“Merece estudo a trajetória do militar bolsonarista que decide abandonar o golpe e ajudar a dedurar um colega”, escreve o colunista Moisés Mendes
Tenente-brigadeiro
do ar Carlos de Almeida Baptista Junior. (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)
A gangorra em que se balançou o brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, em pouco tempo no poder, ajuda a entender o que se passa na cabeça dos militares sob tensão. O ex-comandante da Aeronáutica assumiu o cargo no dia 21 de abril de 2021, depois da crise provocada pela debandada dos chefes militares de Bolsonaro. Tinha posições terrivelmente bolsonaristas.H
Mas no dia 16 de dezembro de 2022,
como narrou agora no STF, o brigadeiro mandou pelo general Augusto Heleno um
recado a Bolsonaro, no que talvez tenha sido seu último gesto, já como
legalista: não vai ter golpe.
Heleno se reuniu com Bolsonaro no dia
seguinte, um sábado, no Alvorada, levando o recado de Baptista e tudo que os dois
já sabiam da posição do então ministro do Exército, Marco Antônio Freire Gomes:
não há como ter golpe.
É o final do roteiro, o desfecho das
articulações que levam Bolsonaro a fugir no dia 30 de dezembro para os Estados
Unidos. É o que fica claro no depoimento do brigadeiro nessa quarta-feira no
STF.
O ex-comandante da Aeronáutica falou
no Supremo, como testemunha, por ele e pelo ex-colega chefe do Exército. Freire
Gomes vacilou e não quis reafirmar a Paulo Gonet e aos ministros que havia
avisado Bolsonaro de que seria preso, se tentasse o golpe.
Baptista Júnior, escaldado pelo
tranco que Freire Gomes levou de Alexandre de Moraes, dois dias antes,
assegurou: o colega ameaçou mesmo prender o chefe do golpe em reunião em
dezembro.
Mas e daí, qual é a boa? A boa é que
em pouco tempo, de abril de 2021 a dezembro de 2022, o bolsonarismo do
brigadeiro foi pulverizado. Pela sua índole legalista? Ou pela certeza de que,
sem o Exército de Freire Gomes, não havia como tentar um golpe?
O resto é o que se sabe. Sem suporte,
Bolsonaro pegou o avião e fugiu com Anderson Torres, os generais se apijamaram
e os manés foram abandonados no 8 de janeiro, para que fizessem o que restava
fazer. Que quebrassem o que havia pela frente.
Não havia, para todos os chefes do
golpe, como conter o plano de invasão de Brasília. A saída era recolher armas e
deixar ao relento os que conversavam com marcianos pelo celular e cantavam o
hino para pneus.
Agora, o que importa aos que estudam
a caserna é saber como o ex-comandante da Aeronáutica juntou-se aos legalistas.
E como seu colega da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, por ele dedurado,
imaginou que, com meia dúzia de soldados e corvetas, poderia continuar golpista
ao lado de Bolsonaro. Se até Bolsonaro já havia decidido fugir.
O depoimento de Baptista no STF tem
coisas estranhas. Ele sugere que, no início das reuniões, mesmo depois da
eleição de Lula, imaginava que a decretação de uma GLO (Garantia da Lei e da
Ordem) iria conter uma convulsão social.
E que depois se deu conta de que
aquilo era mesmo a trama de um golpe. Um militar com sua formação, em posição
de chefia, achava que Bolsonaro queria ordem e progresso com o uso da GLO? Até
um cabo, sem jipe, acharia estranho.
O brigadeiro é um caso único de
oficial de alta patente, com posição de comando e com proximidade com os
líderes da extrema direita, que se vira contra o grande comandante e o desafia.
Baptista Júnior pode ser também um caso raro da
inversão de condutas, em que geralmente um milico vai dormir legalista e, no
dia do golpe, acorda como golpista. Bem acordado, ele deve ter mais coisas para
contar.
EM TEMPO: Considerável parcela dos militares das Forças Armadas do Brasil, têm uma índole golpista. Porém, há aqueles mais inteligentes que sabem que golpe é fácil de se dar, mas o dia seguinte é bem difícil, uma vez que não existia entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023 o mínimo de apoio da comunidade internacional para impedir a posse do presidente Lula, líder mundial, pop star e com apoio do ex-presidente dos EUA, Joe Biden. Ampliando o apoio de Putin, Macron, Xi Jinping, dentre outros. Convém lembrar que Lula apoiou, sem segredo, a reeleição de Biden e posteriormente a sua substituição por Kamala. Após a vitória de Trump o presidente Lula foi um dos primeiros a parabenizá-lo. Enquanto que Bozo foi o último a reconhecer a vitória do ex-presidente Biden e ainda teve a ousadia de dizer que as eleições nos EUA foram "fraudadas". Os militares que foram na "conversa fiada" de Bozo estão abandonados e serão punidos. Essa é a consequência daqueles que foram na onda de um militar indisciplinado e expulso do Exército, o ex-presidente Bozo. OBS.: Trump diáloga com quem tem "as cartas". Hoje elas estão nas mãos de Lula. Os militares brasileiros precisam estudar geopolítica e não a dar golpe. Façam seminários e convidem Celso Amorim, Pepe Escobar, Mauro Vieira e tantos outros para darem palestras sobre geopolítica. Ok, Moçada!
Nenhum comentário:
Postar um comentário