Postado por Magno Martins às 21:50
Com edição de Ítala Alves
Por Fernando Castilho*
Pronto. João Doria
conseguiu a foto que tanto desejava e o fato político é que o presidente
Bolsonaro perdeu a aposta que ele mesmo fez, e que dobrou, ao tentar obter 2
milhões da vacina da AstraZeneca.
É importante destacar isso. O presidente que, em dez meses, não fez a divulgação de uma só mensagem de aplicação de nenhuma vacina e inventou uma guerra com o governador de São Paulo. Se a gente lembrar, Doria quase que implorou a Bolsonaro para comprar as vacinas do Instituto Butantan e ele recusou a oferta. Bolsonaro fez mais: atrasou os processos de aquisição do imunizante e nessa campanha destruiu a carreira de seu ministro da Saúde, Pazuello, submetendo-o a uma humilhação consentida que transformou o general numa figura patética. E levantou publicamente suspeitas infundadas sobre a eficácia da vacina.
O presidente não
precisava fazer isso. A eleição é em 2022 e, dependendo das condições, talvez
nem ele nem Doria estejam numa disputa sobre quem será o próximo presidente.
Mas ele fez e perdeu. Atrapalhou o processo e se atrapalhou no projeto de
faturar o início de uma campanha de vacinação que não ajudou a construir.
Mas isso é passado.
O Brasil tem 209 mil mortes (10 mil delas em Pernambuco), 8,4 milhões de
infectados e enfrenta uma segunda onda de contaminação maior que a primeira
porque Bolsonaro insiste em não colaborar com a mensagem de usar máscara e não
se aglomerar.
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Temos um outro
problema como revelou hoje o colunista Merval Pereira no jornal O Globo: no
caso da AstraZeneca não tem ainda a garantia de envio do chamado Ingrediente
Farmacêutico Ativo (IFA) para a Fiocruz iniciar a produção das doses de vacinas
porque ele não foi liberado pelas autoridades da China.
Interessa pouco a
linha de produção da Fiocruz já estar pronta para produzir vacina. E aí tem uma
detalhe que só agora se sabe e que mostra a contradição do governo Bolsonaro.
A Fiocruz escolheu
o “sítio” (na linguagem técnica) da China como responsável pelo contrato do
envio porque temia os Estados Unidos de Donald Trump. Ninguém na Fiocruz
acreditava que a fábrica dos Estados Unidos pudesse mandar o IFA sem correr o
risco de o presidente hoje derrotado travar.
Na verdade,
corremos o risco que as 50 milhões de doses que a Fiocruz pretende produzir até
abril vão vacinar o dobro das pessoas inicialmente previstas.
Na época estava
viva a imagem dos Estados Unidos mandando aviões e requisitando material e
respirador. Imagina vacina. Então, a questão é quando é que vem o IFA da China.
Claro que eles virão. Mas o problema é prazo para chegada do princípio ativo e
o envasamento.
Mas temos também
problemas com o IFA do Butantan. Temos o desafio de receber o IFA da SinoVac e
iniciar uma produção regular. Afinal, temos uma meta de produção de pelo menos
350 milhões de doses.
Mas hoje é dia de
comemorar. Mônica Calazans, de 54 anos, moradora de Itaquera, com perfil de
alto risco para complicações da covid-19 e enfermeira negra do hospital Emílio
Ribas, que está há oito meses na linha de frente do combate ao coronavírus, foi
a primeira brasileira a receber neste domingo, 17, uma dose da vacina Coronavac.
A aplicação ocorreu
minutos após a Anvisa autorizar o uso emergencial desta e também da vacina de
Oxford por unanimidade. E é importante destacar que Monica, quando começaram os
testes clínicos da vacina Coronavac pelo Instituto Butantan, também se voluntariou
para os testes e estava no grupo que recebeu placebo.
Portanto, é justo
que a primeira dose fosse aplicada nela. Foi uma notícia importante. Nessa
semana de tanta coisa ruim e que Bolsonaro se esmerou em produzir mais
ainda.
*Jornalista. Titular da
coluna JC Negócios, do Jornal do Commercio.
EM TEMPO: Alguém tem algum abrigo para levar Bolsonaro para concluir sua educação e formação cultural? Vantagem: Não precisa se preocupar em vaciná-lo. AGORA DURMAM COM ESSA BRONCA.
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