sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

PF deflagra operação contra desvio de emendas parlamentares

 

Ação autorizada por Flávio Dino mira suspeitas de irregularidades na destinação de verbas públicas e cumpre mandados de busca em Brasília

12 de dezembro de 2025



 

Polícia Federal prende acusados de ataques bilionários a bancos e frustra plano contra a Caixa (Foto: Agência Brasil )

 


Por Otávio Rosso

247 - A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (12) a Operação Transparência para apurar suspeitas de irregularidades na destinação de recursos públicos provenientes de emendas parlamentares. A ofensiva tem como foco possíveis esquemas de desvio de verbas e ocorre no contexto de ações que discutem a necessidade de maior transparência no uso desses recursos.

A operação foi autorizada pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator de processos que questionam a transparência na execução das emendas parlamentares. Nesta etapa, os agentes cumprem dois mandados de busca e apreensão em endereços localizados em Brasília.

Segundo a Polícia Federal, a investigação busca esclarecer a ocorrência de crimes como peculato, falsidade ideológica, uso de documento falso e corrupção. 

 

quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Congresso inimigo do povo

Enquanto isso, o país real segue largado à própria sorte

11 de dezembro de 2025

Por Julimar Roberto (Comerciário e Presidente da CONTRACS/CUT


 

 

 




São Paulo (SP) - 21/09/2025 - Manifestantes participam de ato contra a PEC da Anistia e da Blindagem, no MASP (Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil)

Mais alguém aí tem a impressão de que o Brasil faz um tremendo esforço para caminhar para frente, enquanto o Congresso insiste em puxá-lo para trás? É esse meu sentimento e sei que muita gente tem essa mesma impressão.

Sei que nunca tivemos um Congresso tão conservador quanto o atual. Também sei que as bancadas BBB — da Bala, da Bíblia e do Boi — jamais ofereceriam trégua à classe trabalhadora. Mas daí a descaracterizar por completo a ideia de que as duas Casas Legislativas existem para servir ao povo brasileiro… aí já é demais. Ou alguém discorda?

Vemos constantemente decisões e projetos discutidos em Brasília que reacendem a incômoda pergunta de “a quem o Congresso Nacional serve?”. Porque, ao que parece, não é à maioria da população. Não quando parlamentares se empenham mais em proteger golpistas e blindar seus próprios privilégios do que em garantir direitos, fortalecer o Estado Democrático de Direito e responder às urgências sociais.

A aprovação em plenário da Câmara, na madrugada do último dia 10, do PL da Dosimetria que reduz drasticamente as penas de condenados pelo ataque golpista de 8 de janeiro — incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro — simboliza esse descompasso. O texto permite aplicar apenas a pena mais grave, ignorando o acúmulo de crimes comprovados, além de flexibilizar progressões e facilitar saídas antecipadas. Trata-se de uma “anistia de fato”, ainda que seus defensores jurem que não passa de técnica jurídica. Mas o efeito concreto é que um condenado a mais de 27 anos pode ter sua pena reduzida para 2 ou 3 anos de prisão efetiva. 

E os desatinos não param por aí. A chamada PEC da Blindagem, que exige autorização do próprio Congresso para que o STF processe parlamentares, avança sorrateira. Com votação secreta, claro — porque quem é inimigo do povo raramente trabalha às claras. Esse é mais uma proposta absurda e que abre as portas para a impunidade institucionalizada, criando uma espécie de “capa protetora” para políticos acusados dos mais diversos crimes. Um ataque direto ao equilíbrio entre poderes e ao combate à corrupção.

Enquanto isso, o país real — o das filas no SUS, das trabalhadoras e dos trabalhadores massacrados por baixos salários, das mulheres que lutam para manterem-se vivas, dos jovens ameaçados pelo desemprego — segue largado à própria sorte. Para esses brasileiros e brasileiras, não há tramitação acelerada, não há madrugada de votação, não há blindagem e nem vontade política. 

