FOLHA - ANA BOTTALLO
SÃO PAULO, SP
(FOLHAPRESS) - Quando a farmacêutica MSD (conhecida como Merck nos Estados
Unidos e no Canadá) anunciou no início do mês que os testes com o molnupiravir
estavam mostrando ótimos resultados, diversos especialistas se mostraram
bastante animados com a notícia. Pela primeira vez, tornou-se concreta a
possibilidade de surgir um remédio eficaz e acessível contra a Covid.
Desde o início da pandemia, diversos tratamentos foram testados para as diferentes fases da doença. Alguns medicamentos se mostraram ineficazes, como a hidroxicloroquina e a ivermectina, enquanto outros trouxeram efeitos positivos limitados ou ainda estão em fase de testes. Veja abaixo uma lista dos principais medicamentos em discussão quando se trata de Covid.
Aprovados
REMDESIVIR
O antiviral
remdesivir foi o primeiro medicamento a ser aprovado para uso contra o
coronavírus no Brasil e nos EUA. O remédio é indicado para pessoas
hospitalizadas com pneumonia e que precisam de suporte de oxigênio.
Mas um estudo
recente da fabricante, a Gilead Sciences, indicou que a droga reduz em 87% o
risco de internação e morte em pacientes não hospitalizados com alto risco de
agravamento do quadro. Os dados ainda não foram publicados em revista
científica. O tratamento completo pode passar de R$ 15 mil.
REGEN-COV
A combinação de
anticorpos monoclonais casirivimabe e imdevimabe (moléculas produzidas
artificialmente a partir de clones de uma única célula e que ajudam a
neutralizar o vírus), conhecidos pelo nome comercial Regen-Cov, reduziu
infecções pelo vírus em moradores de uma mesma casa e também ajudou a evitar
hospitalização e mortes relacionadas à Covid em pessoas com risco de
desenvolvimento grave da doença.
O medicamento foi o
segundo a receber autorização para uso emergencial. Até o momento, a aprovação
da Anvisa vale apenas para casos leves e moderados da Covid.
BANLANIVIMABE E
ETESEVIMABE
O conjunto de
anticorpos monoclonais da empresa Eli Lilly reduziu em até 70% o risco de
hospitalização e mortes por Covid em casos leves e moderados e com risco de
agravamento do quadro.
A proteção contra
hospitalização e morte levou à aprovação da Anvisa da combinação de drogas, mas
apenas para uso em pacientes que não estejam hospitalizados e que necessitem de
uso de oxigênio.
REGDANVIMABE,
SOTROVIMABE
Assim como os
outros anticorpos monoclonais, o regdanvimabe e o sotrovimabe, das empresas
Celltrion Healthcares e GlaxonSmithKlein (GSK), respectivamente, também
receberam autorização da Anvisa para uso emergencial contra a Covid.
Ambos apresentaram
redução significativa no risco de progressão da doença em pessoas a partir de
12 anos e com risco elevado de agravamento de Covid.
BARICITINIBE
No final de
setembro, a Anvisa aprovou um sexto medicamento para uso contra a Covid, o
baricitinibe, utilizado para tratamento de artrire reumatoide e dermatite
atópica, da empresa Eli Lilly.
A nova indicação
vale para pacientes adultos hospitalizados com quadro grave de Covid que
necessitam de suporte de oxigênio por máscara, cateter nasal ou ventilação
mecânica.
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Em teste
MOLNUPIRAVIR
A pílula
desenvolvida pela farmacêutica MSD (conhecida como Merck nos Estados Unidos e
Canadá) reduziu em cerca de 50% o risco de hospitalização e morte para
pacientes que podem desenvolver formas graves da doença, de acordo com os
resultados preliminares de um estudo conduzido nos Estados Unidos.
Após a divulgação
dos resultados preliminares, a MSD e a Ridgeback Pharmaceutics anunciaram que
planejam buscar a autorização para uso emergencial da pílula em diversos
países.
No Brasil, um
ensaio clínico de fase 3 foi lançado em junho para avaliar o uso da droga duas
vezes ao dia, por cinco dias, em pessoas com idade de 18 ou mais com
diagnóstico de Covid (máximo quatro dias) e com sintomas.
A MSD anunciou na
última terça (5) que o Brasil fará parte também de um estudo de fase 3 para
avaliar o uso profilático da droga, isto é, para impedir infecção pós-exposição
pelo Sars-CoV-2.
TOFACITINIBE
O medicamento
tofacitinibe, conhecido pelo nome comercial Xeljanz, desenvolvido pela
farmacêutica Pfizer, apontou uma redução de 37% do risco de morte e falência
respiratória em pacientes hospitalizados com Covid, de acordo com um estudo
conduzido no Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa, vinculado ao hospital de
mesmo nome.
A droga é
atualmente indicada para o tratamento de artrite reumatoide, artrite psoriásica
e retocolite ulcerativa.
AZD7442
O tratamento com
anticorpos da AstraZeneca apresentou eficácia de até 77% contra o risco de
desenvolver Covid sintomática, segundo dados divulgados pela própria
farmacêutica.
A farmacêutica
pretende apresentar um pedido para autorização de uso emergencial como
profilaxia (prevenção de infecção) contra a Covid. A AstraZeneca afirma, no
entanto, que a droga não deve substituir a vacinação, que é uma forte medida de
controle da pandemia e de proteção da doença.
