(Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)
|
DANIELLE BRANT E ISABELLA MACEDO
***FOTO DE ARQUIVO***
BRASILIA, DF, 25.03.2020 - Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia
(DEM-RJ).
BRASÍLIA, DF
(FOLHAPRESS) - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu nesta
quinta-feira (25) o adiamento das eleições municipais e criticou o que viu como
incoerência de prefeitos que defendem a manutenção da data, mas reivindicam
verbas para enfrentar a pandemia do novo coronavírus.
Maia tenta
costurar um acordo para votar já na semana que vem a PEC (Proposta de Emenda à Constituição)
que adia as eleições de outubro para novembro. Para isso, pretende conversar
com líderes de partidos que estão rachados sobre o adiamento da data.
A divisão nas
bancadas é fruto de uma pressão de prefeitos e vereadores que buscam a
reeleição. Caso o calendário do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) seja mantido,
os adversários teriam menos tempo para fazer campanha junto aos eleitores, o
que, em tese, beneficiaria os atuais ocupantes dos cargos.
Maia criticou a
pressão de prefeitos por recursos para combater os efeitos da pandemia na
economia, com queda na arrecadação.
"Eu só acho
que é incoerente o prefeito estar dizendo que ainda tem crise, que precisa de
mais recursos para a saúde, para manter a prefeitura funcionando, e ao mesmo
tempo uma boa parte desses prefeitos defendendo a manutenção da data de
outubro", disse. "Tem uma incoerência nisso."
Para o deputado,
"a eleição não pode estar à frente de salvar vidas e de proteger as
famílias brasileiras".
Ele defendeu que
o adiamento ajudaria o eleitor a conhecer de "forma democrática e
transparente" seus candidatos. "Se me perguntar, 'em outubro a crise
do coronavírus vai estar toda resolvida? Do ponto de vista sanitário, econômico
e social?' Não", disse.
"Mas
certamente a probabilidade de, em outubro, nossa situação ser muito melhor do
que essa situação a partir de 15 de agosto, para mim é um dado da realidade. É
por isso que eu defendo o adiamento. Mas depende de 308 deputados e
deputadas."
Continue lendo
Maia afirmou que
está dialogando com os partidos para tentar conseguir um consenso. "Tá
avançando, né? Hoje alguns partidos já avançaram e vamos ver se até a próxima
semana nós conseguimos pelo menos ter a garantia da votação e cada um votando
com sua consciência", disse.
"Não estou
aqui para pressionar, para atropelar. O diálogo é o que resolve os problemas na
Câmara dos Deputados."
Apesar da
articulação do presidente da Câmara por um acordo, há grande resistência dentro
de legendas de centro. Bancadas de partidos como MDB, PP, PL, DEM, Republicanos
e PSL estão rachadas sobre o adiamento. Somadas, as legendas têm 216 deputados
--de um total de 513 da Casa.
Para passar na
Câmara, a proposta precisa ser aprovada pelo plenário em dois turnos e obter o
apoio de pelo menos três quintos dos deputados (308 votos) em cada votação.
Depois disso, é
promulgada pelo Congresso.
Conforme o texto
aprovado pelo Senado na terça-feira (23), o primeiro turno das eleições seria
adiado de 4 de outubro para 15 de novembro. O segundo turno do pleito passaria
de 25 de outubro para 29 de novembro.
Parlamentares
criticam a decisão do Senado de começar a tramitação pela Casa. Eles argumentam
que, como a resistência é maior na Câmara, que é mais municipalista e onde há
mais interesse nesse período eleitoral, o debate deveria ter sido esgotado
primeiro entre os deputados.
Inicialmente, a
intenção do presidente da Câmara é levar a PEC para votação direto em plenário,
como ocorreu com a única outra PEC votada virtualmente, a do Orçamento de
Guerra.
Maia, porém,
rejeitou colocar o texto para votar antes de conseguir um consenso com os
líderes. "Essa é uma construção coletiva, estamos dialogando. Essa questão
de 'vou votar de qualquer jeito', 'não vou votar de jeito nenhum'...eu acho o
pleito do TSE é justo, o Senado já votou. O correto é que a Câmara possa
avançar na votação", afirmou.
Um dos
principais argumentos usados por congressistas que defendem a manutenção das
datas do calendário do TSE é a falta de consenso sobre quando haverá, de fato,
uma queda na curva da pandemia.
Alguns
especialistas falam em agosto e setembro, enquanto outros só veem uma melhora a
partir de outubro. Além disso, a pandemia atinge os municípios de maneira
diferente, como ressaltou o próprio Maia em entrevista na semana passada.
Sem uma clareza
sobre quando seria seguro realizar os dois turnos, eles avaliam que adiar para
novembro ou dezembro seria inócuo.
Por trás do
impasse há ainda a tentativa de alguns congressistas do centrão --grupo formado
por partidos como PP, PL e Republicanos-- de tentarem unificar a eleição
municipal com o pleito de 2022.
A proposta é
rechaçada pelo presidente do TSE, o ministro Luís Roberto Barroso, que descarta
qualquer medida que prorrogue mandatos de prefeitos e vereadores. Em maio, o
ministro afirmou que unir eleições municipais e nacionais traria um
"inferno gerencial" ao TSE.
Enquanto não há um cenário claro sobre a votação da
PEC na Câmara, alguns deputados alertam para a aproximação de alguns prazos
importantes estabelecidos pelo TSE. A partir de 4 de julho, por exemplo,
ficaria proibida a transferência voluntária de recursos da União aos estados e
municípios e dos estados aos municípios. É a mesma data também para
desincompatibilização de servidores públicos.
EM TEMPO: O ministro Luís Roberto Barroso, Presidente do TSE, quer ampliar o prazo de propaganda eleitoral por conta da Pandemia COVID 19, mas uma parcela dos deputados federais resistem porquê eles querem eleger seus apadrinhados nos municípios brasileiros. Quanto menos mobilidade da oposição, mais chance de reeleição dos atuais vereadores e prefeitos. Agora durmam com essa esperteza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário