Analista geopolítico diz que a guerra do Império contra o Irã deverá ser um tema central da cúpula do BRICS, no Rio de Janeiro, em julho
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| (Foto: REUTERS | Brasil247) |
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247 – O jornalista
e analista geopolítico Pepe Escobar afirmou, em entrevista ao jornalista
Leonardo Attuch, editor da TV 247, nesta sexta-feira 13, que o ataque de Israel
ao Irã representa um capítulo decisivo da guerra global conduzida pelos Estados
Unidos — por meio de Israel — contra o BRICS. A entrevista foi realizada poucas
horas após o bombardeio israelense que atingiu cientistas, militares e instalações
nucleares iranianas, incluindo a central de Natanz.
Segundo Escobar, o ataque ocorreu na
véspera de uma nova rodada de negociações indiretas entre Estados Unidos e Irã,
prevista para domingo em Omã. Para ele, trata-se de uma estratégia deliberada
para inviabilizar qualquer avanço diplomático. “A guerra do Império contra o
Irã agora entra de vez na mesa dos BRICS”, afirmou. “Israel está provocando
deliberadamente uma escalada, empurrando o governo Trump a se envolver
diretamente.”
Uma declaração de
guerra ao Irã e ao BRICS
Pepe Escobar classificou o bombardeio
como uma “declaração de guerra” e afirmou que a resposta iraniana, já anunciada
como a “Promessa Verdadeira 3”, será inevitável. “A primeira onda, com mais de
100 drones, foi só o começo. O Irã vai responder com mísseis balísticos e
hipersônicos, em camadas, visando desmontar a capacidade de defesa aérea
israelense.”
O analista denunciou que Israel está
promovendo uma guerra de extermínio contra todos os que se opõem ao seu projeto
colonialista no Oeste da Ásia. “Israel é uma máquina de matar, não é um
Estado-nação. É um tumor geopolítico. Ataca Gaza, o Líbano, o Iêmen e agora o
Irã. Não há como negociar com uma entidade assim”, disse.
BRICS como alvo
geopolítico
Escobar argumentou que o ataque não tem
apenas uma dimensão regional, mas global, atingindo diretamente a espinha
dorsal energética do BRICS. “O Irã é parte estratégica do BRICS. O país tem
tratados de cooperação com China e Rússia. Esse ataque é uma agressão direta ao
BRICS como estrutura geoeconômica multipolar”, explicou.
Segundo ele, o ataque deverá ter
profundas repercussões na cúpula do grupo, que será realizada no Rio de Janeiro
em julho, sob a presidência do Brasil. “Vai ser inevitável. O BRICS terá que
discutir essa guerra. A presidência brasileira tem agora a responsabilidade de
colocar essa questão sobre a mesa.”
A lógica do caos:
de Soleimani a Natanz
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Pepe Escobar relembrou que a lógica
do ataque é a mesma do assassinato do general iraniano Qassem Soleimani em
2020. “Ambos os ataques ocorreram na véspera de negociações. São sabotagens
diplomáticas. É o mesmo script: destruir qualquer possibilidade de diálogo.”
Ele também revelou detalhes de sua
recente viagem ao Irã, onde visitou instalações aeroespaciais do Corpo de
Guardiães da Revolução Islâmica (IRGC). Lá, ouviu pessoalmente de um
brigadeiro-general que a operação de retaliação estava pronta. “Foi dito
claramente: ‘estamos apenas aguardando a ordem superior’.”
A máquina de guerra
e o papel dos Estados Unidos
Escobar afirmou categoricamente que
os Estados Unidos estão diretamente envolvidos no ataque. “Os mísseis foram
lançados do Iraque, cujo espaço aéreo é controlado por Washington. Toda a
logística é americana. Não adianta Marco Rubio ou Trump dizerem que não têm
nada a ver com isso.”
Ele criticou duramente a política
externa dos EUA, dizendo que ela está completamente capturada pelo lobby
sionista. “Trump é uma cadelinha dos sionistas genocidas. Isso não vai mudar. O
Congresso americano, o complexo militar-industrial, a mídia, os think tanks,
todos são dominados por essa lógica de guerra eterna.”
O risco global e o
preço do petróleo
Pepe destacou o risco geoeconômico da
escalada e alertou para o possível fechamento do Estreito de Ormuz pelo Irã.
“Se isso acontecer, o barril de petróleo pode saltar para US$ 200 ou até US$
500. Isso colapsaria o sistema financeiro internacional.”
Segundo ele, o Irã só adotaria essa
medida extrema em caso de guerra total com os Estados Unidos, mas o alerta está
dado. “Eles têm mísseis apontados para tudo que se move no Golfo. E o mundo
está à beira de um colapso que ninguém sabe como conter.”
A resposta do BRICS
e o papel da cúpula do Rio
Escobar acredita que a resposta a
esse cenário será um dos temas mais espinhosos e inevitáveis da cúpula do BRICS
no Rio. “O BRICS precisa decidir se vai continuar sendo um grupo geoeconômico
ou se vai assumir uma postura política diante da guerra do Império. É hora de
deixar de lado a ambiguidade.”
Ele ainda revelou que a presidente do
NDB, Dilma Rousseff, participará do Fórum Econômico de São Petersburgo nos
próximos dias, onde a guerra também será pauta. “Putin vai discursar. Todo
mundo aqui em Moscou está esperando para ouvir qual será a resposta da Rússia
ao ataque. Isso vai ressoar nos BRICS.”
A entrevista termina com Escobar anunciando sua
vinda ao Brasil no final de junho, onde realizará palestras no Rio de Janeiro e
em São Paulo, abordando justamente os desdobramentos da guerra global e o papel
do BRICS. “Vai ser muito legal voltar ao Brasil e falar ao vivo com vocês sobre
essa demência em que estamos vivendo. A guerra chegou aos BRICS. E o mundo
mudou.” Assista:

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