É por isso que a reação foi imediata. “Congresso inimigo do povo!” Não é exagero; é constatação! É a percepção de que parte significativa dos parlamentares age em defesa de si mesma, de minorias privilegiadas e, sobretudo, de grupos que tentaram destruir as instituições republicanas.

O fato é que o Brasil não pode permitir que o Parlamento se transforme num escudo para golpistas e num bunker de privilégios. Democracia exige coragem. E coragem se expressa na defesa firme da justiça, da transparência e do compromisso com o interesse público.

O povo brasileiro já pagou caro demais por escolhas equivocadas, por omissões e por alianças feitas nas sombras. E pagará de novo se não agir.

O ano que vem é a nossa oportunidade de arrumar a casa. Em 2026, além do presidente da República, escolheremos os deputados e senadores que poderão – ou não – fazer a diferença. Se votarmos errado, como da última vez, continuaremos à mercê, entregues a um Congresso que escolhe proteger poucos e abandonar todo o resto. Mas, se votarmos com consciência, com memória e com coragem, poderemos recolocar o Parlamento no lado certo da história, do nosso lado, do lado do povo.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Movimentos sociais organizam ato contra "Congresso inimigo do povo" neste domingo

 

Manifestações estão previstas para domingo após aprovação de projeto que beneficia condenados por tentativa de golpe

10 de dezembro de 2025



 

Rio de Janeiro (RJ), 21/09/25 - Manifestantes protestam contra a PEC da Blindagem e PL da Anistia na orla de Copacabana (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)



247 - Movimentos sociais e entidades civis estão organizando um ato nacional para este domingo com críticas ao que chamam de “Congresso inimigo do povo” e palavras de ordem como “Fora Hugo Motta” e “Fora Davi Alcolumbre”, em referência aos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, respectivamente. A mobilização ocorre em meio à reação popular à aprovação de um projeto de lei que reduz penas de condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Na madrugada desta quarta-feira (10), a Câmara dos Deputados aprovou, por 291 votos a 148, o texto-base do projeto que altera a forma de cálculo das penas para crimes ligados à tentativa de golpe de Estado e à abolição do Estado Democrático de Direito. O texto aprovado é um substitutivo apresentado pelo relator Paulinho da Força (Solidariedade-SP) ao PL 2162/23, originalmente proposto pelo deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) e outros parlamentares.

Ainda estão em análise destaques apresentados pelo PSB e pelas federações Psol-Rede e PT-PCdoB-PV, que tentam modificar trechos considerados mais sensíveis da proposta. 

Mudança na soma de penas

Um dos pontos mais controversos do projeto é a alteração na forma de aplicação das penas. Pelo novo texto, quando os crimes de tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito e golpe de Estado ocorrerem no mesmo contexto, será aplicada apenas a pena mais grave, e não a soma das penas, como acontece atualmente.

Na prática, a mudança reduz o tempo total de prisão e pode beneficiar diretamente os condenados pelos atos golpistas, inclusive nomes ligados à cúpula do governo anterior. Segundo dados da Agência Câmara Notícias, a nova regra pode alcançar condenados pela 1ª Turma do STF, entre eles:

·          Jair Bolsonaro, ex-presidente da República

·          Almir Garnier, ex-comandante da Marinha

·          Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa

·          Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil

·          Augusto Heleno, ex-chefe do GSI

·          Anderson Torres, ex-ministro da Justiça

·          Alexandre Ramagem, deputado federal

As penas aplicadas a esse grupo variam entre 16 e 24 anos de reclusão em regime fechado, além de outras punições de detenção que devem ser cumpridas posteriormente.

Regra mais dura para líderes de organização criminosa

Outro ponto do texto aprovado estabelece uma regra mais rígida para condenados que tenham sido considerados líderes de organizações criminosas. Nesses casos, o projeto determina que a pessoa deverá cumprir ao menos 50% da pena antes de ter direito à progressão de regime.

