Yahoo, Redação Notícias (*)
Sessão na Câmara (Najara Araujo/Câmara dos Deputados)
Em votação na noite desta terça (21), a Câmara dos Deputados aprovou, em
primeiro turno, o texto-base da PEC que renova o Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e amplia de forma gradual a
participação da União no financiamento da educação básica. A votação terminou
com 499 votos a favor e sete contra.
O texto elaborado pela relatora Professora Dorinha Seabra (DEM-TO) fixou
em 23% a participação da União no financiamento da educação. Esse percentual
será atingido após seis anos de gradativo incremento. Após acordo com o
governo, o relatório reserva ainda cerca de 5% para o investimento em educação
infantil. Caso a proposta seja promulgada, os efeitos financeiros passam a
valer a partir de 2021.
Deputados analisam nesta terça-feira destaques ao texto para finalizar a votação em primeiro turno. Após a análise em segundo turno, a proposta segue para o Senado. O Fundeb é a principal fonte de financiamento da educação básica brasileira e sua vigência termina no final deste ano. A PEC torna o mecanismo permanente e melhora suas ferramentas de distribuição.
A proposta inicial de deputados previa uma complementação de 20% por
parte da União de modo gradual ao longo de seis anos. Já o texto aprovado prevê
a seguinte evolução: 12% (2021), 15% (2022), 17% (2023), 19% (2024), 21% (2025)
e 23% (2026).
De acordo com a organização "Todos pela Educação", o novo
Fundeb dá maior eficiência à distribuição de recursos, beneficiando os alunos
mais pobres. Segundo os cálculos da entidade, o valor mínimo investido por
aluno por ano alcançará, em 2026, R$5.700, ante os R$3.700 atuais.
A relatora manteve a proibição do uso do fundo para o pagamento de
servidores inativos. O governo havia proposto que fosse permitido usar o Fundeb
para esse fim. Nos últimos dias, o ministro da Economia, Paulo Guedes, tentou
incluir na proposta a existência de um voucher para que pais de crianças
pudessem pagar creches privadas. A ideia foi rejeitada, mas houve acordo para
fortalecer o ensino infantil.
— Em um esforço de alcançar o consenso amplo que incorporasse elementos
da proposta do Governo, apresentada em julho de 2020, acordamos em uma
complementação final de 23% em seis anos, com a priorização para educação
infantil, etapa de ensino onde se concentra a maior demanda não atendida pelo
sistema público de ensino. Isso trará grande impacto para a educação da
primeira infância — disse Dorinha ao ler o relatório.
O novo texto determina que, em caso de falta de vagas em creches na rede
pública, o dinheiro poderá ser destinado a instituições sem fins lucrativos.
Com a complementação de 23%, 24 estados do país receberão aporte da União. De
acordo com Dorinha, a proposta torna o Fundeb mais eficiente. Os 10% que a
União já complementa atualmente permanecem como estão, dos 13% extras, 2,5%
serão destinados a municípios que tenham bons resultados educacionais. Dos
10,5% destinados para o valor aluno ano total, distribuído de acordo com a
necessidade dos municípios, cerca de metade (5%) deve ser investido na educação
infantil.
— Com adoção dos novos indicadores socioeconômicos e fiscais, a serem
tratados na lei de regulamentação, a destinação de recursos torna-se mais
redistributiva, atingindo mais entes federados.
A deputada manteve o piso de 70% do Fundo para pagamento de
profissionais da educação. O governo defendia que 70% fosse o máximo a ser
utilizado para esse fim. Na prática, após a última alteração do texto, foi
estabelecido um teto de 85% para arcar com este tipo de despesa. Na proposta,
foram reservados 15% para "despesas de capital", ou investimentos.
— Criou-se um teto sem dizer que foi teto. Tem agora a limitação até 85%
para usar com pagamento de professores — diz o deputado Bacelar (PODE-BA), que
foi presidente da comissão especial que tratou do tema.
Um destaque apresentado pelo partido Novo, no entanto, poderá alterar o
mérito deste ponto e acabar com qualquer piso e condição de alocação de verba
para servidores.
A relatora manteve o Custo Aluno Qualidade como parâmetro para
estabelecimento do padrão mínimo de qualidade do sistema educacional
brasileiro. Havia uma demanda do governo pela retirada do dispositivo.
Durante a discussão, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
chorou ao ser elogiado por sua defesa pela aprovação do Fundeb. Ao ouvir de
Dorinha elogios ao seu pai, o ex-prefeito do Rio Cesar Maia, pela atuação na
área, o presidente da Câmara não segurou a emoção. A votação começou conturbada
nesta terça-feira. Após a pressão do ministro da Economia, Paulo Guedes, para
que a PEC fosse alterada em vário pontos, o líder informal do governo na
Câmara, Arthur Lira (PP-AL), apresentou pelo menos cinco requerimentos de
obstrução para tentar adiar a votação.
A atitude de Lira gerou insatisfação, já que ele usou a condição de
líder do bloco de legendas do centrão para travar a votação.
Líderes de partidos pressionaram o deputado do PP a recuar e fecharam
acordo para esses requerimentos fossem retirados. Segundo um líder do grupo, o
recado foi "claro": "entre o governo e a Educação, os deputados
ficam com a Educação".
Nos últimos dias, a condução das negociações pelo governo foi criticada
duramente pelos parlamentares. Em tramitação desde 2015 na Câmara, a proposta
só mobilizou o Planalto quando o assunto foi incluído na pauta do plenário. E
mesmo assim para fazer alterações considerados "esdrúxulas", como
tentar incluir parte de programa social no Fundeb.
(*) Com informações do Extra
Nenhum comentário:
Postar um comentário