22 de abril de 2023
Gabinete de Segurança Institucional e o ministro da
Defesa, José Múcio (Foto: Reprodução / Marcelo Camargo - Agência Brasil)
A cobiça do ministro da Defesa José Múcio Monteiro e das cúpulas fardadas na manutenção do GSI como território de domínio dos militares reforça necessidade de extinção do GSI. Para preservar o GSI e, ainda por cima, mantendo-o controlado pelos militares, o ministro Múcio “até admite” a mudança de nome do órgão, desde que continue controlado por generais conspiradores e colonizado por militares da estirpe daqueles que trataram os criminosos que vandalizaram o Planalto com escandalosa amabilidade e camaradagem.
“Tem que ter um sistema misto [?], como sempre foi. Acabar não. Pode até mudar o nome, outra sigla, mas acabar com o GSI, não. Aquilo [sic] é instrumento de trabalho do presidente da República”, declarou Múcio. O GSI é o sucessor contemporâneo do ancestral SNI, o Serviço Nacional de Informações da ditadura militar. Em 2015, a presidente Dilma extinguiu o órgão.
Não por acaso, imediatamente após o golpe
oligárquico-militar que derrubou Dilma, uma das primeiras providências dos
militares quando da instalação do usurpador Temer no Planalto foi a recriação
do GSI com a designação do general conspirador Sérgio Etchegoyen para o cargo
de ministro, por meio da Medida Provisória nº 726, de 12 de maio de 2016.
Ainda que não se soubesse com a certeza que se tem
hoje, já naquela época estava claramente delineado o projeto secreto dos
militares para tomar o poder com Bolsonaro, tanto que a candidatura do capitão
havia sido lançada na AMAN 18 meses antes, em 29 de novembro de 2014, quando a
Academia era comandada pelo general Tomás Ribeiro Paiva, ninguém menos que o
atual comandante do Exército.
O GSI foi fundamental no exercício permanente da
tutela da democracia pelos militares. E foi, também, uma peça central para o
governo militar a partir da eleição de Bolsonaro.
É desta relevância estratégica do GSI para o projeto de poder dos militares que advém tamanha cobiça das cúpulas partidarizadas das Forças Armadas em continuarem controlando este órgão instalado no coração do poder civil. O GSI já tinha sido esvaziado na transição de governo, quando o presidente Lula prudentemente optou pela segurança da PF em lugar da tradicional segurança por militares – inconfiáveis, dado que totalmente bolsonarizados e movidos por um irascível ódio antipetista.
Após os atentados criminosos de 8 de janeiro, o governo transferiu a ABIN para a Casa Civil, o que significou o esvaziamento completo do GSI. Hoje o órgão está convertido numa repartição militar inútil dentro do Palácio do Planalto. Não tem nenhuma atribuição essencial, salvo a de albergar militares conspiradores, vinculados à extrema-direita, que representam uma ameaça permanente ao governo e à democracia.
No caso dos militares, vale ser observado o mesmo princípio que Leonel Brizola adotava em relação à Rede Globo: “Quando vocês tiverem dúvidas quanto à posição a ser tomada diante de qualquer situação, atentem … Se a Globo [Múcio/militares] for a favor, somos contra. Se for contra, somos a favor!”. A extinção do GSI é um passo importante que precisa ser dado para se avançar na desfascistização e na desmilitarização do Estado e da sociedade brasileira. A permanência do GSI interessa exclusivamente aos militares, não ao poder civil e à restauração do Estado de Direito.
A manutenção do GSI representa um risco permanente
à democracia, como bem evidenciaram os atos de 8 de janeiro, quando militares
vinculados ao general Heleno e às cúpulas das Forças Armadas participaram dos
ataques à democracia e da devastação do Palácio do Planalto.
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