento. A gente vê informações de que são um milhão de metros cúbicos de rejeito, outras de que pode chegar a até 13 milhões de metros cúbicos de rejeito. É uma proporção muito menor do que aconteceu no desastre de Mariana, mas também é um desastre severo”, alerta.
Ramos é responsável por um estudo, em parceria com o geólogo Sófocles de Assis, e que aponta que 19 municípios mineiros devem ser atingidos pela onda de lama. São eles: Betim, Brumadinho, Curvelo, Esmeraldas, Felixlândia, Florestal, Fortuna de Minas, Igarapé, Juatuba, Maravilhas, Mário Campos, Morada Nova de Minas, Papagaios, Pará de Minas, Paraopeba, Pequi, Pompéu, São Joaquim de Bicas e São José da Varginha. Segundo os pesquisadores, é possível que a pluma chegue até a barragem de UHE Retiro Novo, próximo a Três Marias.
Ao Brasil de Fato, os especialistas afirmaram que já vinham trabalhando no estudo das consequências do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, e por isso puderam elaborar rapidamente um prospecto do impacto dessa nova tragédia. Esses estudos poderiam, por exemplo, evitar que a lama chegue ao Rio São Francisco, provocando um dano ainda maior.
“A gente está pensando nesse momento que uma medida para conter o fluxo da lama é fechar a barragem de Três Marias. Ali tem um reservatório muito grande e talvez a quantidade de água que existe ali depure a lama, segura ela, que seria depositada no leito do reservatório. Isso ajudaria a não impactar o restante do Rio São Francisco”.
Estudos apontam que há mais de 400 barragens de rejeitos no território mineiro, sendo que 50 apresentam não tem garantia de estabilidade e apresentam riscos.
O rompimento ocorreu no começo da tarde desta sexta-feira. O governo de Minas Gerais afirmou que a Defesa Civil do Estado já enviou uma equipe para o local. Anda não há estimativa sobre o número de pessoas atingidas.
Edição: Luiz Felipe Albuquerque


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