17 de maio de 2021
Com o aprofundamento da crise estrutural do capitalismo, reiteramos que a única saída possível para o fim da exploração e opressão da humanidade, assim como a sua emancipação, é a construção do socialismo. Não há saída civilizatória ou reformas possíveis dentro das amarras do capitalismo e do imperialismo.
Exemplo do avanço da desumanização de nosso período é a situação de nosso país
e a situação do povo palestino, que há mais de décadas se vê em um cenário de
extrema brutalidade, retirada de direitos básicos, avanço das barbáries
capitalistas e a constante militarização da vida. Unidos por tratados
militares, acordos comerciais e financeiros, além de um histórico de genocídio,
o Estado Brasileiro e o Estado de Israel seguem favorecendo o capital
internacional em seu pacto de sangue.
Exemplo recente disso é mais um avanço da política de limpeza étnica na Palestina por parte de Israel, desta vez perpetrada sobre o bairro de Sheikh Jarrah, na Jerusalém Oriental, e a chacina cometida pela polícia contra a população periférica da favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro. No caso palestino, o Estado sionista vem efetuando despejos forçados de 28 famílias palestinas de suas casas em Sheikh Jarrah, que abriga refugiados palestinos desde 1956, para alocar colonos israelenses em seu lugar. Em resposta a isto, o povo palestino vem protestando e lutando por seus direitos e, visando garantir pela força o processo de colonização, as Forças de Ocupação Israelenses têm se utilizado de seu poderio militar para calar os protestos.
Já somam-se mais de 176 palestinos feridos e
mais de 45 detidos somente em um dos dias de protesto. O caso do Rio de Janeiro
é tão brutal quanto: a polícia carioca, conhecida por ser uma das mais letais
do mundo, entrou na última quinta-feira, dia 6 de Maio, na comunidade do
Jacarezinho e assassinou, em menos de oito horas, quase trinta pessoas (até
agora a contagem é de 28 mortos). Muito ressalta-se que esta seria uma operação
ilegal, já que operações foram proibidas pelo Supremo Tribunal Federal do
Brasil durante a pandemia, contudo sabemos que este não é uma exceção e sim o
Estado burguês operando em sua normalidade racista e genocida.
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Na luta internacional do povo palestino, o dia 15 de maio marca a Nakba (do árabe, tragédia), processo que se iniciou com a desabrigação e expulsão de palestinos de suas terras e a proclamação ilegítima do Estado de Israel em 1948. Isso ocorreu por meio da expropriação violenta de terras palestinas, queima e destruição de cidades inteiras, pelo genocídio de milhares de palestinos e palestinas, dando prosseguimento a um processo de limpeza étnica que perdura até os dias atuais, sendo o recente ataque sobre Sheikh Jarrah mais um caso do avanço desta política de morte.
Sendo obrigados a sobreviver há mais de 70 anos ao projeto
colonial entrelaçado com o sionismo, os palestinos atualmente vivem sob um
regime violento de apartheid. Um cotidiano atravessado por filas quilométricas
em checkpoints, avanço dos assentamentos ilegais israelenses na Cisjordânia,
leis discriminatórias dentro do Estado de Israel, cerco militar a Gaza,
bombardeios e demolição diárias de vilas inteiras, além das prisões políticas
de suas lideranças. Essa é a realidade da Palestina. Um território entrecortado
por Israel, sem acesso aos seus direitos mais básicos, resistindo diariamente.
Como na Palestina, a
população brasileira também sofre profundamente com a militarização da vida,
assassinatos e chacinas por parte das forças repressivas do Estado, como foi
nesta última semana em Jacarezinho, prisões arbitrárias e o encarceramento em
massa. Tanto lá como aqui os presos são mantidos detidos sem julgamento ou
direito à defesa e os mortos são apagados ou taxados como criminosos.
O Brasil e Israel possuem relações históricas, desde o apoio brasileiro à fundação do Estado sionista, passando pelo apoio Israelense à ditadura empresarial-militar brasileira (e outras em toda a América Latina), fornecendo treinamento e tecnologias militares. Atualmente as aproximações entre os países se aprofundam ainda mais no governo de Jair Bolsonaro. Trocas de armamentos de alta letalidade e tecnologias, convênios com empresas israelenses, acordos econômicos, relações bilaterais, troca de embaixadas e o apoio público de Bolsonaro e seus ministros ao primeiro-ministro israelense de extrema-direita, Benjamin Netanyahu, e vice-versa.
Além disso, hoje o Brasil é um dos maiores
importadores de tecnologias militares israelenses no mundo, estando entre os
top 5. Tanto em nível nacional quanto estadual, treinamentos, táticas e
tecnologias desenvolvidas em Israel e testadas no povo palestino são utilizadas
em nosso país para aprofundar a militarização da nossa sociedade, o genocídio
do povo pobre e negro, as operações nas favelas e periferias por todo o Brasil,
assim como na crescente repressão aos movimentos sociais, populares e à classe
trabalhadora brasileira.
Assim é a conexão
entre a militarização do Brasil e da Palestina: importação de tecnologias de
controle, de segurança, armas, caveirões e metralhadoras. Em busca da
maximização do lucro desse grande capital, vinculado à estas indústrias
bélicas, a exploração colonial na Palestina e ao sistemático genocídio da
classe trabalhadora brasileira, que tais conexões acontecem e se aprofundam.
Sem contarmos o cotidiano cercado por uma militarização da vida constante: a
falta de livre circulação, o desemprego, as revistas diárias, o controle do
comércio, as invasões de casas, o não direito de ir e vir e os assassinatos.
Todo este cenário é
sustentado pelo imperialismo, em especial o norte-americano, e é importante
ressaltar que os EUA são um dos principais parceiros políticos, econômicos e
ideológicos do Estado sionista, independente do partido que está na gestão da
máquina de guerra estadunidense. Além disso, é notória a postura do Império de
pressionar países política e economicamente para que se alinhem aos seus
interesses, muitas vezes orquestrando golpes de estado pelos quatro cantos do
globo quando não estão levando à cabo sua política genocida de guerra contra os
povos do terceiro mundo.
É diante de todo este
cenário que viemos por meio deste manifesto denunciar os laços de sangue entre
estes dois Estados que oprimem o povo lá e aqui, e convidar a todos aqueles
comprometidos com a vida, com as lutas antirracistas e com a paz e
solidariedade entre os povos, além dos movimentos sociais que lutam pelos
direitos do povo brasileiro oprimido para se somar à esta luta contra o
imperialismo israelense e norte americano, contra a militarização da vida
orquestrada pelos Estados brasileiro e israelense em uma parceria de morte que
beneficia apenas os representantes do capital, uma luta pela vida dos
brasileiros e palestinos hoje submetidos a uma política explícita de genocídio,
rumo à construção do Poder Popular e plena autodeterminação de nossos povos!
𝐀𝐒𝐒𝐈𝐍𝐀𝐌 𝐄𝐒𝐓𝐄 𝐌𝐀𝐍𝐈𝐅𝐄𝐒𝐓𝐎:
𝐎𝐑𝐆𝐀𝐍𝐈𝐙𝐀𝐂̧𝐎̃𝐄𝐒
𝐅𝐈𝐆𝐔𝐑𝐀𝐒 𝐏Ú𝐁𝐋𝐈𝐂𝐀𝐒
– 𝐓𝐨𝐧𝐢𝐧𝐡𝐨 𝐕𝐞𝐬𝐩𝐨𝐥𝐢, 𝐕𝐞𝐫𝐞𝐚𝐝𝐨𝐫 𝐏𝐒𝐎𝐋/𝐒𝐏
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