Extra, 12 de julho de 2020
Ministro Gilmar Mendes decide que ações trabalhistas podem tramitar mesmo sem decisão do STF sobre índice de correção monetária
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo
Tribunal Federal (STF), disse no sábado não ser aceitável o vazio no comando do
Ministério da Saúde em meio à pandemia de coronavírus e afirmou que, se o
objetivo de manter um militar à frente da Pasta é tirar o protagonismo do
governo federal na crise, "o Exército está se associando a esse genocídio".
O Brasil ultrapassou 1,8 milhão de casos confirmados de Covid-19 e 71,5 mil
mortes por conta da doença, segundo o último boletim do consórcio de veículos
de imprensa, formado por O GLOBO, Extra, G1, Folha de S.Paulo, UOL e O Estado
de S. Paulo.
O Ministério da Saúde está sem
titular desde a saída de Nelson Teich, em 15 de maio, que ficou menos de um mês
no cargo após substituir Luiz Henrique Mandetta. Após a saída de Teich, o
número dois da Pasta, general Eduardo Pazuello, passou a responder pelo
ministério, sem, no entanto, ser efetivado no comando. A experiência do militar
está ligada à área de logística e não à saúde.
Gilmar Mendes, que disse na live
estar em Portugal, citou que o Brasil está com a imagem ruim no exterior.
- Acho que, de fato, somos uma nas
maiores nações do mundo. Vejo aqui em Portugal toda hora notas ruins em relação
ao Brasil e em relação ao nosso processo civilizatório. É altamente
constrangedor, as pessoas perguntam o que conteceu com o Brasil - disse,
completando: - Agora, o Brasil é muito mal visto.
Mandetta reclamou do que chamou de
aniquilação do Ministério da Saúde e afirmou que a União é a grande ausente na
pandemia.
- Eu disse a eles: troquem o
ministro, mas não troquem o corpo técnico porque ele é muito bom. Mas, parece
que, na minha sucessão, trocaram metade e, depois, trocaram absolutamente todo
o corpo ministerial técnico - disse, afirmando que fala-se sobre as declarações
do ex-ministro Sérgio Moro sobre a intervenção na Polícia Federal, mas é
preciso falar sobre a ingerência no Ministério da Saúde: - Acho muito
importante que averiguemos a ingerência na Policia Federal. Agora, o desmanche
do Ministério da Saúde na maior pandemia do século, e não é nem uma interferência,
é uma aniquilação do Ministério da Saúde, é uma uma ocupação militar do
Ministério da Saúde... Um Exército que, lá atrás, definiu nas suas bases pela
ciência e pelo iluminismo não é esse Exército.
O ex-ministro disse ainda que "desligamos as
luzes e estamos passando pelas grandes trevas da ciência".
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