Percepção é de que Trump tenta emparedar governos que adotam postura independente em relação à Casa Branca.
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Lula e Donald Trump (Foto: ABR | Reuters) |
Por Paulo Emilio
247 - O envio de navios
de guerra norte-americanos para a costa da Venezuela é visto pelo governo
brasileiro como uma tentativa explícita de intimidação da América Latina.
Segundo integrantes do Executivo ouvidos pela CNN Brasil, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,
busca transmitir um recado direto aos países da região: se necessário, estaria
disposto a recorrer ao uso da força para conter governos que adotem políticas
contrárias aos interesses ideológicos ou econômicos de Washington. Entre as
nações mencionadas estão Brasil, Colômbia, México e Panamá.
O Brasil, que tem resistido a
iniciativas de interferência externa, figura entre os alvos dessa ofensiva
política. Colômbia e México, liderados por governos de esquerda, também mantêm
atritos importantes com Trump. No caso panamenho, apesar do governo de direita,
há forte preocupação na Casa Branca com a presença chinesa em torno do Canal do
Panamá e com o fluxo migratório pela região do Darién, considerado uma das
principais rotas de entrada rumo à América do Norte.
Fontes do governo brasileiro destacam
que, apesar da retórica agressiva, não há expectativa de que a Casa Branca
ordene, neste momento, uma ação militar direta contra a Venezuela de Nicolás
Maduro. A estratégia estaria mais voltada a demonstrar poder, reforçando a
presença estadunidense com fuzileiros navais e embarcações de guerra para
manter a região sob influência de Washington. Essa postura é comparada por
analistas à antiga Doutrina Monroe, formulada no século 19 para consolidar o
controle dos EUA sobre o continente.
Ainda conforme a reportagem, um dos
principais articuladores dessa política de pressão é o secretário de Estado
Marco Rubio. Filho de exilados cubanos que se opuseram à revolução de Fidel
Castro, Rubio mantém histórico de forte hostilidade contra governos
progressistas na América Latina e tem desempenhado papel central no
endurecimento da diplomacia da Casa Branca.
Na Colômbia, as divergências estão
relacionadas ao combate à produção de cocaína e à imigração. O presidente
Gustavo Petro, um dos principais líderes da esquerda latino-americana, tem sido
vocal em suas críticas a Trump, o que acirrou ainda mais a relação.
No México, governado por Claudia
Sheinbaum, o impasse se concentra na crise migratória e no fentanil, droga que
se tornou uma das maiores emergências de saúde pública nos EUA. Washington
acusa os cartéis mexicanos de controlar a produção e distribuição da substância
e critica o governo local pela falta de ação. Trump e Rubio chegaram a ameaçar
o uso das Forças Armadas para bombardear instalações ligadas ao narcotráfico no
país vizinho. Já o Panamá segue na lista de preocupações de Washington por
conta do papel estratégico do canal interoceânico e do aumento da influência
chinesa na região.
De acordo com as fontes consultadas pela CNN, todas
essas movimentações fazem parte de um pacote maior da Casa Branca para
reafirmar que os Estados Unidos não admitirão políticas que tirem a América
Latina de sua órbita de influência.
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