PF-07321332 +
RITONAVIR
O antiviral
PF-07321332, desenvolvido pela Pfizer apresentou, em testes em animais, uma
forte ação antiviral, impedindo a replicação do Sars-CoV-2. Se funcionar, a
droga pode ser eficaz apenas nos estágios inicias da infecção.
Os resultados
promissores levaram ao anúncio, no último dia 27, de que a empresa dará
prosseguimento a um grande estudo clínico para avaliar segurança e eficácia da
droga associada ao ritonavir para prevenção de infecção pelo Sars-CoV-2.
Atualmente, o ritonavir é utilizado contra o HIV.
PLASMA
CONVALESCENTE
O Instituto
Butantan, em São Paulo, está testando o uso do plasma de recuperados de Covid
como terapia para os pacientes com a forma grave da doença.
O plasma
convalescente, como é chamado, é rico em anticorpos específicos contra o Sars-CoV-2
e pode ajudar a combater a infecção.
Em janeiro, um
estudo com 160 idosos conduzido na Argentina apontou para uma redução de 48% no
risco de desenvolver um quadro respiratório grave.
Além do plasma
convalescente, o Butantan está também desenvolvendo um soro rico em anticorpos
que poderá ser usado para tratamento da doença.
Com benefício
evidente
DEXAMETASONA
O corticosteroide é
um dos medicamentos mais utilizados para o tratamento de pacientes internados
com Covid e com necessidade de suporte respiratório.
Dados do estudo
Recovery, da Universidade de Oxford, indicaram que a droga reduziu em cerca de
35% a mortalidade por Covid em pacientes que recebiam ventilação pulmonar
mecânica e em cerca de 20% nos que necessitavam de inalação de oxigênio suplementar,
sem a intubação.
Não encontraram
benefício, contudo, em pacientes que não precisavam de suporte respiratório.
ANTICOAGULANTES
Anticoagulantes,
como a heparina, são medicamentos acessíveis e amplamente utilizados em
pacientes hospitalizados com quadro de síndrome respiratória grave causada pelo
coronavírus. Um estudo conduzido por pesquisadores do Hospital Sírio-Libanês e
do HC da USP avaliou diferentes dosagens de anticoagulantes em pacientes
internados com Covid em estado grave e viu que houve uma melhora significativa
dos tratados em relação à ocorrência de quadros tromboembólicos.
Evidência de
benefício contraditória
TOCILIZUMABE
A droga, cujo uso
indicado é para artrite, foi testada em diversos lugares do mundo para
tratamento de pacientes internados em estado grave com Covid, mas os resultados
de estudos clínicos até agora não apontaram para redução de hospitalização ou
morte.
Um dos estudos,
conduzido no Hospital das Clínicas da USP, apontou que o tocilizumabe não
adicionou nenhum benefício em termos do paciente ser intubado ou reduzir a
mortalidade.
Em 2020, porém, o
estudo Recovery, com 4.000 voluntários, demonstrou um resultado positivo do
tocilizumabe em reduzir a mortalidade quando comparado ao tratamento padrão.
Esse foi o único estudo da droga a ter desfecho favorável, uma vez que nos
estudos menores os resultados não indicaram eficácia do tocilizumabe contra a
Covid.
Sem benefício
evidente
AVIFAVIR
(FAVIPIRAVIR)
Usado contra gripe,
o antiviral favipiravir teve seu pedido para uso em pacientes hospitalizados
com Covid negado pela Anvisa por não atender os requisitos mínimos de segurança
e eficácia.
LOPINAVIR +
RITONAVIR
As duas drogas
antivirais, utilizadas no combate ao HIV, não promoveram nenhum benefício em
pacientes hospitalizados com Covid de acordo com o estudo Recovery, da OMS.
Comprovadamente
ineficazes contra Covid-19
CLOROQUINA E
HIDROXICLOROQUINA
A cloroquina e a
hidroxicloroquina foram as drogas mais testadas contra a Covid e, em todos os
estudos de alto rigor científico, incluindo o maior estudo brasileiro, não
apresentaram eficácia para pacientes com sintomas leves ou moderados.
IVERMECTINA
O antiparasitário
de uso veterinário, cujo efeito antiviral contra o vírus foi demonstrado em
ensaios in vitro no ano passado, não apresentou nenhum benefício contra a Covid
em humanos. A conclusão, inclusive, foi divulgada pela própria fabricante do
medicamento, a farmacêutica MSD.
NITAZOXANIDA
(ANNITA)
Outro
antiparasitário que foi testado para a Covid e não teve eficácia comprovada.
EXO-CD24 (SPRAY
NASAL)
Originalmente
desenvolvido para combater câncer de ovário, foi testado em Israel contra a
Covid, mas até agora sua eficácia contra a doença não foi comprovada.
PROXALUTAMIDA
Bloqueador de
hormônios masculinos ainda em fase de desenvolvimento contra câncer de
próstata, o medicamento não teve sua eficácia contra a Covid comprovada.
Estudos conduzidos no Brasil estão sendo investigados por possíveis fraudes e
por não possuir autorização para testes em humanos.
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