terça-feira, 16 de maio de 2023

Petrobras anuncia fim da paridade de importação do petróleo e nova política de preço para combustíveis


Estatal diz que reajustes serão feitos sem periodicidade, 'evitando o repasse para os preços internos' da volatilidade internacional e do câmbio.

Por Jéssica Sant'Ana e Mateus Rodrigues, g1 — Brasília

16/05/2023

Petrobras aprova nova política de preços

Petrobras anunciou nesta terça-feira (16) o fim da paridade de preços do petróleo – e dos combustíveis derivados, como gasolina e diesel – com o dólar e o mercado internacional. Pela regra em vigor desde 2016, o preço desses produtos no mercado interno acompanha as oscilações internacionais, ou seja, não há intervenção do governo para garantir preços menores.

A Petrobras anunciou o fim desse mecanismo automático.

"Os reajustes continuarão sendo feitos sem periodicidade definida, evitando o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio", diz o comunicado. No cálculo anterior, chamado de Preço de Paridade de Importação (PPI), a Petrobras considerava o valor do petróleo no mercado global e custos logísticos como o fretamento de navios, as taxas portuárias e o uso dos dutos internos para transporte.

Segundo a nota oficial da Petrobras, a nova "estratégia comercial" usa duas referências de mercado:

1.      a)  o "custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação",

             "O custo alternativo do cliente contempla as principais alternativas de suprimento, sejam                            fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos", explica o comunicado da                        Petrobras.

 

2.       b)  o "valor marginal para a Petrobras".

            Já o "valor marginal", segundo a petroleira, é "baseado no custo   de  oportunidade dadas as                    diversas alternativas para a companhia dentre elas, produção, importação e exportação do                         referido   produto e/ou dos petróleos utilizados no refino".

"Com a mudança, a Petrobras tem mais flexibilidade para praticar preços competitivos, se valendo de suas melhores condições de produção e logística e disputando mercado com outros atores que comercializam combustíveis no Brasil, como distribuidores e importadores", diz o texto.

Lula quer 'abrasileirar' o preço

Desde a campanha, o hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vinha falando em "abrasileirar" o preço dos combustíveis. O que, de modo geral, significa criar mecanismos para reduzir o impacto dessas oscilações internacionais do petróleo nas bombas dos postos. Em um comunicado no último domingo (14), a Petrobras informou que analisaria o tema nesta semana.

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Prates fala em manter competitividade

Na sexta-feira (12), o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, já havia antecipado que a petroleira deveria decidir nesta semana sobre os reajustes de combustíveis e a nova política de preços praticada pela estatal. Questionado sobre o novo critério utilizado para definição de preços nas refinarias, Prates afirmou que será o de "estabilidade versus volatilidade". Segundo ele, o novo formato deverá evitar tanto a estagnação de preços quanto o que chamou de "maratona" de reajustes.

"Não precisamos voltar ao tempo em que não houve nenhum reajuste no ano inteiro. Em 2006 e em 2007 aconteceu isso. E também não precisamos viver dentro da maratona de 118 reajustes para um único combustível, como foi em 2017, o que levou à crise enorme da greve dos caminhoneiros", afirmou ele, na ocasião.

Prates disse também que, mesmo com a mudança, a Petrobras continuará seguindo a referência internacional e mantendo a competitividade interna. "Nós não vamos perder venda. Não vamos deixar de ter o preço mais atrativo para os nossos clientes." O presidente mencionou também a produção brasileira dentro da composição de preços, citando a estrutura de escoamento, de transporte, a capacidade de refino e a fonte de petróleo do país. "Tudo isso faz parte de um modelo de preços empresarial que a Petrobras vai conversar melhor na semana que vem", concluiu. 

Novo cálculo não foi divulgado

O comunicado da Petrobras, no entanto, não apresenta uma fórmula clara indicando qual será o peso de cada fator no novo cálculo. Sócio-fundador e diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), o economista Adriano Pires afirmou ao g1 que o comunicado da Petrobras é confuso e "tumultua o mercado" ao dizer, por exemplo, que o preço de paridade "passa a ser uma referência".

Pires chegou a ser cotado para assumir o comando da Petrobras, em 2022, mas desistiu em meio a uma apuração sobre possível conflito de interesses – já que, como especialista na área, ele havia prestado consultoria a investidores privados. "Esse tipo de anúncio que vem sendo feito está tumultuando o mercado. O dono de posto que compra gasolina, o distribuidor, ninguém está comprando nem vendendo. A própria Petrobras para de vender", avaliou.

OBS.: Lembrando que o dito Mercado reagiu bem, uma vez que as ações da Petrobrás aumentaram de valor. 

Vide link: https://g1.globo.com/economia/noticia/2023/05/16/petrobras-anuncia-fim-da-paridade-internacional-do-petroleo-e-nova-politica-de-preco-para-combustiveis.ghtml

EM TEMPO: Há muita coisa a ser realizada, incluindo a reestatização das Refinarias. 

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