Essa regra pode impactar diretamente o caso de Jair Bolsonaro, condenado pelo STF a 27 anos e 3 meses de prisão, já que a Corte considerou o agravante de liderança de organização criminosa na dosimetria da pena.

terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Glauber Braga anuncia que vai registrar boletim de ocorrência contra Hugo Motta

Deputado afirma que presidente da Câmara ordenou sua retirada à força da Mesa Diretora

09 de dezembro de 2025



Glauber Braga (Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados)

 



Por Paulo Emilio

O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) afirmou que pretende registrar um boletim de ocorrência contra o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). A afirmação foi feita após o episódio ocorrido nesta terça-feira (9), quando o parlamentar foi retirado à força da Mesa Diretora por ordem da Polícia Legislativa.

Segundo a CNN Brasil, Glauber contestou a determinação e responsabilizou diretamente o comando da Casa. O deputado declarou que a medida foi tomada de forma explícita e que a corporação apenas cumpriu ordens superiores.

: “[O boletim] é contra a instituição, contra quem ordenou a ação da polícia legislativa, mais especificamente, melhor dizendo, contra o presidente da Câmara dos Deputados pela ordem que deu à Polícia Legislativa. A ordem partiu dele, a polícia quando chega lá, ela é evidente em dizer: a ordem é essa”, disse Glauber. 

Ao jornal O Globo, ele disse que iria “na 5ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal para fazer o registro e esperar que a autoridade policial solicite o exame de corpo de delito". As correligionárias Sâmia Bomfim - esposa de Glauber - e Célia Xakriabá também disseram que pretendem registrar boletim de ocorrência.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Em memória da Coluna Prestes



 

Membros da Coluna Prestes – Acervo de Luiz Carlos Prestes Filho

Edmilson Costa*

A Coluna Prestes completou, neste ano de 2025, 100 anos. Trata-se de um evento dos mais emblemáticos da história brasileira e uma epopeia militar extraordinária, maior que a de Alexandre da Macedônia ou a Grande Marcha de Mao Tse Tung, uma vez que as tropas comandadas pelo capitão Luís Carlos Prestes e composta por tenentes insurgentes e rebeldes populares que se incorporaram à luta, enfrentaram as tropas melhor armadas e muito mais numerosas do então presidente Artur Bernardes, ao longo de 25 mil quilômetros, do Sul ao Norte, do Nordeste ao Centro-Oeste do país, numa guerra de guerrilhas invicta, entre os anos de 1925 e 1927. A coluna insurgente saiu do interior do Rio Grande do Sul, incorporou os tenentes sublevados de São Paulo, percorreu o país inteiro desafiando as forças oligárquicas da República Velha e, nessa trajetória pelo Brasil profundo, escreveu na memória nacional um dos mais belos capítulos da luta popular por justiça social e liberdade.

Portanto, celebrar o centenário da Coluna Prestes deve ser entendido não apenas como um evento militar, mas especialmente como um episódio importante para compreender o Brasil daquela época (e ainda hoje), marcado pelo coronelismo, pelos latifundiários, pelas desigualdades e miséria da imensa maioria da população. Seu legado continua muito atual porque encarnou valores que ainda são muito atuais, tais como a luta pelas transformações sociais, o combate à oligarquia, ao latifúndio, à corrupção e ao autoritarismo dos grupos conservadores, bem como a defesa da soberania nacional e popular. Celebrar este centenário da Coluna é também recordar que o povo brasileiro, em condições muito mais difíceis que atualmente, se levantou contra a opressão e, portanto, pode novamente contestar a ordem estabelecida. É também lembrar que a população pobre da caatinga, dos sertões, do planalto foi capaz de apoiar a coragem e a dignidade daqueles revolucionários que, através da luta popular armada, decidiram enfrentar os poderosos e buscar uma pátria livre e democrática.

