Neste dia, 13 de março de 1900, nascia Gregório Bezerra, no sítio Mocós, no município de Panelas no agreste pernambucano.
Ele viveu o que grande parte da população trabalhadora viveu e vive, o trabalho infantil, aos 4 anos de idade, ajudando a família na lavoura, criança abandonada nas ruas do Recife, aos 10 anos, carregador de frete, vendedor de jornais, ajudante de pedreiro, sua sonhada profissão. Em 1917 participa da greve geral que ganhou grande parte do país, pela jornada de 8 horas de trabalho e condições de trabalho digno, na sua participação do movimento grevista ele enfrenta a violência policial e é preso, ainda aos 17 anos de idade, onde fica por mais de cinco anos encarcerado na Casa de Detenção do Recife, hoje Casa da Cultura de Pernambuco.
A classe trabalhadora brasileira ainda vive
grande parte dessas agruras que mutilam as populações camponesas, quilombolas,
indígenas e moradoras das periferias das cidades brasileiras. É o que
assistimos nos presídios brasileiros, onde se tem como seus inquilinos cerca de
90% da população negra e pobre das periferias, que ficam anos aguardando
processos e decisões que ficam nas gavetas do judiciário, em grande parte
vinculado aos interesses das elites e das pessoas dos “bens”.
No dizer do poeta Ferreira Gullar que escreveu um poema onde destacou a trajetória deste herói, denominado de “História de um Valente”, ele conseguiu sintetizar essa figura extraordinária do movimento de luta dos trabalhadores e das trabalhadoras brasileira, dizendo: “(...) Valentes, conheci muitos,/ E valentões, muito mais,/ uns só Valente no nome/ uns outros só de cartaz,/ uns valentes pela fome,/ outros, por comer demais,/ sem falar dos que são homem/ só com capangas atrás./ (...) Mas existe nessa terra/ muito homem de valor/ que é bravo sem matar gente/ mas não teme matador,/que gosta de sua gente/e que luta a seu favor,/ como Gregório Bezerra,/ feito de ferro e de flor. (...)”.
Tem outro monumento que concebemos, sonhamos e solicitamos a um dos seus camaradas, o grande arquiteto, dos maiores do mundo, Oscar Niemeyer, que o doou em forma de concepção, e que junto com outro arquiteto seu colaborador e companheiro de escritório, Jair Valera, transformaram em projeto de arquitetura, que é o “Memorial Gregório Bezerra”, para ser construído na sua cidade natal, em Panelas, Pernambuco. Esse Memorial foi concebido no ano do Centenário de nascimento de Gregório, em 2000. A gestão do atual prefeito se comprometeu em retomar esse projeto, para garantir que em sua terra, além da Escola que carrega seu nome, também abrigue a sua memória, sua história e que possa servir de exemplo para as atuais e futuras gerações como exemplo e inspiração.
É importante se lembrar de Gregório todos os
dias, especialmente no mês em que o PCB comemora seu centenário de existência,
que tem nele, um de seus mais destacados quadros militantes, que enche de
orgulha a todos e todas, especialmente a juventude que se organiza e segura
firmemente o bastão da luta socialista.
Gregório Bezerra foi eternizado como herói do povo brasileiro, não por seu desejo e vontade, mas foi se transformando pela sua bravura, dedicação incondicional a luta da classe, a sua fidelidade à luta popular, a resistência nos seus 22 anos de prisão, nos anos de luta clandestina, no exílio, nos seus mais de 50 anos de militância no Partido Comunista Brasileiro, lutando pela revolução socialista.
Gregório continua presente na luta pela reforma agrária, que foi uma de suas principais bandeiras, onde carregava sua raiz camponesa, continua presente na voz do que lutam por habitação, pela igualdade de gênero, que não aceitam qualquer forma de discriminação, seja de raça, LGBTQIA+, de etnia, continua presente nos encarcerados e torturados, nos sem terra, sem teto, sem direitos humanos garantidos, e, está presente nos que resistem e lutam como as populações indígenas, os trabalhadores e trabalhadoras, os servidores e servidoras, os/as ambientalistas, que defendem uma sociedade igualitária, sem exploração do homem pelo próprio homem, com sustentabilidade ambiental, justiça social e igualdade econômica.
(Texto e foto – Roberto Arrais – Jornalista e membro do CC do PCB)
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