Organizar a luta popular contra a política genocida e golpista de
Bolsonaro e Mourão.
Nota da Comissão
Política Nacional do Partido Comunista Brasileiro (PCB)
O Brasil avança
rapidamente para se tornar o novo epicentro da pandemia do novo Corona Vírus. Em
19.05.2020, chegamos à assustadora marca
oficial de quase 20 mil mortos, mais de 250 mil infectados e cerca de 800
óbitos diários. Em várias cidades o sistema público de saúde já entrou em
colapso, com sua capacidade de leitos de UTI totalmente ocupada e milhares
profissionais da saúde infectados.
Apesar dos números
alarmantes, o governo Bolsonaro/Mourão segue em sua cruzada para espalhar o
caos e a barbárie, estimulando manifestações dos grupos de extrema-direita em
todo o país, com suas carreatas da morte e atos em favor da abertura do
comércio e da intervenção militar. Bolsonaro continua pregando o fim do
isolamento social e a utilização da cloroquina como medicamento para combate ao
vírus, demitiu mais um ministro da Saúde e desafia permanentemente os limites
da já combalida institucionalidade burguesa.
O presidente genocida
reúne-se com os capitalistas da FIESP convocando uma guerra aberta contra os
governadores e prefeitos que adotam medidas de isolamento horizontal, promove
marcha com empresários para invadir e atentar contra o STF, participa de
manifestações públicas desafiando as normas de segurança sanitária, além das
ameaças constantes às liberdades democráticas duramente conquistadas na luta
contra a ditadura empresarial-militar de 1964-1985.
O governo continua
sabotando o pagamento da renda básica aos trabalhadores e trabalhadoras sem
condições mínimas de sobrevivência, impondo sofrimento e dificuldades,
atrasando a liberação do dinheiro e provocando as filas da fome em frente às
agências da Caixa Econômica Federal. Todas essas ações visam criar uma
conjuntura de caos na qual possa se apresentar como solução autoritária para a
crise política por ele mesmo fabricada.
GOVERNO CHAFURDA EM
ESCÂNDALOS DE CORRUPÇÃO
Explodem novos
escândalos de corrupção demonstrando que as movimentações de Bolsonaro têm o
propósito de desviar a atenção da opinião pública e de paralisar as
investigações em curso contra si mesmo e sua família. A recente entrevista do
empresário Paulo Marinho, ex-apoiador do presidente genocida, põe a nu as
relações promíscuas do clã Bolsonaro com setores da Polícia Federal e as tramas
para garantir a eleição de Bolsonaro. Marinho denunciou que, ao final do primeiro
turno das eleições de 2018, Flávio Bolsonaro foi avisado do andamento das
movimentações da PF e em particular da Operação Furna da Onça, que investigava
os esquemas criminosos do ex-governador Sérgio Cabral e que chegara a Fabrício
Queiroz, capanga do primogênito do então candidato à presidência. O escândalo
foi abafado para não prejudicar a eleição no segundo turno.
Há também o caso da
compra superfaturada e sem licitação de cloroquina em pó pelo Exército, que
pagou 6 vezes mais pelo medicamento, em comparação com a compra anterior feita
pelo Ministério da Saúde em 2019. O esquema fraudulento e as relações de
Bolsonaro com empresário dono de laboratório fabricante do remédio, de eficácia
não comprovada no combate ao Covid-19 e causador de efeitos colaterais,
evidenciam as razões para a insistência do presidente genocida na propaganda em
favor do uso do medicamento, algo que é divulgado pelos seus seguidores por
meio da rede nacional de notícias falsas.
Ao mesmo tempo em que
acena com ameaças golpistas para tentar barrar a apuração das denúncias e
impedir o avanço das investigações, Bolsonaro investe num rearranjo político
com o Centrão, grupo de parlamentares reacionários e oportunistas, praticantes
da velha política burguesa do “toma-lá-dá-cá”, oferecendo cargos em escalões do
governo para garantir apoio mais sólido no Congresso, atitude esta que
contraria frontalmente o discurso moralista e anticorrupção que o levou ao
governo.
Em paralelo a tudo
isso, Mourão, ao dizer em artigo que a pandemia é uma questão de segurança
pública, se apresenta para as classes dominantes como alternativa à crise
política, defendendo abertamente um governo ainda mais centralizador,
“disciplinador” das instituições e controlador da imprensa e fiador da
“garantia da ordem”, acenando com mais repressão para conter possíveis reações
populares ao quadro caótico da pandemia, agravado pelas medidas do governo a
que ele pertence e do qual é cúmplice.
CONTRA A POLÍTICA
ASSASSINA, IMPEACHMENT JÁ E ORGANIZAÇÃO POPULAR!
Apesar das diferenças
na condução das políticas de combate à pandemia, o Governo Bolsonaro/Mourão, a
imensa maioria do Congresso Nacional e governadores seguem unidos na aprovação
de medidas contrárias aos direitos da classe trabalhadora, para atender
unicamente aos interesses das frações hegemônicas da burguesia brasileira e do
capital internacional.
