(Foto: ABr | Reprodução) |
“É preciso primeiro
garantir a democracia. Depois enfrentar todas as consequências de um mau
governo, que errou em tudo", diz a jornalista
24 de abril de 2022
247 - A jornalista Miriam Leitão afirma,
em sua coluna no jornal O Globo, que ao conceder o indulto ao deputado bolsonarista
Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado a 8,9 anos de
prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por atacar a democracia e
as instituições, Jair Bolsonaro “usou o direito para mais uma tentativa de
subverter a própria democracia”. “O perigo do momento exige de todos os
políticos a noção do que é emergencial. O centro e a centro-direita não podem
mais tergiversar. A esquerda não pode falar apenas para os seus seguidores”, alerta.
“A decisão de
Bolsonaro de conceder a ‘graça’ a um condenado pelo STF tem os sinais típicos
da forma de agir dos autocratas. Aqueles que usam a democracia para eliminá-la.
Seja na Rússia, Turquia, Hungria, Venezuela. O indulto é prerrogativa do presidente,
mas Bolsonaro o usou como golpe. Pela maneira como fez, pela pessoa que
beneficiou, pela hora que escolheu, pelos argumentos que usou. Tudo foi feito
para criar conflito com um dos poderes”, afirma Miriam Leitão.
Ainda de acordo com a jornalista, “o perdão beneficiou quem estimulou a violência física contra ministro do Supremo Tribunal Federal e defendeu, reiteradamente, o fechamento do Tribunal. Daniel Silveira não exerceu a liberdade de expressão, ele ameaçou autoridades e pregou a morte da democracia. Bolsonaro não respeitou o princípio da impessoalidade, pelo contrário. Por serem estes o crime e o criminoso, o indulto é golpe. Por ter sido feito de forma extemporânea, antes do trânsito em julgado, foi apenas uma provocação ao tribunal”.
“É preciso primeiro
garantir a democracia. Depois enfrentar todas as consequências de um mau
governo, que errou em tudo, e também na economia. Nada será fácil nos próximos
quatro anos e sempre haverá muita controvérsia sobre qual é o melhor caminho
para enfrentar cada obstáculo. Contudo, se perdermos a democracia, não teremos
chance de superar problema algum. Sem o diálogo da sociedade, que o Estado de
Direito permite, não haverá progresso. Nenhum”, finaliza.
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