segunda-feira, 22 de junho de 2020

Generais criticam presença de oficiais da ativa no governo



ESTADÃO - Tânia Monteiro


© Werther Santana/Estadão O presidente Jair Bolsonaro e o general Luiz Eduardo Ramos.

BRASÍLIA – O discurso de distanciamento das Forças Armadas da política é prejudicado pela presença de militares da ativa na gestão Bolsonaro. Os ministros da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e da Saúde, Eduardo Pazuello, por exemplo, são generais da ativa.

O entendimento geral nas três forças é de que o escolhido, ao assumir o posto de natureza civil, deveria pedir transferência para a reserva. Ramos disse, recentemente, que pretende aposentar a farda para se dedicar à articulação política do governo.

Estadão revelou que 2,9 mil militares da ativa ocupam cargos no Executivo. São 1.595 integrantes do Exército, 680 da Marinha e 622 da Força Aérea. A reportagem levou o Tribunal de Contas da União (TCU) a decidir contar quantos militares ocupam cargos na administração Bolsonaro, além de fazer uma tabela comparativa da atual gestão com as de Michel Temer e Dilma Rousseff.

“Respeito a decisão da maioria do Tribunal. Mas também não seria importante saber quantos médicos e engenheiros tem no governo? Quantos homens e mulheres? Quantos indígenas, negros, pardos e brancos? Digo com propriedade que militares são cidadãos fardados que mesmo na reserva continuam servindo ao País. Diante disso questiono: há algum problema com os militares?", perguntou Ramos, em postagem nas redes sociais, no último dia 18.

De qualquer forma, há também incômodo, na Marinha e na Aeronáutica, com a nomeação do pessoal da ativa para trabalhar no Planalto e na Esplanada, e com a tentativa de Bolsonaro de colar sua imagem à das Forças Armadas. Em fevereiro, o presidente convocou o almirante Flávio Rocha para assumir uma assessoria especial no seu gabinete. Atualmente, o oficial executa várias tarefas para ajudar Bolsonaro a solucionar problemas, principalmente os políticos.

A presença de Rocha no gabinete presidencial preocupa a Marinha. Das três forças, a Aeronáutica é a que tem menos pessoal da ativa no governo. A maior apreensão, atualmente, é com uma onda de manifestos de militares da reserva a favor de Bolsonaro e contra o Judiciário e o Congresso. Embora afastados do dia a dia da força, os oficiais aposentados da Força Aérea Brasileira (FAB) acabam sendo vistos como representantes da instituição.

Na última quinta-feira, o texto “504 Guardiões da Nação”, que circulou nas redes, contava com 243 militares da reserva, a maioria da FAB, aí incluídos seis tenente-brigadeiros, ex- integrantes do Alto Comando da Aeronáutica.

EM TEMPO: O que nos deixa perplexos é assistir diversos militares da ativa e da reserva se posicionarem a favor de Bolsonaro, ex-militar indisciplinado, emocionalmente instável, culturalmente despreparado, o qual foi expulso do Exército. Já dizia o ex-presidente ditatorial Ernesto Geisel que Bolsonaro era um mal militar. Para arrefecer os espetáculos, as bravatas e a brabeza de Bolsonaro, a solução consiste no desembarque dos militares do governo. Afinal, Bolsonaro age, indevidamente,  com a "pólvora dos militares". Agora durmam com essa bronca

Nenhum comentário:

Postar um comentário