O Congresso Nacional
aprovou, contando inclusive com votos favoráveis de toda a bancada do PT no
Senado, a PEC 10/2020, golpe financeiro que permite ao Banco Central gastar trilhões
de reais para comprar papeis podres dos bancos privados, mandando a conta para
o povo trabalhador pagar, na forma do aumento da dívida pública. Além disso, a
MP 910 (MP da Grilagem) virou Projeto de Lei 2633 e pretende regularizar terras
da União ocupadas por grileiros desde 2012, principalmente na Amazônia, onde
derrubaram matas, provocaram incêndios, invadiram florestas, parques nacionais
e territórios indígenas, para os transformar em pastagens ilegais voltados à
criação de gado.
Prosseguem os ataques
aos trabalhadores, por meio do congelamento salarial dos servidores federais,
estaduais e municipais, além da ratificação das medidas que permitem redução de
salários e mais demissões. Várias empresas que recorreram à ajuda do governo
prevista na MP 936, suspendem contratos para receber o auxílio governista, mas
obrigam seus funcionários a seguir trabalhando. Outras anunciam demissões em
massa.
A crise econômica se
aprofunda radicalmente: já são muito mais que 13 milhões de desempregados, 40
milhões na informalidade e 30 milhões na miséria absoluta. Ao contrário do que
afirma a mídia burguesa, a pandemia não tem nada de democrática: atinge
principalmente as comunidades proletárias, os pobres, negros e negras, povos
indígenas, onde os serviços públicos de saúde, saneamento, água e esgoto não
chegam há tempos, em decorrência das políticas criminosas de privatização e
destruição dos direitos sociais para beneficiar apenas os lucros capitalistas.
Diante deste quadro
conjuntural adverso, o PCB vem participando das articulações em torno do pedido
de impeachment de Bolsonaro, iniciativa coordenada por organizações e entidades
ligadas a movimentos populares sociais e populares, com apoio de partidos da
oposição, porque entendemos que barrar a política genocida do governo federal é
a tarefa mais urgente da classe trabalhadora na atual conjuntura.
A assinatura do PCB e
dos nossos coletivos na petição do impeachment parte da premissa de que é uma
obrigação dos comunistas agir sobre todas as possibilidades capazes de acelerar
as contradições internas do bloco dominante e que contribuam para fragilizar a
extrema direita, abrindo caminho para a mobilização de massas, de forma a
fortalecer a luta mais consequente dos partidos e organizações que apostam na
alternativa anticapitalista e anti-imperialista.
Esta decisão tática não significa ilusão alguma em relação ao vice-presidente,
que é do mesmo campo político reacionário do presidente e, como este, servil
aos interesses da burguesia brasileira e do imperialismo estadunidense. Tanto
um como outro são inimigos dos trabalhadores e, por isso, seguiremos firmes em
nosso projeto estratégico de acumular forças para a conquista do poder popular
e do socialismo em nosso país, qualquer que seja a conjuntura.
EM DEFESA DO EMPREGO
E DA RENDA BÁSICA
O PCB privilegia a
luta de massas, para além das ações no campo institucional. É preciso responder
à conjuntura buscando organizar, mesmo na quarentena, grupos, comitês e espaços
que potencializem a construção de um programa da classe trabalhadora e da
contraofensiva popular, na perspectiva de realizar, em futuro próximo, atos
massivos contra os novos ataques que virão e em defesa dos direitos da classe
trabalhadora e das liberdades democráticas. A necessária unidade de ação contra
as medidas ultraliberais, o golpismo e as ameaças fascistas exige, mais do que
nunca, a independência política da classe trabalhadora.
Devemos participar
das iniciativas de auto-organização dos trabalhadores e trabalhadoras, por meio
da formação de brigadas de solidariedade, comitês populares de luta por
direitos e de autodefesa contra o fascismo, além de fortalecer associações e
movimentos populares, entidades estudantis e sindicatos classistas. Vamos
intensificar a tarefa de agitação e propaganda contra a política de terra
arrasada do governo, pela deslegitimação do discurso neoliberal, em defesa dos
serviços públicos, contra todos os inimigos do povo trabalhador e por uma
alternativa que abra espaço para o poder popular e o socialismo.
É hora de organizar
as lutas por meio dos nossos coletivos, juntamente com o Fórum Sindical,
Popular e de Juventudes por Direitos e Liberdades Democráticas, com a Frente
Povo Sem Medo, movimentos populares e em articulação com organizações políticas
do campo democrático e da esquerda socialista.
– POR UMA CAMPANHA
NACIONAL CONTRA O DESEMPREGO E EM FAVOR DO PAGAMENTO DA RENDA BÁSICA PARA
TODOS(AS) OS(AS) TRABALHADORES(AS).
– PELA FORMAÇÃO DE
COMITÊS EM DEFESA DA RENDA BÁSICA E DO EMPREGO.
– POR UMA AÇÃO
CONJUNTA COM AS BRIGADAS ANTIFASCISTAS NAS PRINCIPAIS CIDADES BRASILEIRAS.
FORA
BOLSONARO/MOURÃO! IMPEACHMENT JÁ!
ORGANIZAR A LUTA
POPULAR POR DIREITOS E PELAS LIBERDADES DEMOCRÁTICAS!
PELO PODER POPULAR NO
RUMO DO SOCIALISMO!
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