Um século depois, a Coluna Prestes permanece como um desses raros acontecimentos que não envelhecem porque foi capaz de revelar o nervo exposto da sociedade brasileira da época, não só em relação à miséria das grandes massas, mas também sobre o poder dos grandes proprietários, a manipulação política das elites regionais, a violência contra os pobres e a ausência histórica de direitos para a maioria da população. A marcha da Coluna também obteve a simpatia da imensa maioria do povo sertanejo, que proporcionou comida, água e informações sobre o inimigo, uma vez que a Coluna se transformou, aos olhos da população rural, num exemplo de ousadia e retidão nas relações entre os insurgentes e a população. Como relata o próprio comandante da Coluna, Luís Carlos Prestes, em entrevista ao Estado de São Paulo: “Encontrávamos um ambiente de muita simpatia. As populações que não fugiam e que mantinham contato conosco compreendiam que lutávamos contra seus inimigos. O povo do interior via no governo federal, nos governos estaduais e municipais e nos grandes fazendeiros os seus inimigos e percebia que todos lutavam contra nós. Não tinham consciência suficiente para aderir à luta e dar suas vidas a uma causa que ainda não compreendiam”[1].

Além disso, a Coluna se converteu em matéria prima para uma grande radiografia do Brasil profundo ao revelar a estrutura das desigualdades brasileiras, que só muito depois a historiografia viria a reconhecer. Ou seja, o Brasil urbano que contrastava com o país interiorano, majoritariamente rural, analfabeto e miserável. Expôs ainda o poder dos donos das terras e das fraudes nas eleições, escancarando o domínio de uma oligarquia reacionária e violenta. Como ressalta Prestes na mesma entrevista: “Não podíamos imaginar que a situação dos homens do campo fosse tão miserável, apesar de conhecermos as favelas das grandes cidades. O quadro era realmente de horrorizar. O que vimos no interior do Mato Grosso, Goiás, Nordeste foi miséria e exploração. Além disso, as condições sanitárias terríveis … Houve o caso de encontrarmos em algumas choças uma família com três mocinhas. Duas ficaram dentro de casa porque só havia um vestido. As outras estavam nuas e não podiam aparecer. Não era por medo da Coluna, porque o respeito era absoluto, mas sim porque não tinham roupa para vestir”[2].

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Deputada Ana Júlia denuncia ao MP escola que obrigou alunos a cantar música de apologia ao extermínio

Colégio cívico-militar em Curitiba obrigou estudantes a entoar canto que faz apologia ao ódio e à violência


Ana Júlia Ribeiro (Foto: Orlando Kisner (Divulgação)


 


 




Por Leonardo Sobreira

247 - A deputada estadual Ana Júlia Ribeiro (PT-PR) informou nesta segunda-feira (1) que acionou imediatamente o Ministério Público, enviou uma representação à Defensoria Pública e cobrou esclarecimentos da Secretaria de Educação do Paraná, após o APP Sindicato (Sindicato dos(as) Professores(as) e Funcionários(as) de Escola do Paraná) revelar que estudantes de um colégio estadual cívico-militar de Curitiba foram obrigados a cantar uma música que faz apologia ao ódio, à violência e ao extermínio de comunidades periféricas.

No vídeo citado pela parlamentar, adolescentes aparecem entoando trechos como “Entrar na favela e deixar todos no chão” enquanto marcham sob comando militar. 

"A cena é chocante e, infelizmente, não é um caso isolado dentro do programa de escolas cívico-militares implementado no Paraná", diz a deputada. "Desde sua criação, esse modelo tem acumulado denúncias de práticas de doutrinação extremista, desrespeito a direitos fundamentais e naturalização da violência, ferindo de forma direta o caráter democrático, plural e formativo que deve orientar a escola pública", denuncia. 

Ainda segundo Ana Júlia, o modelo de escolas cívico-militares é ilegal, inconstitucional e socialmente destrutivo.