Joseli Parente Camelo (Foto: Aeronáutica) |
Por César Fonseca – Jornalista e Editor do sítio Independência Sul Americana.
A aventura militarista bolsonarista deve, segundo o brigadeiro Joseli Parente Camelo, ser o mais rapidamente possível julgada e os responsáveis, punidos
De repente ficou oneroso demais para as Forças Armadas ter seu nome associado a Bolsonaro, que caiu nas barras dos tribunais, ameaçado de perder mandato por oito anos; os militares caíram na real de que sujaram a si mesmo e à instituição democrática ao garantirem aval ao bolsonarismo fascista. Os generais comandantes das forças, apavorados e inseguros, dão-se conta de que caíram numa cilada ao ingenuamente romperem com a hierarquia para se aproximar de forma orgânica do poder, abrindo-se à traição à democracia, em nome de teses estapafúrdicas.
General subordinado a capitão, onde já se viu isso,
onde está a razão?
A base da loucura tem origem no apoio da classe média aos militares na busca do poder pelo poder, à custa do rompimento com instituições democráticas. Loucamente, alienada, conservadora, desesperada, socialmente, incapaz de construir seu sonho ambicionado de chegar a ser, também, elite, a classe média sonhou alto sem ter os pés na realidade.
Porém, mais doida que ela, foram os militares que
acreditaram na solidez desse apoio irresponsável.
CLASSE MÉDIA
ENSANDECIDA
Inconformada com sua queda de status no contexto
histórico nacional marcado pela sobre acumulação de renda que a exclui,
paulatinamente, dos benefícios do progresso, sem predisposição para se
reconhecer incapaz de fazer história, ao lado dos trabalhadores, a classe
média, indo para as ruas, apelou, sofregamente, aos quarteis, para fugir do
destino dos assalariados massacrados pelo capital financeiro especulativo.
Caiu do cavalo na garupa dos generais reacionários.
A quem recorrer se sua especialidade histórica é
fugir da realidade?
Os militares agora caem em si ao constatar que se tratou de sonho de noite de verão a pretensão de serem salvadores da pátria, dessa classe média despossuída pelo modelo econômico concentrador de renda. Na verdade, ela caiu na armadilha do populismo fascista bolsonarista bonapartista, maior inimigo dos trabalhadores e, consequentemente, da democracia, sem a qual não há chance do trabalho frente ao capital.
INFLEXÃO HISTÓRICA
A entrevista, hoje, do Tenente- Brigadeiro do Ar,
Francisco Joseli Parente Camelo, presidente do Superior Tribunal Militar (STM),
à Globonews, na qual reconhece o equívoco do engajamento das forças armadas ao
canto de sereia da ditadura ultra neoliberal do mercado financeiro especulativo
que bancou Bolsonaro e jogou o país no colapso econômico, porta de entrada para
guerra civil, é fator de inflexão histórica.
Quase que pedindo perdão à sociedade brasileira,
tal sua angústia em ter que admitir a insensatez e irresponsabilidade das
forças armadas nessa aventura histórica, incompatível com a tendência
democrática nacionalista, o brigadeiro se abriu à reflexão reparadora dos seus
pares e pediu justiça contra os golpistas, conferindo-lhes direito ao devido
processo legal com o qual romperam para apoiar um irresponsável capitão
fascista na presidência da República.
A aventura militarista bolsonarista, apoiada pelas
forças armadas, em sua grande parte, deve, segundo o brigadeiro, ser, o mais
rapidamente possível, julgada e os responsáveis, devidamente, punidos, sejam
integrantes dos escalões superiores e intermediários ou inferiores.
Joseli fez balanço histórico da participação dos
militares em diferentes momentos da vida nacional, desde o Império à República,
no afã de considerar de direito a violação da ordem legal segundo os critérios
dos próprios militares, como força em si, diante dos demais estratos sociais.
Lembrou, entre outros episódios, o comportamento
militar de julgar excepcionalmente participantes da Intentona Comunista, em
1935, arrolando-os sem provas etc, o que não deveria acontecer e que não deve
se repetir jamais.
O mesmo aconteceu nas revoltas contra centralização
política ditatorial monárquica nas províncias do império, no século 19, e, na
República, na perseguição, em 1922, às passeatas dos trabalhadores, na
Revolução de 1930, na contrarrevolução de 1932, em 1964, em 1967/8, quando a
ditadura baixou o AI-5, gerador de guerrilhas cruelmente massacradas.
Essa escalada anticomunista, diz o brigadeiro, teve
um termo a partir da Constituição de 1988 quando foi regulamentado o art. 142
que os militares consideraram autorreconhecimento constitucional como poder
moderador.
FARSA DO PODER
MODERADOR
Com tal poder os militares, viciados em
autoritarismo histórico, lançaram mão da arrogância, violência e pretensão para
tentar dar o golpe em Lula, agora, em 8 de janeiro de 2023, inconformados que
ficaram com derrota eleitoral de Bolsonaro ao qual ideoligicamente se filiaram,
avalizando o fascista.
O colapso do bolsonarismo militarista neoliberal,
portanto, é o momento necessário para revisão do equívoco histórico das forças
armadas que precisa ser removido, sem revanchismo, ressalva o Brigadeiro, como
única alternativa capaz de manter o país unido em torno da democracia, para não
cair no suicídio ditatorial que levaria à guerra civil.
A entrevista do Brigadeiro Joceli ocorreu no
momento em que a cúpula das Forças Armadas se reúne para tratar da tentativa
golpista de impedir posse de Lula, articulada por militares arregimentados por
Bolsonaro para militarizar o poder, desmilitarizado, enfim, pelo processo
democrático, nas eleições de 2022.
Qual a garantia de que esse retrocesso estará
banido para sempre, quando Bolsonaro está prestes a ter suspendido por oito
anos direito de disputar eleição?
EM TEMPO: Olha aí os "Camelos" fortalecendo à Democracia. Convém lembrar que não houve o golpe militar porque o governo Joe Biden, dos EUA, não apoiou, assim como a comunidade europeia. Ok, Moçada!
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