Luís Fernandes *
Desde, pelo menos, o
governo de Itamar Franco já existia a famigerada “autonomia” do Banco Central
que na prática é o atrelamento desta autarquia aos ditames do financismo. Mas
qual a razão de institucionalizar essa questão? Ainda mais em meio a uma
pandemia, índices sociais catastróficos e grande desemprego?
O Banco Central é
responsável por toda a política monetária do país. A nomeação do presidente do
Bacen é feita pelo presidente da república. O atual projeto em curso na Câmara
defende que o presidente e a diretoria do BC tenham mandatos de dois anos e uma
quarentena (não podendo migrar para empresas privadas após suas funções
públicas) de apenas 6 meses. Em suma, segue o script neoliberal de REDUZIR os instrumentos
de intervenção de política econômica dos governos e intensificar a
promiscuidade da “porta giratória” em benefício dos grandes monopólios.
Se, por exemplo,
elegermos em 2022 um governo popular ou de centro-esquerda, esse governo terá
que “conviver” com um presidente do BC indicado por Bolsonaro e em sintonia com
toda a linha ultraliberal. Fora que indicar um presidente ao BC, por si só,
está longe de garantir medidas progressistas que estimulem o emprego e acesso
ao crédito para pequenos e médios negócios. Os mecanismos de lobbies e pressão
das mais diferentes frações burguesas são muito bem articulados.
Enfim, ao lado do tal
do tripé macroeconômico – lei de responsabilidade fiscal, lei das falências e a
desregulamentação do mercado de trabalho -, essa medida com relação ao Banco
Central impõe mais uma âncora que impede a efetivação de políticas sociais,
tecnológicas e industriais mais profundas. O neoliberalismo transforma a
democracia burguesa num grande conselho de administração de empresas. Mesmo um
projeto reformista ou nacional-popular para o país só se materializa com
mudanças/subversão das estruturas institucionais instauradas nos anos de 1990 e
radicalizadas pós-2015.
* Luís Fernandes é
membro do Comitê Central e militante do PCB de São Paulo
EM TEMPO: Daí a importância de elegermos nas Eleições de 2022, parlamentares e governantes que estejam minimamente comprometidos com as causas populares e não com os interesses do Mercado Capitalista.
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