sábado, 9 de janeiro de 2021

Trump e o ataque fascista nos EUA

Foto: Trump se dirigindo ao comício de 6 de janeiro fora da Casa Branca antes da tomada do Capitólio pela multidão fascista.

Declaração do PSL (Partido pelo Socialismo e a Libertação): Trump incita uma insurreição fascista contra o Congresso – O que vem a seguir?

No dia 06 de janeiro, uma multidão fascista – chamada à ação por Donald Trump e agindo em óbvio conluio com elementos da Polícia do Capitólio, do Departamento de Defesa e possivelmente de outras forças armadas – invadiu o edifício do Capitólio dos EUA e dispersou o Congresso. O próprio Trump emitiu declarações na principal manifestação realizada do lado de fora da Casa Branca como parte de sua campanha para se agarrar desesperadamente ao poder. 

A extrema direita que assaltou o Capitólio hoje está unida acima de tudo pela figura de Trump. Pouco antes de a multidão marchar sobre o Capitólio, Trump declarou: “Você nunca vai retomar o país com fraqueza. Você tem que mostrar força”. Trump, mais do que qualquer outra coisa, deseja evitar processos criminais quando ele deixar o cargo e manter seu controle político sobre o Partido Republicano.

A Polícia do Capitólio, fortemente armada, quase não ofereceu resistência quando os fascistas empurraram barreiras, quebraram janelas e invadiram a câmara do Senado. Uma mulher foi baleada e morta dentro do edifício do Capitólio. Mas, no final do caos, depois de cumprir seu objetivo, a multidão foi calmamente escoltada para fora do prédio em vez de ser presa. Se uma ação como a dispersão do Congresso pela multidão pró-Trump tivesse sido tentada por manifestantes antirracistas neste verão, por exemplo, eles teriam, sem dúvida, sido recebidos com uma avassaladora e mortal força.

Os eventos de 06/01 não poderiam ter acontecido sem algum nível de cooperação entre os fascistas e a polícia. É inconcebível que a polícia não estivesse monitorando as comunicações dos manifestantes pró-Trump que viajavam para D.C. e que eles simplesmente não sabiam que havia qualquer possibilidade de que um ataque ao edifício do Capitólio estivesse sendo discutido.

O papel do Pentágono nesta crise é outra questão central. A Guarda Nacional em Washington D.C. está sob o controle do Secretário de Defesa e do Secretário do Exército, não do Prefeito de D.C. Muriel Bowser solicitou ontem que o Departamento de Defesa chamasse a Guarda Nacional de D.C., mas seu pedido foi ignorado. Agora a Guarda está supostamente sendo enviada às ruas, mas somente depois que os fascistas tiveram sucesso em invadir o Capitólio.

O conflito dentro da classe dominante

O Secretário de Defesa Christopher Miller não é uma figura independente. Ele era um oficial das Forças Especiais de patente relativamente baixa antes de ser elevado a um lugar de importância central por Donald Trump, a quem ele deve totalmente por sua atual posição de autoridade. No domingo passado, todos os 10 ex-secretários de Defesa vivos emitiram um artigo no Washington Post exigindo que os militares não interviessem na transição do poder para Joe Biden. Eles escreveram que “o secretário de Defesa em exercício, Christopher C. Miller e seus subordinados” devem “abster-se de quaisquer ações políticas que prejudiquem os resultados da eleição ou atrapalhem o sucesso da nova equipe”. 

O grupo de coautores inclui figuras como Dick Cheney, Donald Rumsfeld e Mark Esper – que serviu como secretário de Defesa até menos de dois meses atrás. Deve haver uma razão profunda pela qual um grupo de figuras altamente influentes de diferentes facções da classe dominante se uniram para divulgar essa declaração notável. Isso sugere que eles já estavam cientes de discussões em setores do Estado sobre exatamente esse tipo de trama ou ação.

Os eventos que ocorreram hoje são um sério embaraço para a classe dominante dos EUA no cenário mundial e enfraquecem a posição global do imperialismo dos EUA. Os governos que tradicionalmente desempenharam o papel de parceiros menores dos Estados Unidos, incluindo Alemanha, Reino Unido e Canadá, emitiram declarações condenando a multidão que invadiu o edifício do Capitólio. Jen Stoltenberg, chefe da OTAN, disse: “Cenas chocantes em Washington, D.C. O resultado desta eleição democrática deve ser respeitado”. 

Uma ampla coalizão da classe dominante pode se unir para derrubar Trump, que pisoteia um pilar fundamental da estabilidade do governo da classe capitalista nos Estados Unidos: a “transferência pacífica de poder”. CEOs importantes, a Associação Nacional de Manufaturas, a Mesa Redonda de Negócios (Business Roundtable) e outros pilares da América corporativa se manifestaram condenando Trump. O Congresso se reuniu várias horas depois de ter sido dispersado pelos fascistas, e a multidão pró-Trump foi condenada por Mike Pence e Mitch McConnell na reabertura da sessão.

Em uma breve e fraca declaração, Joe Biden fez um apelo à multidão fascista para se retirar e ofereceu chavões vazios sobre o patriotismo. O que realmente deve acontecer é que todos os responsáveis pelo ato histórico de agressão fascista que ocorreu no dia 06 sejam levados à justiça. Isso inclui especialmente Donald Trump e aqueles na hierarquia militar e policial que usaram suas posições para facilitar os eventos. Uma coalizão construída em conluio entre a polícia, elementos do Departamento de Defesa e uma multidão fascista lançou um ataque sem precedentes. A ameaça da extrema direita só pode ser derrotada de forma decisiva por uma frente única e militante da classe trabalhadora plurinacional.

Tradução por Andrey Santiago, militante da UJC de Santa Catarina

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