sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Um presidente incapaz

ISTO É - Eudes Lima

© Fornecido por IstoÉ Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, é visto em coletiva de imprensa na sede do Ministério, em Brasília, no dia 22 de outubro de 2021 - AFP

 

A passagem de Bolsonaro na Presidência da República deixará sequelas profundas na sociedade brasileira. Uma delas, no entanto, é positiva. A população percebeu que o Supremo Tribunal Federal (STF), as Casas Legislativas e os governadores dos estados são atores imprescindíveis ao jogo da política. A democracia com poderes independentes, é imprescindível. Houve momentos em que o Supremo, especialmente, foi obrigado a intervir no executivo federal para evitar a omissão e o caos que Bolsonaro impunha ao País. Caso isso não tivesse acontecido, uma tragédia ainda maior teria ocorrido, seja na questão de combate a pandemia – mais de 600 mil pessoas mortas –, seja no planejamento da economia, sobretudo porque a miséria voltou a assombrar as famílias brasileiras.

Medidas sanitárias que confrontaram as orientações do presidente salvaram muitas vidas. O distanciamento social determinado pelos governadores, o uso obrigatório das máscaras, o fechamento do comércio, as aulas por meio de transmissões digitais, enfim, uma infinidade de medidas foram tomadas para contrariar um Bolsonaro negacionista, que estava contra o isolamento social e as medidas de restrição ao comércio, entre outras coisas. Para além das medidas políticas e administrativas, o exemplo dos governadores foi fundamental. 

A maioria foi solidária às vítimas, não fez campanha contra a proteção das pessoas e nem recomendaram os medicamentos nocivos à saúde, como a cloroquina. E, mais importante do que tudo, trabalharam pela chegada das vacinas, o que Bolsonaro foi terminantemente contra desde o início. Se estivéssemos sob seu comando em relação à imunização, certamente teríamos chegado a um milhão de mortos. Nesse embate, a população optou, sem qualquer sombra de dúvida, pela vacinação em massa. Hoje, assistimos a pandemia em queda.

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Vieram do STF as decisões mais contundentes. Quando houve a judicialização para saber quem poderia decidir sobre as regras sanitárias, os ministros corroboraram o que seria mais adequado para a sobrevivência das pessoas. Também foi no STF que se materializou a CPI da Covid. O Senado precisou ser provocado para tocar as investigações da CPI. E foi exitoso nos seus resultados. Conseguiu mostrar todos os crimes cometidos, inclusive quem se beneficiou financeiramente com a compra de vacinas superfaturadas ou remédios ineficazes. A Câmara dos Deputados, omissa, se escondeu dos debates, mas pegou carona na construção de uma alternativa que impediu uma miséria ainda maior com o auxílio emergencial.

Como se vê, esse deve ser o cenário que vai acirrar ainda mais o debate eleitoral no ano que vem. É necessário, desde já, que os congressistas imponham limites à atuação do presidente. A sua caneta Bic, por mais que esteja quase sem tinta, já em final de mandato, ainda pode fazer muitos estragos na mão de um presidente incapacitado para a gestão e que flerta contra a democracia diuturnamente.

EM TEMPO: Pelo exposto concluímos que a população brasileira precisa melhorar a qualidade do voto. Mas, para que isso aconteça se faz necessário elevar o nível cultural e político dos nossos compatriotas. 

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