Jovem Pan e Breno Altman (Foto: Reprodução | Brasil 247) |
14 de outubro de 2023
"Nunca
presenciei, em quarenta anos de jornalismo, um comportamento tão baixo e
deplorável", disse o editor do Opera Mundi sobre a atuação da emissora que
apoiou Jair Bolsonaro
247 - O jornalista Breno Altman, editor do site Opera Mundi, denunciou neste sábado (14) ter sido vítima de censura por parte da emissora de TV Jovem Pan em programa sobre a guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza. Em publicação nas redes sociais, Altman relatou que foi convidado a participar de um debate no programa "Linha de Frente", transmitido pela JP News, o canal de televisão da Jovem Pan. De acordo com Altman, poucas horas antes da exibição do programa, ele e sua equipe do Opera Mundi receberam uma mensagem da apresentadora Elaine Keller informando que houve um problema na edição e que parte do conteúdo gravado havia sido perdido. A solução proposta pela emissora foi a regravação do programa com urgência, mas surpreendentemente, a participação de Breno Altman não seria incluída na versão refeita.
O jornalista alega
que os outros três participantes do debate, todos com ligações à
extrema-direita, foram convidados para a regravação que supostamente ocorreu na
noite da sexta-feira, 13 de outubro. Altman, no entanto, não recebeu um novo
convite. O jornalista relata que o debate original foi marcado por argumentos
que ele considera desonestos e repletos de erros históricos e factuais, todos
em defesa do Estado de Israel e de sua ação na Faixa de Gaza. Segundo Altman,
seus colegas de bancada pareciam mais comprometidos com a causa sionista e com
a extrema-direita brasileira do que com a busca pela verdade.
O jornalista não
poupou críticas à atitude da Jovem Pan, qualificando-a como "absurdamente
antiética, antidemocrática e antiprofissional." Em suas palavras, ele
declarou que nunca presenciou, em seus quarenta anos de jornalismo, um
comportamento tão "baixo e deplorável."
Breno Altman, que é
judeu, tem se notabilizado por defender posições pró-Palestina em suas
manifestações e tem sido atacado nas redes sociais em função disso. Ao ponto do
jornalista Samuel Pancher, do site Metrópoles, defender a censura contra
Altman. O fato foi repudiado pela Associação
Brasileira de Imprensa (ABI).
Leia o texto de
Breno Altman na íntegra:
CENSURA NA JOVEM PAN: EXTREMA-DIREITA ALIADA AO SIONISMO
Fui convidado a
participar, na última quinta-feira, dia 12 de outubro, de uma gravação para o
programa Linha de Frente, apresentado pela JP News, o canal de televisão da
Jovem Pan. Durante mais de duas horas, debati a guerra de Israel contra os
palestinos. Segundo a emissora, a edição deveria ir ao ar às 16h30 deste
sábado, 14 de outubro.
Para minha
surpresa, poucas horas antes da exibição, a redação de Opera Mundi recebeu a
seguinte mensagem: “Tivemos um problema na edição de ontem [13/10] à tarde e
perdemos parte do que havia sido gravado. Tivemos que regravar com urgência.
Infelizmente a participação do Breno não vai ao ar.” A mensagem foi enviada por
Elaine Keller, apresentadora do programa.
Os outros três participantes, vinculados ao pensamento de extrema-direita, foram convidados para a regravação, eventualmente ocorrida na sexta-feira, dia 13, à noite. Eu não. Meus colegas de bancada, na gravação original, eram o deputado federal Delegado Palumbo (MDB-SP), o comentarista Alessandro Negão e o jornalista Luis Kawaguti. Bastante despreparados e desinformados, o trio fez de tudo para defender incondicionalmente o Estado colonial de Israel e sua agressão criminosa contra a Faixa de Gaza, com a aquiescência da apresentadora.
Procurei rebater os argumentos e falsidades repetidos à exaustão, a maioria com erros históricos e factuais extravagantes. O compromisso de meus interlocutores, afinal, não estava alinhado à verdade, mas com o sionismo e a extrema-direita brasileira. O resultado final deve ter levado o comando da Jovem Pan a decidir pela censura. Por desonestidade, inventaram uma história sem pé nem cabeça, e não me convidaram para a suposta regravação.
Trata-se de uma atitude absurdamente antiética, antidemocrática e antiprofissional, além de mentirosa. Nunca presenciei, em quarenta anos de jornalismo, um comportamento tão baixo e deplorável. Mas diz muito acerca do que é a Jovem Pan: porta-voz da extrema-direita, especializada em mentira e desinformação, com profissionais submissos escolhidos a dedo, e disposta a qualquer coisa para defender o neofascismo e seu primo, o sionismo.
EM TEMPO: Convém lembrar que há forte oposição dos israelenses, bem como de alguns jornalistas, ao governo de extrema-direita de Israel. Está havendo manifestações em diversas partes do mundo em defesa dos direitos dos palestinos. Classificar o Hamas como terrorista, não anula o terrorismo de Estado ora praticado pelo governo de Israel.
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