AFP
Presidente russo,
Vladimir Putin
Antoine LAMBROSCHINI
O presidente russo, Vladimir Putin,
ironizou nesta quinta-feira (18) o americano Joe Biden, que o chamou de
"assassino" numa entrevista no dia anterior, antes de reafirmar que a
Rússia defenderá seus interesses e trabalhará com os Estados Unidos onde for
"vantajoso".
A disputa pode mergulhar a relação
entre os dois rivais geopolíticos em uma nova espiral de tensões, apesar de
ambas as potências terem manifestado vontade de cooperar em casos de interesse
comum.
"Aquele que diz é que é",
disse Putin, sorrindo, segundo declarações transmitidas pela televisão russa.
"Não é apenas uma expressão
infantil, uma piada. O significado é profundo e psicológico. Sempre vemos no
outro as nossas próprias características", declarou.
Putin, que também disse desejar
"boa saúde, sem qualquer ironia", ao presidente Biden, reafirmou que
Moscou não se intimidaria, um 'leitmotiv' de sua diplomacia.
Na quarta-feira, Biden respondeu
afirmativamente a um jornalista que o perguntou se Putin era "um
assassino", numa entrevista com a emissora ABC.
"Defenderemos nossos próprios
interesses e trabalharemos com (os americanos) em condições que serão
vantajosas para nós", insistiu Putin nesta quinta.
Ele falou durante uma
videoconferência com representantes da sociedade civil da Crimeia, península
ucraniana que a Rússia anexou em 2014, ponto de partida de relações
russo-ocidentais cada vez mais conflitantes.
Apesar da ironia de Putin, Moscou não
deixou de ressaltar que as afirmações de Biden eram inaceitáveis.
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- Convocação para consultas -
Adotando uma disposição sem precedentes desde 1998, o ministério das Relações Exteriores da Rússia convocou seu embaixador nos Estados Unidos para consultas, para discutir o futuro da relação "estagnada" entre Moscou e Washington.
De acordo com a embaixada russa em
Washington, as "declarações imprudentes de autoridades americanas correm o
risco de causar o colapso de relações já conflituosas".
O Kremlin, por sua vez, denunciou
afirmações que mostram que Biden "claramente não quer melhorar as relações
com nosso país".
O Departamento de Estado americano
afirmou à AFP que não tinha planos de chamar seu representante em Moscou para
consultas.
Por outro lado, na mesma entrevista,
Biden afirmou que queria fazer o presidente russo "pagar" pela
interferência nas eleições americanas de 2016 e 2020, acusação que Moscou
sempre rejeitou.
Um conjunto de declarações que o
presidente da Câmara Baixa do Parlamento russo, Viacheslav Volodin, descreveu
como um "insulto" aos russos e um "ataque" contra seu país.
Um vice-presidente da Câmara Alta,
Konstantin Kosachev, exigiu "explicações e desculpas".
As relações entre Moscou e Washington
e, em geral, entre Rússia e países ocidentais, vêm se deteriorando há anos,
como resultado da anexação da Crimeia, a guerra na Ucrânia, o conflito na Síria
e o envenenamento e posterior prisão do opositor russo Alexei Navalny, entre
outros assuntos.
- Sanções -
Consequentemente, várias rodadas de
sanções e contra-sanções foram adotadas. Na quarta-feira, o governo americano
anunciou que estenderia as restrições às exportações de produtos sensíveis para
a Rússia.
Nesta quinta-feira, o grupo de países
do G7 denunciou novamente a "ocupação" da Rússia na Crimeia.
Desde sua chegada à Casa Branca,
Biden tem demonstrado grande firmeza para com o Kremlin, em contraste com a
leniência que seu antecessor, Donald Trump, costumava mostrar, criticado por
democratas e pelo Partido Republicano.
Se as relações entre as duas
potências se deteriorarem ainda mais, a incipiente cooperação em casos de
interesse comum poderá se ver ameaçada.
O exemplo mais claro, citado por
Biden na quarta-feira, seria a extensão do tratado de limitação de arsenais
nucleares do New Start, acordada no início deste ano.
Outras questões em que russos e
americanos estudam colaborar são o programa nuclear iraniano ou a crise
climática, de acordo com Moscou.
Biden insistiu que deseja
"trabalhar" com os russos em questões de "interesse mútuo".
Mas a Casa Branca enfatizou: o
presidente dos Estados Unidos não vai "silenciar suas preocupações sobre
tudo o que considera atos nefastos".
Acesse e assista o vídeo: https://youtu.be/LlVHBCg4Jp4
burs-alf/rco/jvb/mis/mr
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