ESTADÃO - Redação
BRUXELAS – Um
debate organizado pelo Parlamento
Europeu nesta quinta-feira, 29, sobre a pandemia do novo
coronavírus se transformou em uma sessão de críticas ao presidente Jair Bolsonaro, que foi chamado de
“negacionista” e de adotar a “necropolítica” na resposta à crise sanitária.
A reunião tinha o
objetivo de discutir ajuda da União Europeia (UE) aos esforços dos governos nacionais
para enfrentar a covid-19 e a relação
entre o elevado nível de desigualdades sociais e econômicas no continente e o
avanço fora de controle da pandemia. As críticas ao mandatário brasileiro,
porém, dominaram a sessão – as mais duras partiram de eurodeputados de partidos
de esquerda, mas parlamentares conservadores também reprovaram condução da
crise.
“Por ação ou omissão, a necropolítica de Bolsonaro constitui um crime contra a humanidade que deve ser investigado”, afirmou o eurodeputado espanhol Miguel Urbán. Outro eurodeputado espanhol, Jordi Solé, advertiu que a gestão da crise de saúde pelo presidente brasileiro pode “transformar o país em uma incubadora de novas cepas” do coronavírus.
Para a legisladora
portuguesa Isabel Santos, a
situação no Brasil é mais difícil por causa do “irracional negacionismo de
Bolsonaro”, a quem acusou de “fazer tudo para que a população não seja
vacinada”. ”Não é um erro, e sim uma irresponsabilidade deliberada”, completou.
Os legisladores conservadores que participaram no debate também apresentaram críticas, mas sem mencionar o nome do presidente brasileiro. Para o português Paulo Rangel, o impacto da pandemia foi agravado “por erros políticos e por visões negacionistas, como é o caso do Brasil”.
O eurodeputado espanhol Leopoldo López afirmou que é necessário “destacar a negação da gravidade por parte dos governantes de alguns dos países com maior população”. A comissária europeia da Estabilidade Financeira, Mairead McGuiness, destacou que a UE já destinou 38 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 a 30 países da América Latina por meio do mecanismo internacional Covax.
A abordagem do
governo é alvo de uma Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI). Desde o início da pandemia no Brasil, em
fevereiro de 2020, Bolsonaro se opôs às medidas de isolamento social, rejeitou
o uso de máscara, questionou a eficácia das vacinas e defendeu o uso de
remédios, como a hidroxicloroquina, sem eficácia comprovada contra a
doença. /AFP
EM TEMPO: É muito bonito para o Brasil ter um Presidente dessa qualidade.
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