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Luiz Calcagno
Um grupo de 152 arcebispos, bispos e bispos eméritos da Igreja Católica assinaram uma carta se posicionando contra o governo de Jair Bolsonaro. O texto estava em análise por um conselho da Confederação Nacional dos Bispos do brasil (CNBB), mas vazou este domingo (26/7). Na carta, os signatários pedem uma união por um diálogo antagônico às ações do governo.
Especificamente,
chamam para “um amplo diálogo nacional que envolva humanistas, os comprometidos
com a democracia, movimentos sociais, homens e mulheres de boa vontade, para
que seja restabelecido o respeito à Constituição Federal e ao Estado
Democrático de Direito, com ética na política, com transparência das informações
e dos gastos públicos, com uma economia que vise ao bem comum, com justiça
socioambiental, com "terra, teto e trabalho”, com alegria e proteção da
família, com educação e saúde integrais e de qualidade para todos”.
Na carta, os
sacerdotes acusam Bolsonaro de usar o nome de Deus para difundir mensagens de
ódio e preconceito. “Como não ficarmos indignados diante do uso do nome de Deus
e de sua Santa Palavra, misturados a falas e posturas preconceituosas, que
incitam ao ódio, ao invés de pregar o amor, para legitimar práticas que não
condizem com o Reino de Deus e sua justiça?”, questionam. Em outros dois
trechos da carta, os bispos falam do desprezo do governo pelos direitos humanos
e, também, “pela educação, cultura, saúde e pela diplomacia”.
“Esse desprezo é visível nas demonstrações de
raiva pela educação pública; no apelo a ideias obscurantistas; na escolha da
educação como inimiga; nos sucessivos e grosseiros erros na escolha dos
ministros da educação e do meio ambiente e do secretário da cultura; no
desconhecimento e depreciação de processos pedagógicos e de importantes
pensadores do Brasil; na repugnância pela consciência crítica e pela liberdade
de pensamento e de imprensa; na desqualificação das relações diplomáticas com
vários países; na indiferença pelo fato de o Brasil ocupar um dos primeiros
lugares em número de infectados e mortos pela pandemia sem, sequer, ter um
ministro titular no Ministério da Saúde (...)”, argumenta o grupo.
O texto foi
revelado pela Folha de São Paulo. Após o vazamento, a CNBB se
isentou do conteúdo da carta, que disse ser “de responsabilidade dos
signatários”. Por e-mail, o Planalto informou que não comentará a carta dos
bispos.
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