(Foto: ABR) |
28 de novembro de 2024
247 - Em entrevista ao programa Boa Noite 247, Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do BNDES, destacou o impacto negativo da taxa de juros no crescimento da dívida pública brasileira e no desempenho econômico do país. Segundo ele, a taxa de juros elevada é a principal causa do crescimento exponencial da dívida, que já ultrapassa 78% do Produto Interno Bruto (PIB).
Taxa de juros e impacto na dívida
"Hoje, 70% da dívida pública
brasileira é composta de juros. Isso não existe em lugar nenhum do mundo.
Países como o Japão, com uma dívida equivalente a 240% do PIB, conseguem
administrá-la com taxa de juros zero. Aqui, cada aumento de 1% na taxa de juros
eleva a dívida em R$ 30 bilhões."
Mantega ressaltou que a política
fiscal brasileira sempre foi rígida, mas a elevação constante dos juros
compromete o equilíbrio das contas. "O maior problema hoje não é o déficit
primário, mas a despesa financeira. Estamos falando de R$ 700 bilhões em juros,
enquanto o déficit da Previdência, por exemplo, é de R$ 300 bilhões."
Comparação internacional e críticas ao sistema
O ex-ministro comparou a situação do
Brasil com a de outras economias. "Nos Estados Unidos, o Federal Reserve
observa não apenas a inflação, mas também o desemprego. Recentemente, reduziram
a taxa de juros para conter a alta no desemprego. Aqui, a lógica é inversa: a
alta dos juros asfixia a economia e alimenta um círculo vicioso."
Ele também criticou a atuação do
setor financeiro no debate econômico brasileiro. "O setor financeiro tem
muita força política. Quando o arcabouço fiscal foi discutido, eles estavam lá,
com seus representantes, influenciando as decisões."
Sobre a gestão do Banco Central
Mantega demonstrou otimismo com a
futura gestão de Gabriel Galípolo no Banco Central, mas alertou para as
limitações impostas pela atual composição do Comitê de Política Monetária
(Copom). "Hoje, quem comanda o Banco Central é Roberto Campos Neto, que
tem maioria no Copom. A expectativa é que Galípolo adote uma postura técnica e
use instrumentos como os swaps cambiais para estabilizar o câmbio."
Consequências do câmbio desvalorizado
O ex-ministro também apontou o câmbio
desvalorizado como um dos principais problemas atuais. "Um dólar a R$ 6 é
um absurdo para a economia brasileira. Isso eleva os custos de importação,
impacta a inflação e reduz os lucros das empresas com empréstimos em dólar. O
Banco Central deveria intervir, como já fizemos no passado, para conter essa
especulação."
Perspectivas para o futuro
Guido Mantega concluiu que a redução da taxa de
juros é essencial para retomar o crescimento econômico. "O Brasil tem a
maior taxa de juros real do mundo, em torno de 7%. Reduzir para 5% ainda
manteria o país atrativo para investidores e liberaria recursos para
investimentos produtivos. Sem resolver essa questão, o país continuará preso a
um ciclo de baixo crescimento e alto endividamento." Assista o programa
Boa Noite 247:
Haddad na TV anuncia corte de gastos e alivio no IR
Nenhum comentário:
Postar um comentário