O Globo
sex., 17 de dezembro de 2021
SÃO PAULO — A entrada do
ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (sem partido) na chapa do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode aumentar a possibilidade de
voto no petista para 16% dos eleitores, segundo dados de pesquisa do Insituto
Datafolha divulgados nesta sexta-feira. Para 70% dos entrevistados, no entanto,
a chegada do ex-governador não muda sua intenção de voto. Outros 11% dizem que
adesão do ex-governador pode diminuir vontade de votar em Lula.
Segundo o Datafolha, Lula já tem a
preferência de 48% dos eleitores. Levando-se em conta a margem de erro e os
votos válidos, o petista poderia vencer no primeiro turno, segundo o levantamento.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece com 22%; Sérgio Moro (Podemos), com
9%; e Ciro Gomes (PDT), com 7%. Votos brancos e nulos somam 8%, e a margem de
erro é dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Como o ex-presidente já tem um número
alto de intenção de voto, a entrada de Alckmin é vista como mais importante
para atrair grupos específicos, como os mais ricos, e tirar votos de outros
candidatos na tentativa de facilitar uma possível vitória no primeiro turno.
Entre os entrevistados que declararam
votos em outros pré-candidatos, os mais dispostos a escolher Lula caso Alckmin
seja mesmo seu vice são os de João Doria (PSDB). De acordo com o Datafolha, 21%
destes eleitores consideram escolher a chapa do petista por causa de Alckmin. Dos
eleitores de Ciro, 13% dizem que a chance de trocar de escolha aumenta caso a
coligação ocorra.
A chegada de Alckmin também causa
impacto na campanha de Moro: 12% dos seus eleitores dizem que poderiam mudar de
ideia. Entre quem vota em Bolsonaro, a taxa é de 4%.
A pesquisa mostra, ainda, que a maior
parte da população desconhece que essa negociação está em andamento: 68%.
Quanto mais rico o eleitor, mais informado sobre a articulação ele está. Dos
que ganham mais de dez salários mínimos, 64% dizem saber da história.
Na última quarta-feira, Alckmin
anunciou a saída do PSDB, partido que ajudou a fundar há 33 anos. Pelo partido,
foi duas vezes deputado federal, quatro vezes governador de São Paulo e duas
vezes candidato à presidente da República. Ele tem convites de ao menos três
legendas: PSB, PSD e Solidariedade.
Aliados esperam uma resposta sobre a filiação para
o ano que vem. Uma das propostas é entrar no PSB para ser o indicado do partido
para vice de Lula, enquanto o PT apoiaria socialistas na candidatura ao governo
paulista. Outra hipótese é que Alckmin saia candidato ao governo do estado pelo
PSD.
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