© Michel Jesus/Thinkstock Felício Laterça |
Veja.com - Ricardo Ferraz
O deputado federal Felício Laterça (PSL-RJ) disse que vai processar Daniel Silveira (PSL-RJ) e exigir reparação por danos morais, após a entrevista concedida pelo colega de partido com exclusividade a VEJA.
"Silveira tenta se defender da mesma forma pela qual ele está sendo investigado: com ataques, mentiras e ilações. Ele se orgulha de ter sido preso. Eu me orgulho de não ter uma anotação sequer em minha ficha durante 30 anos de serviços prestados como policial civil, oficial de justiça e delegado de Polícia Federal. Me orgulho também das dezenas de prisões que fiz", rebate Laterça.
O deputado também
afirma que vai representar contra Silveira na Executiva Nacional do PSL e no
Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.
No dia 22 de
fevereiro, após a prisão de Daniel Silveira, determinada pelo Supremo Tribunal
Federal, Laterça declarou ao Estadão que o deputado tinha o
hábito de fazer gravações das conversas que mantinha com interlocutores da
Câmara e do governo, inclusive com o presidente Jair Bolsonaro. Perguntado
sobre a denúncia, Silveira classificou Laterça como "mentiroso", "moleque"
e "digno de pena". "Nunca gravei o presidente nem nunca o faria.
Laterça é covarde e quis fazer sensacionalismo num momento em que eu estava em
um presídio e não tinha como me defender", disse.
A VEJA, Laterça
reafirmou que Silveira o procurou para propor participação na organização de
atos antidemocráticos, que defendiam intervenção militar e fechamento do
Supremo Tribunal Federal. Na ocasião, teria dito "dá para ganhar dinheiro
na boa" com as manifestações. Silveira nega as acusações.
Os dois deputados
são do mesmo partido, mas fazem parte de alas diferentes. Silveira se manteve
fiel ao governo depois que o presidente Jair Bolsonaro deixou a legenda. Já
Laterça integra o grupo que busca independência. Antes colegas, ambos
integraram uma comitiva da Câmara à China, mas se distanciaram depois do racha
na bancada. "Me afastei de Silveira depois da canalhice que ele fez que
foi a gravação de uma reunião do partido em que se discutia a liderança do PSL
na câmara, em 2019", diz Laterça.
Além de gravar
as conversas, Laterça afirma também que Silveira costumava exibir pelos
corredores da câmara imagens de mulheres com quem mantinha
relacionamento. "Eu nunca vi, mas ele mostrava a parlamentares e
assessores fotos e vídeos íntimos de mulheres com as quais se relacionava, se
vangloriando".
Atualmente,
Silveira se encontra em prisão domiciliar por determinação do ministro
Alexandre de Moraes, depois de divulgar um vídeo com ataques pessoais aos
membros do STF. Ele é investigado em dois inquéritos abertos pelo Supremo: um
que apura a produção e divulgação de notícias falsas e outro que trata da
organização de atos antidemocráticos contra a corte superior do país.
André Rios,
advogado de Silveira, afirmou que o cliente "não falou nenhuma
mentira" na entrevista a VEJA. Quanto à acusação de exibir vídeos e fotos
íntimas, a defesa afirma que são "Ilações de quem não tem trabalho nenhum
e quer se promover a todo custo".
EM TEMPO: O deputado federal Laterça, disse o que já se desconfia, ou seja, que alguns "manifestantes" são remunerados para atentar contra a democracia.
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